11 de maio de 2024

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Sem categoria admin 4 de outubro de 2010 (1) (66)

Estrelinhas no final; Espondilolistese; Dor Muscular; Fasciite Plantar; Cãibras; Artroscopia do Quadril

ESTRELINHAS NO FINAL
Completei duas maratonas de SP, em 2006 e 2007. Tenho 54 anos e corro desde os 45. Para as maratonas segui a planilha elaborada por Ayrton Ferreira (publicada na edição de janeiro), porém não as cumpri em sua totalidade, por falta de tempo. Meus longões giravam em torno de 28 km, uma vez por semana, e completava os 10 km em torno de 45 minutos. As maratonas foram concluídas em 4h10 em média. Consultei um cardiologista em jan/2006 e novamente em jan/2007, sendo constatada calcificação da valva aórtica, insuficiência aórtica de grau discreto e estenose aórtica de grau discreto. O cardiologista informou que poderia continuar com as corridas. Meu problema é que, nas duas maratonas em que participei, 5 minutos após a chegada senti um mal-estar com ânsia de vômito e via estrelinhas na minha frente. Esta situação durou de 3 a 5 minutos, após o que já não senti mais nada. Gostaria de saber o motivo desta situa­ção, bem como as medidas a serem tomadas, pois pretendo correr muitas maratonas.
Darlot Alves de Souza, Araraquara, SP

Antes de você se aventurar em outras maratonas, ou até mesmo em outras corridas de longa distância e treinos mais exaustivos, você necessita de uma avaliação clínica minuciosa por um cardiologista (com experiência em medicina esportiva), que certamente vai requisitar exames de sangue, teste de esforço máximo e ecocardiograma, preferencialmente colorido. Seu exame prévio detectou uma alteração na válvula da artéria aorta (calcificação), responsável pela situação de insuficiência (o sangue reflui para trás) e estenose (estreitamento da luz da artéria). As repercussões clínicas deste problema encontrado em seus exames prévios podem ser o mal-estar e a ânsia de vômitos que sentiu ao terminar sua maratona. Cuidado! Procure ajuda.

FICAR SEM CORRER?
Sou assinante da Contra-Relógio e adoro esportes em geral. Pratiquei remo, fiz ciclismo entre 86 e 95, participei da seleção brasileira no campeonato pan-americano de ciclismo e, desde 1998 faço provas de corrida de rua, 10 km, maratona, e além dos treinos de corrida, nado 3 vezes por semana. Tive uma notícia que me deixou muito chateada e desanimada, pois descobri que tenho espondilolistese grau 1. Relatório da tomografia: corpos vertebais com altura preservada; não há lesão óssea, redução do espaço discal entre L4-L5 com espondilolistese grau 1, L4 sobre L5. Consultei quatro ortopedistas; uns aconselham operar, outros indicam fisioterapia. Uma das fisioterapeutas que estou consultando diz que se não parar de correr, vou ficar em cadeira de rodas. O que faço? Não corro mais? Estava planejando fazer a Maratona de Curitiba em novembro e agora estou em um dilema; não sei viver sem atividades físicas, continuo a treinar, mas com medo de me lesionar mais.
Marta Leticia Gardenal Francez, Curitiba, PR

Calma, Marta, não vamos chegar a conclusões prematuras. Particularmente seria muito difícil eu indicar uma cirurgia em casos de espondilolistese grau 1, pelo fato de ser uma alteração em fase inicial. Mas o que me chama a atenção no seu relato é que você não mencionou por qual razão os exames foram realizados. Estava com dor? Formigamento nos membros inferiores? Rotina? Sofreu alguma queda/trauma/acidente automobilístico? Em medicina existe uma máxima que os estudantes aprendem logo no primeiro ano: "Não tratamos exames, e sim pacientes". Experimentou alguma perda de força muscular nos membros inferiores? Seus reflexos patelar e aquileu foram examinados? Estão normais? Aliás, os médicos que indicaram a cirurgia examinaram você, ou apenas leram o laudo da tomografia? O exame especifica o tipo de espondilolistese, ou apenas seu grau? São perguntas importantes que julgo necessárias para orientar você adequadamente e traçar o melhor tratamento possível neste momento. Se não estiver sentindo dores, continue a intercalar natação com corridas de rua, limite suas provas a 21 km, e fortaleça sua musculatura abdominal e lombar através de um programa de condicionamento muscular. Boa sorte.

