19 de maio de 2024

Contato

Performance e Saúde admin 4 de outubro de 2010 (2) (95)

Bebidas energéticas ajudam ou prejudicam os corredores?

Em primeiro lugar, é importante que não se confundam as bebidas energéticas com as esportivas (como All Sport, Esportage, Gatorade, Marathon e Powerade). Estas são isotônicas, ou seja, contêm as mesmas proporções de nutrientes encontradas normalmente em nosso sangue. Já as bebidas energéticas são hipertônicas, com quantidades de nutrientes em concentrações superiores à do sangue, e por isso geralmente provocam mais sede.

Isto significa que, enquanto as bebidas esportivas têm como principal finalidade repor líquidos, carboidratos e eletrólitos durante e após os exercícios, as energéticas (como Adrenalinrush, Atomic, Bad Boy, Burn, Cocaine, Flying Horse, Monster, Powerhouse e Red Bull) não devem ser utilizadas com a finalidade de matar a sede. As mesmas têm uma composição diferenciada, que varia de acordo com a marca, e que geralmente inclui substâncias como cafeína, metilxantina, vitaminas do complexo B e açúcares, além de componentes herbais exóticos, como guaraná, ginseng, maltodextrina, inositol, taurina, carnitina, creatina, glicuronolactona e ginkgo biloba. 

Apesar da combinação de nutrientes nas latinhas, o ingrediente mágico das fórmulas parece ser o marketing, que conseguiu aumentar as vendas das bebidas energéticas em 80% após 2004, principalmente entre jovens, devido às estratégias agressivas que incluem patrocínio de atletas e apoio aos eventos culturais em todo o mundo. Apesar de já movimentarem cerca de 20 bilhões de dólares ao ano em quase 130 países e em diferentes segmentos, o foco volta-se cada vez mais para os praticantes de esportes ou de atividades físicas em geral.

A Red Bull, por exemplo, está iniciando o Road Show, uma estratégia de marketing junto a assessorias esportivas, personal trainers e técnicos, nas principais capitais brasileiras, com o objetivo de difundir ainda mais o consumo do produto nesse meio.

OS PRINCIPAIS COMPONENTES. Por definição, bebidas energéticas são aquelas que tipicamente contêm cafeína, taurina e vitaminas e podem conter uma fonte de carboidratos e/ou outras substâncias, comercializadas com o propósito específico de fornecer melhora real ou perceptiva nos efeitos fisiológicos e/ou de desempenho. Ou seja, nem sempre as fórmulas funcionam e o efeito pode ser puramente psicológico. Entenda então como funcionam os principais componentes dessas bebidas:

Taurina: a lógica de fornecimento de aminoácidos parte do princípio que a taurina tem uma importante função na contração do músculo cardíaco, porém como a dieta brasileira é tipicamente hiperprotéica e como nosso organismo é capaz de produzir a taurina a partir de outros aminoácidos, sua deficiência não parece ser importante na população.  Os estudos na área são controversos; alguns demonstram que uma suplementação oral de taurina é capaz de aumentar a freqüência cardíaca após uma sobrecarga física estressando ainda mais o miocárdio; outras relataram que o aminoácido parece atuar como um antioxidante muscular, diminuindo o dano ao DNA causado pelo exercício extenuante. Ou seja, mais pesquisas nesta área ainda são necessárias.

Glucoronolactona: esta substância é formada, em nosso corpo, a partir da glicose e auxilia nos processos de eliminação de toxinas endógenas e exógenas. De acordo com os fabricantes, na atividade física age como um desintoxicante, diminuindo a fadiga e melhorando a performance.

Vitaminas do complexo B: são usadas pelo corpo como cofatores auxiliares que permitem que a energia seja fornecida a partir dos nutrientes energéticos. Não são componentes essenciais das bebidas, visto que uma dieta balanceada fornece estas e todas as outras vitaminas necessárias para o bom funcionamento do organismo.

