Estamos publicando o Ranking Brasileiro de Maratonistas 2008, tendo como referência nossas provas oficiais e o tempo-limite para ingresso nessa listagem seletiva. As maratonas consideradas foram as de Santa Catarina (em Florianópolis), Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, das Águas (em Foz do Iguaçu) e Curitiba. Os tempos-limite aparecem no quadro e cada pessoa entra no Ranking com seu melhor resultado em uma dessas 6 provas.
Todas as maratonas brasileiras tiveram crescimento no número de concluintes em 2008, em relação a 2007, como se pode constatar no quadro respectivo. Foi um avanço significativo em algumas, como as de Floripa e de Foz, mas por razões específicas; a primeira teve sua data alterada em 2007 duas vezes, o que afugentou participantes; a segunda estreava no ano retrasado e naturalmente muitos corredores não se sentiram confiantes em para lá se deslocar.
Por essas razões, as maratonas de Floripa e de Foz acabaram tendo um grande salto em número de concluintes. Mas mesmo as demais mostraram números crescentes, o que seria revelador de um maior interesse dos brasileiros pelo desafio dos 42 km.
E não se pode deixar de destacar que as maratonas brasileiras estão no mesmo nível técnico das melhores lá de fora, faltando apenas uma maior festa, em parte decorrente do número ainda restrito de participantes, quando comparadas com as provas mais conhecidas do exterior.
Para tanto a revista vem defendendo a tese das largadas logo cedo pela manhã e um clima mais festivo e atencioso para com os corredores. Enfim, é necessário se estimular e tratar muito bem quem se propõe a correr 42 km.
NÚMEROS POSITIVOS. No total, terminaram, em 2007, 6.868 corredores as nossas 6 maratonas oficiais. Já em 2008 esse número saltou para 8.056, sendo que 3.848 (3.173 em 2007) conseguiram ingressar no Ranking (47,7%, contra 46,1% em 2007). Ou seja, é um ranking seletivo, sem dúvida, mas bastante acessível, em que se procura prestigiar aqueles que se dedicam aos treinamentos em busca de melhor performance. Dessa forma, é possível dizer que quase 4 mil corredores mostraram no Brasil serem maratonistas que entram nas competições devidamente treinados.
Com base nesses números pode-se estimar que tenhamos em torno de 7 mil maratonistas no país (muitos dos 8.056 que terminaram em 2008 fizeram mais de uma das 6 provas), podendo-se acrescentar talvez mais mil que dão preferência a correr apenas maratonas no exterior. Aliás, a decisão de contar para o Ranking apenas as provas brasileiras tem como objetivo valorizar nossas maratonas, que, como já dissemos inúmeras vezes, nada ficam devendo em termos organizacionais ao que se vê de melhor no exterior.
Após selecionados os 3.848 resultados passíveis de ingresso no Ranking, foi realizado o filtro de se considerar apenas um resultado (o melhor) por corredor, o que acabou reduzindo a lista final para 3.173 participantes, contra 2.724 no ano anterior, um aumento de 16,5%.
E na pesquisa realizada pela revista para a elaboração e envio dos Diplomas de Maratonistas aos assinantes, constata-se que da listagem de ingressantes no Ranking 2008, nada menos que um terço é assinante!
BRASILEIROS NO EXTERIOR (CONCLUÍNTES EM 2008)
A procura pelos brasileiros por maratonas no exterior tem a ver principalmente com dois aspectos: condições favoráveis para resultados e turismo. Durante muito tempo, Nova York reinou absoluta na preferência, mas nos últimos anos ela perdeu sua liderança em parte pelas dificuldades para ingresso nos Estados Unidos e também pelas restrições de inscrição, o que não acontece com Chicago.
De cinco anos para cá a maratona parisiense foi a que mais cresceu em número de brasileiros, também porque a prova em si vem tendo números gerais em constante subida. O mesmo vale para Berlim, onde é fácil se inscrever e não há problemas burocráticos de visto. Mais recentemente Buenos Aires passou a interessar os brasileiros, pela vantagem do custo mais acessível e também porque a prova ganhou por uma melhora na organização.
De qualquer forma, em comum entre todas essas maratonas está, além do turismo, a busca de um bom resultado, facilitado pelo clima e percursos planos ou quase planos. Por isso mesmo que a Contra-Relógio vem sugerindo aos organizadores brasileiros, que queiram tem mais participantes, que façam largadas bem mais cedo, de forma a estimular (ou não penalizar) a presença de corredores medianos e lentos, que são absoluta maioria, e que acabam por correr a segunda metade da maratona com temperaturas elevadas. Sem contar ainda com outra enorme vantagem da largada mais cedo, que é o bem menor transtorno para o trânsito da cidade.