DOR MUSCULAR
Sou corredor e assinante da Contra-Relógio há alguns anos. A última prova que fiz foi a Meia da Disney, em janeiro último, e estava planejando iniciar a preparação para minha primeira maratona esse ano. Acontece que a vida mudou repentinamente com a constatação de que meu pai tinha um câncer muito agressivo e que acabou o levando, em março, prematuramente. Durante a doença minha prioridade foi cuidar dele e da minha mãe no que podia, mas ainda conseguia um tempinho para correr, até mesmo para manter a mente sã, o que não estava fácil. Acontece que comecei a sentir uma dor incômoda na virilha esquerda após 10 ou 15 minutos de corrida, no final de fevereiro/início de março. A dor começa com um formigamento na parte interna da coxa e depois de um tempo parece que o tendão que liga a coxa à bacia dói. Tratei com antiinflamatório, gelo local, repouso durante várias semanas, mas quando tentava recomeçar a dor voltava. Procurei um médico que no exame clínico sugeriu que se tratava de algum problema muscular, que se refletia no tendão. Mandou que eu fizesse exames, mas não cheguei a fazer por não acreditar que se tratava de questão muscular. Parei por mais 45 dias e ao retornar lá estava a dor… Não sei mais o que fazer e não conheço nenhum especialista em medicina/ortopedia esportiva. Será que a dor é muscular mesmo? Porque demora tanto a ficar boa? Haveria algum médico para indicar no Rio de Janeiro? Por favor, me ajude porque eu agora preciso correr uma maratona carregando o nome do meu pai no peito.
Alexandre Karfunkelstein Lima, Rio de Janeiro, RJ

Sentimos pela perda de seu pai, e esperamos que você possa realizar seu sonho de completar uma maratona carregando o nome dele no peito. Pelo seu relato, acredito que realmente seja um problema muscular, uma lesão parcial da musculatura adutora da sua coxa (responsável pelo movimento de unir as coxas), e creio que deva investigar, através de algum exame de imagem, como o ultra-som ou a ressonância magnética. A cidade do Rio de Janeiro possui excelentes profissionais médicos da área de medicina esportiva. Procure através da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, seção Rio de Janeiro, que você vai encontrar o que precisa. Por enquanto, utilize calor local e repouso relativo da região afetada. 

FASCIITE PLANTAR
Estou me tratando para uma dor na sola do pé com analgésico, mas sem resultados. Tenho 43 anos e corro há 4 anos e isso nunca tinha acontecido. Após uma corrida de 7 km em asfalto, surgiu uma dor fraca na sola do pé. Quase não é dor e sim um incômodo ao ficar em pé muito tempo ou andar. O que mais poderia fazer para apressar a cura total, pois já dura 3 meses? Alguma pomada ou fisioterapia extra poderiam ajudar? Parei de correr, uso água quente à noite, palmilha de silicone, um alongamento leve ao levantar da cama e outro ao deitar.
Salézio Mendes, Criciúma, SC

A julgar pelo quadro clínico que você nos relatou, seu diagnóstico mais provável é uma fasciite plantar, condição de irritação da origem junto ao osso do calcanhar de uma faixa de tecido conjuntivo que temos na planta do pé, chamada de fáscia plantar, e local de inflamação por micro-traumatismos, em função da intensa tração a que é submetida devido ao caráter repetitivo das passadas durante a prática da corrida. Tema de inúmeras matérias aqui mesmo na Contra-Relógio, não creio que o uso de pomadas vá surtir algum efeito, mas a introdução de um programa de fisioterapia para diminuição da dor e realização de exercícios de alongamento seria uma boa idéia. Nestes casos, preconizo o uso de gelo no local, massagens na planta do pé com garrafas plásticas com água congelada, uso de palmilha ou calcanheira de silicone para elevação do retropé, e não recomendo caminhar descalço ou com sandálias baixas e sem um pequeno salto. Enfatize os exercícios de alongamento e a melhora virá com o tempo.