Carboidratos: as fórmulas geralmente contêm açúcares de fácil absorção, que além de fornecerem energia também melhoram o sabor das bebidas. Porém, é importante ter em mente que a quantidade de açúcar presente nas bebidas energéticas (10-12%) é muito superior ao das bebidas esportivas (6-8%) e, concentrações elevadas de açúcar diminuem a absorção de água pelo corpo, fazendo com que estas bebidas não cumpram a função de hidratar, especialmente durante exercícios prolongados e vigorosos.

Cafeína: substâncias como o guaraná, usualmente presente nas bebidas energéticas, são as principais fontes de cafeína do produto. A cafeína é uma substância com efeito comprovadamente ergogênico, ou seja, que tem a capacidade de melhorar o desempenho físico e cognitivo, já que aumenta o fluxo sanguíneo para músculos e para o sistema nervoso central, principalmente em indivíduos que praticam exercícios prolongados, como maratonas e triatlo.

Em média, uma lata com 237 ml fornece cerca de 80mg de cafeína, que é a mesma quantidade encontrada em meio litro de café. Porém esta quantidade varia, podendo ultrapassar 300 mg de cafeína por lata de bebida energética.

ALTERNATIVA À COCAÍNA. A Red Bull foi a primeira marca a entrar em vários países, inclusive no Brasil, e é o líder em vendas, porém não é o produto mais polêmico do mercado. O Cocaine, bebida altamente cafeinada (200mg/lata), é vendido por seu inventor, James Curby, como "uma alternativa legal ao uso da cocaína".

Apesar de alguns acharem o slogan engraçado, especialistas em saúde e entidades governamentais consideram o nome abusivo. Além disso, avaliam como sendo muito elevadas as quantidades de nutrientes por porção e, já que o uso indiscriminado a longo prazo ainda não é bem compreendido, em 5 de maio de 2007, a bebida foi banida do mercado norte-americano, mas ainda pode ser encontrada sendo vendida ilegalmente na internet. O fabricante (Redux Beverages) o relançou em 17 de junho de 2007 com o nome temporário "Insert Name Here:", já que a empresa luta na justiça para reaver a antiga marca.

Apesar de bebidas energéticas não serem prejudiciais se utilizadas com moderação e em situações apropriadas, é importante saber optar por marcas que não apresentem concentrações abusivas de nenhuma substância, além de entender como nossos corpos podem reagir com o uso das mesmas.

De acordo com a legislação brasileira, as bebidas energéticas podem ter a adição de cafeína como ingrediente no limite máximo de 350 mg/ L. Os seguintes ingredientes também são permitidos, conforme os limites máximos no produto a ser consumido: inositol (20 mg/ 100 mL), glucoronolactona (250 mg/100 mL), e taurina (400 mg/ 100 mL).

A mais importante destas substâncias é definitivamente a cafeína, que além dos efeitos ergogênicos parece também aumentar o consumo de lipídios pelo corpo, poupando as reservas de carboidratos, o que é muito importante em exercícios de longa duração.

Porém, assim como muitas outras substâncias, o que é bom em quantidades pequenas é ruim em quantidades exageradas. Ou seja, apesar da cafeína aumentar momentaneamente a performance física e mental, o consumo abusivo na maioria das vezes prejudica o desempenho, já que pode causar tremores, desordens do sono e problemas gastrintestinais.

Veja mais:
Estímulo Perigoso

Veja também

2 Comments on “Bebidas energéticas ajudam ou prejudicam os corredores?

  1. eu não achei o que prescisava.
    mas este site e muito bom!!!
    eu vou mostrar para uma amiga que ela prescisa deste site

  2. Usei um energético/termogênico ha alguns anos, a quantidade de inositol era de 200mg/100ml, a indicação era de 50ml antes das atividades, pelo que li no artigo, essa dosagem está acima da permitida, ou no caso de termogênicos é liberada? Quais são os efeitos colaterais em superdosagem de inositol? Muito esclarecedor,obrigada.

Leave a comment