Esta posição da revista está voltada especialmente para as maratonas de Floripa, Rio, Foz e Curitiba, uma vez que em Porto Alegre é praticamente certo que se correrá em temperatura fria, independente se a prova sai às 6 ou às 8h. Já São Paulo é um caso à parte, pela questão do televisionamento ao vivo pela Rede Globo, só não sendo ainda mais prejudicial aos participantes lentos, graças ao mês em que acontece, tradicionalmente com temperaturas agradáveis.
PARTICIPAÇÃO DE CADA MARATONA NO RANKING
O gráfico é informativo e objetivo, sabendo-se, por exemplo, que a maratona que teve mais resultados selecionados para o Ranking foi a de São Paulo. Contudo, isso é decorrente principalmente de ser essa prova a que mais inscritos conta, uma vez que nem metade dos concluintes conseguiu ser selecionado. Na outra ponta estão Foz e Floripa, cujos participantes obtiveram altos índices de ingresso no Ranking, mas que revelam número modesto de corredores.
Ou seja, o que queremos dizer é que não é possível fazer uma relação entre essa participação e as condições que cada prova apresenta para bons resultados. Nesse sentido, Curitiba oferece uma boa e ampla premiação em dinheiro, atraindo maratonistas competitivos (e rápidos), que conseguem lá por vezes suas melhores marcas, apesar do percurso desfavorável e largada não muito cedo.
APELO-SUGESTÃO DA CONTRA-RELÓGIO AOS ORGANIZADORES DE MARATONAS BRASILEIRAS
A revista tem defendido que as largadas de nossas maratonas sejam mais cedo, principalmente daquelas em que é maior a possibilidade de realização da prova com temperaturas elevadas (acima de 25 graus), prejudicando os corredores medianos e mais lentos, na segunda metade da prova.
Para quem é maratonista é alguma coisa óbvia, mas nem sempre os organizadores conseguem compreender a importância desse detalhe, achando normal que alguém corra por 4 ou 5 horas, com sol forte e termômetros marcando até 30 graus.
Mesmo com o crescimento de todas as nossas maratonas no ano passado, a revista considera que essa evolução poderia ser bem mais acentuada se as provas tomassem a atitude de antecipar em 1 hora ou mais a largada, além do benefício para o trânsito da cidade.
Para ajudar os organizadores a entender o quanto a questão da temperatura afeta os corredores (muito mais do que a altimetria do percurso), vamos exemplificar com um caso recente do editor da CR.
O editor costuma realizar um treino de aproximadamente 21 km e na primeira semana de dezembro assim o fez, mas começando apenas às 8h30, com temperatura de 22 graus, terminando 2h15 depois, quando os termômetros marcavam 28 graus.
Na semana seguinte Tomaz repetiu o treino, mas iniciou às 7 horas, com temperatura de 16 graus, e quando voltou estava apenas 22 graus. O resultado: ele terminou exatamente o mesmo percurso no tempo de 2 horas! Um ganho de 15 minutos em uma meia-maratona!
Este exemplo é bem real, como já constataram os corredores experientes e não por acaso muitos maratonistas brasileiros preferem participar de provas no exterior, onde as condições climáticas são mais favoráveis, em função de acontecer na primavera ou outono, do hemisfério norte.
Dessa forma, a Contra-Relógio faz um apelo-sugestão aos organizadores, notadamente das maratonas de Floripa, Rio, Foz e Curitiba, para que realizem a largada feminina (geral e não apenas elite) às 6 ou 6h30 e a geral masculina meia hora depois.
Assim agindo, será muito maior a procura pelas inscrições, os participantes conseguirão resultados mais rápidos, haverá menos necessidade de atendimento médico, os patrocinadores/apoiadores ficarão mais satisfeitos pelo maior contingente de corredores em seus eventos, e o trânsito da cidade agradecerá, criando uma imagem positiva para a maratona.
A Contra-Relógio, em nome dos 8 mil maratonistas brasileiros, agradece desde já as provas que se sensibilizarem com a proposta, para que talvez na edição de janeiro de 2010 possamos apresentar um Ranking Brasileiro de Maratonistas com o dobro de participantes.