POR TOMAZ LOURENÇO

No intervalo de 25 anos, entre 1998 e 2023, a diferença entre os recordes mundiais de homens e mulheres em maratona passou de 14 minutos e 42 segundos para 10:44, fazendo a comparação entre a marca de Tegla Loroupe em Roterdã 1998 (2:20:47) e a de Ronaldo da Costa em Berlim do mesmo ano (2:06:05), e entre os atuais melhores tempos nos 42 km, ou seja, 2:11:53 de Tigst Assefa (no último domingo de setembro em Berlim) e 2:01:09 de Eliud Kipchoge, também na capital alemã, mas no ano passado.

Anteriormente, em 1985, a diferença entre os recordes masculino e feminino era de 13:54, referente aos resultados de Ingrid Kristiansen e Carlos Lopes, portanto pouco se alterou no intervalo entre aquele ano e o de 1998 porque a melhora tanto no recorde feminino como no masculino foi bem pequena.

Vale destacar a grande marca de Naoko Takahashi em Berlim 2001, ao ser a primeira mulher a correr os 42,2 km em menos de 2h20. Mas sua marca mundial durou apenas uma semana, porque no domingo seguinte, em Chicago, Catherine Ndereba melhorava o recorde em 59 segundos. Foi o título mais curto da história da maratona.

No extremo oposto dessa situação está a passagem do reinado de Kristiansen para Loroupe (quase 13 anos) e principalmente de Radcliffe para Kosgei, que durou 16 anos! Durante todo esse tempo foram muitos os bons resultados entre as mulheres, mas nenhum conseguindo derrubar a marca da inglesa. Aliás, quando ela conseguiu o título mundial em Londres 2003, teve ajuda de coelhos homens, o que foi permitido pela IAAF desse ano até 2013.

Situação bem diferente da que aconteceu entre os homens, desde Paul Tergat ser o primeiro a correr abaixo de 2h05. A partir de então o recorde mundial caiu 6 vezes, até o de Kipchoge em Berlim 2018 (2:01:39) e melhorado no ano seguinte.

Agora, então, além da sempre pergunta sobre quando um corredor vai completar uma maratona oficial em menos de 2 horas, surge também, depois da etíope Assefa, o questionamento: quando uma mulher vai fazer os 42,2 km abaixo de 2h10?

EVOLUÇÃO DO RECORDE MUNDIAL FEMININO NA MARATONA

EVOLUÇÃO DO RECORDE MUNDIAL MASCULINO NA MARATONA

Tomaz Lourenço é jornalista, 76 anos; lançou a revista Contra-Relógio em outubro de 1993, sendo seu editor até a última edição em abril de 2021. Correu mais de 60 maratonas no Brasil e exterior, além de 2 Comrades; seu recorde nos 42 km foi ao estrear na distância, em Blumenau 1992, com 3h04. Contato: tomazloureno1947@gmail.com