POR LUCIANO MARTINS | @luciano_vmartins

O dia 14 de novembro é o Dia Mundial do Diabetes, uma iniciativa anual lançada pela Federação Internacional de Diabetes (FID) e suas associações-membro para ampliar a consciência global e chamar atenção quanto às questões de grande importância no universo do diabetes. O Brasil tem atualmente mais de 14,3 milhões de pessoas com diabetes, representando cerca de 7,7% da população, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. A projeção é de que 23,3 milhões de pessoas desenvolvam a doença no país até 2040.

Existe algum problema em correr tendo diabetes? Claro que não. A corrida ajuda a melhorar os níveis de glicemia no organismo da pessoa com essa doença crônica. E o que é Diabetes Mellitus (DM)? É uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus efeitos, causando, portanto o aumento de açúcar no sangue. O diabetes acontece porque o pâncreas não é capaz de produzir o hormônio insulina em quantidade suficiente para suprir as necessidades do organismo. A insulina proporciona a redução da glicemia ao permitir que o açúcar que está presente no sangue possa penetrar dentro das células, para ser utilizado como fonte de energia. Caso ocorra a falta desse hormônio haverá aumento de glicose no sangue, que resultará no diagnóstico da diabetes.

Existem basicamente dois tipos de diabetes. O insulinodependente, conhecido como diabetes tipo 1 ou simplesmente DM1, onde a produção de insulina no pâncreas é insuficiente, pois suas células sofrem uma destruição autoimune. Portadores deste tipo de diabetes necessitam injeções diárias para manterem equilibrada a glicose no sangue. O outro tipo existente é o não insulinodependente, conhecido como diabetes tipo 2 ou DM2, correspondendo a 90% dos casos. Esta geralmente ocorre em pessoas obesas e sedentárias. Na DM2, ainda encontra-se insulina, mas sua secreção é dificultada pelos motivos citados.

Os principais sintomas da diabetes são: fadiga; emagrecimento rápido; muita sede; vontade frequente de urinar; visão turva; aumento do apetite; dificuldade de cicatrização.

Já os fatores de risco que poderão desencadear a diabetes são: histórico familiar de DM; sedentarismo; colesterol elevado; hipertensão arterial; utilização de medicamentos que aumentem o índice glicêmico.

A melhor forma de prevenir a doença é com estilo de vida saudável. Praticar atividades físicas regularmente mostra-se um grande aliado, manter uma alimentação saudável e controlar o peso corporal são comportamentos essenciais que evitam não apenas o diabetes, mas outras doenças crônicas também. A atividade física para quem possui DM é sempre receitada e incentivada pelos médicos, pois já se sabe que ela traz grandes benefícios para o controle da glicemia e outras doenças associadas. O exercício melhora o aproveitamento da glicose pelos músculos, reduzindo assim as doses dos medicamentos utilizados. Além de também aumentar o condicionamento físico, sensação de bem estar e autoestima.

Para iniciar a correr, sendo portador de diabetes, o ideal é consultar primeiramente com o médico responsável pelo tratamento para obter sua opinião, pois além da modificação das doses de insulina, é necessário também acertar a alimentação para fugir da hipoglicemia, baixa de açúcar no sangue. Tendo esse cuidado inicial já é possível iniciar a prática da atividade física.

Muitas pessoas iniciam a prática da corrida por um tratamento de saúde, e comigo não foi diferente. Com o passar do tempo, o que era um “tratamento”, tornou-se e um hobby. À medida que praticamos a corrida, notamos o melhor controle da glicemia. E isso me motivou muito a continuar.

Já realizei diversas provas, dos 3km até Iroman. No início da prática tinha bastante dificuldade com a queda da glicose, porém fui aprendendo a controlar relativamente bem a questão. Ingeria géis de carboidratos em determinados intervalos, o que me dava autonomia em meus treinos.

Tenho ótimas provas realizadas, algumas mais marcantes como a Volta à Ilha que realizei ao lado de um grupo de diabéticos da ADJ, Associação de Diabetes Juvenil. O grupo era composto por atletas, em sua maioria diabéticos, de diversos lugares do Brasil para percorrer os famosos 140 km, em revezamento.

Para não falar de todos as provas que já participei, vou destacar o Ironman por ser a prova mais longa que já realizei. Esta já é uma prova difícil para quem não possui diabetes. Então para quem tem é um desafio a mais. Como controlar e monitorar a glicemia nas três modalidades? Com o decorrer do tempo, vamos ganhando experiência com a diabetes. E assim vamos sabendo como conduzir. Ela não muda muito a rotina de prova, pois também temos que suplementar da mesma forma que o restante dos atletas, mas digo que o cuidado e atenção devem ser bem maiores.

Então, como digo, a diabetes, desde que esteja bem controlada, não nos impõem limite algum. Podemos ter vida normal. Bora superar!

Analista de Sistemas e discente de Educação Física, Luciano começou a se interessar pela corrida em 2011 para melhorar a saúde. Foi adicionando aos poucos outras modalidades como natação, ciclismo e outros esportes. Realizou diversas provas, nas mais diversas distâncias, principalmente de endurance. Gosta muito de desafios e adora se superar.