8 de maio de 2024

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Blog do Corredor Redação 21 de novembro de 2023 (0) (760)

A impecável Maratona de Jurerê, uma prova que veio pra ficar

POR JOSÉ JUNIOR | @juniordoublemarathon

Jurerê, 5 de novembro de 2023, 5:43 da manhã. Levanto a cabeça focando no pórtico de largada de mais uma maratona (seria minha 91ª da vida e 118ª prova de 42 ou mais km). Olho para frente e vejo próximo à faixa Ederson Vilela, campeão pan-americano de 10.000 metros em Lima em 2019, Gabriel Picarelli, um baita corredor, André Savazoni, o grande Alan Frank e meu amigo Célio Roberto Mendonça, que também é de São Paulo, e que estava indo para a sua 71ª maratona. Ainda bem que estou bem atrás deles, pois seria facilmente “atropelado” por esses corredores performáticos.

No momento que o locutor avisa que a largada será em 1 minuto, coloco meus óculos e sinto uma leve brisa. Pelo meu relógio vejo que fazem 15 graus na linda praia de Jurerê Internacional. Sou um corredor do calor e esse foi um dos motivadores para correr essa prova em sua primeira edição.

 Largou!! Eu e mais quase quinhentos maratonistas, cada um com sua motivação, sua história e todos com o mesmo objetivo: terminar os 42,195 km da Maratona de Jurerê | Hospital SOS Cárdio, que leva o slogan de “A maratona mais charmosa do Brasil”.

Além de charmosa (quem conhece a praia sabe do que estou falando), tenho um segundo adjetivo para ela: “Impecável!” O evento entregou muito mais do que prometeu! Uma prova impecável do começo ao fim! E, quando falo do começo, não estou falando só no quesito percurso. Isso começou muito antes.

Já na retirada do kit tudo funcionou perfeitamente. Staffs bem orientados, ativações dos patrocinadores (marcas excelentes como DUX e Oakberry) e um kit muito completo, inclusive com descontos nas marcas que patrocinaram o evento.

A organização da prova fez um belíssimo trabalho de divulgação e comunicação, e foi ousada num nível altíssimo chamando o Valmir de Carvalho, recordista catarinense de maratona (2:13:31) para ser diretor técnico do evento e desenvolver um percurso plano e muito veloz. E, como cereja do bolo, a patrocinadora master, o Hospital S.O.S Cárdio, ofereceu um prêmio de R$ 40.000,00 para quem batesse esse tempo catarinense. Ou seja, bater o recorde do próprio Valmir de Carvalho, obtido em Porto Alegre em 1994.

Para melhorar o tempo do feminino, a vencedora teria que fazer a maratona abaixo de 2:29:59.  Este feito é da Márcia Narloch, na Maratona de Hamburgo em 2003. Ou seja, uma motivação e tanto para os corredores de elite.

Para os amadores, sem foco em performance, foi delicioso correr essa prova, pois era nítido de como todo o evento foi feito de forma muito bem pensada e focada na experiência plena do corredor: hidratação a cada 2 km, staffs educados e prestativos (isso seria o básico, né? Mas não é, rs), a polícia (e a guarda local) incentivando os corredores e até os motoristas (que sempre são os mais prejudicados quando o evento fecha ruas – mesmo que parcialmente) estavam sem aquele ódio habitual que vemos nas maratonas pelo Brasil.

Quando todos esses fatores funcionam de forma plena (comunicação eficiente, percurso sinalizado e hidratação coerente para o clima – além de água, tinha isotônico DUX e Coca-Cola), você corre feliz e despreocupado. E essa felicidade é tão contagiante que cada vez que encontrava com o Célio (eu no km 4 e ele no km 8 e depois eu no 18 e ele no 26), brincávamos um com o outro e cada um seguia no seu pace (que é individual, intransferível e cada um deve se orgulhar do seu e não do amiguinho do lado). Eu sempre falo que o Célio, que também é um multi-maratonista (quem faz muitas maratonas em um curto espaço de tempo), é o Golden das maratonas! Sempre está ali correndo e muito feliz, mesmo num pace de 3:51. Deus me livre, rs…

Nós, maratonistas, sabemos que nunca é fácil correr 42 km, mas, quando a prova é redonda, tudo fica muito mais prazeroso e só sentimos a hora que a festa está quase acabando quando, nos metros finais, os outros corredores das demais distâncias (5, 10 e 21 km) ficam ali gritando e incentivando os maratonistas, inclusive minha esposa (que correu a meia maratona e ficou em 6º na categoria). Já vejo o pórtico de chegada e, pra finalizar essa delícia de prova, uma linda e gigante medalha! Que grande prova! Ano que vem tem mais!


José Junior já correu 119 maratonas e ultras pelo mundo afora, dobrou (correu 84 km no lugar dos deliciosos 42km) as seis maiores maratonas do mundo e é escritor da trilogia “O Dobro Ou Nada”, onde ele relata todos os detalhes da aventura de correr madrugada afora as Six Majors.

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