CÃIBRAS EM MARATONA
Participei de duas maratonas deste ano, sendo a primeira em Paris, para qual fiz um preparação específica (de 24 semanas) com um treinador, além de ser acompanhado por um nutricionista. Durante os treinamentos longos, 30 e 36 km, comecei a sentir uma fasciite plantar discreta, mas consegui fazer estes treinamentos sem grandes problemas. Uma semana antes da Maratona de Paris comecei a usar uma palmilha feita por um fisioterapeuta sob medida para mim. Usei esta palmilha antes da maratona em dois treinos de 10 km e nada senti. Em Paris corri os primeiros 30 km seguindo a meta de 6 minutos por km e foi relativamente fácil. Mas no km 31 comecei a sentir cãibras sem parar no quadríceps das duas pernas o que me impediu de continuar correndo até o final. Durante toda a prova fiz a reposição de água e carboidratos, seguindo o regime rigorosamente descrito pelo meu nutricionista. Sentia cãibras e tinha muita disposição para correr, mas não conseguia. A fasciite plantar não incomodou. Voltei para o Brasil e relatei estes problemas para as pessoas que me treinaram e houve um questionamento sobre o pouco tempo que eu estava usando a palmilha. Esta seria então a razão das minhas cãibras. Continuei os meus treinamentos usando a mesma palmilha para tentar uma melhor adaptação muscular durante os 50 dias de treinos para a Maratona do Rio. Só que lá o mesmo problema aconteceu de uma maneira ainda mais forte, após o km 31, com fortes cãibras. Tenho procurado explicação para o fato, mas não encontro. Alguns fisiologistas aqui em Belo Horizonte alegam que este problema pode ser devido ao tênis que uso nos longões e na maratona, um modelo com muito amortecimento, sendo recomendado para corredores mais pesados (que eu). Será que esta afirmativa é verdadeira?
Marcus Martins Guimarães, Belo Horizonte, MG

A literatura científica em medicina do esporte ainda não é consensual em relação às cãibras: inúmeras causas são apontadas como responsáveis pelo seu aparecimento, porém eu desconheço qualquer relato em relação ao uso de palmilhas ou uso de tênis com mais ou menos amortecimento. Creio que existam causas mais freqüentes e prováveis das terríveis cãibras (veja matéria especial sobre o tema na revista de agosto). De qualquer forma, você deve procurar um clínico geral com experiência em medicina esportiva para avaliar o perfil bioquímico de seu sangue (eletrólitos etc) e talvez descobrir aí alguma deficiência a ser corrigida por um nutricionista. Outra questão é seu preparo muscular. A fadiga é uma causa freqüente de cãibras, principalmente nas fases finais de treinos e provas longas. Converse com seu treinador a respeito desta questão. E tente voltar a fazer seus longos sem o uso da palmilha e com outro tipo de tênis para observar o resultado. 

ARTROSCOPIA DO QUADRIL
Primeiramente parabéns pelos artigos e informações a mim e a todos os atletas e assinantes da Contra-Relógio, que em momentos difíceis procuram orientação de um profissional competente e conhecedor da área, que inspira muita confiança e credibilidade. Gostaria de saber qual seria o tempo de recuperação e se após a cirurgia pode-se retornar aos treinamentos normalmente, para quem se submete a uma artroscopia do quadril. Diagnóstico: impacto femuroacetabular com lesão do labrum.
Adelmo Emídio da Silva, Suzano, SP

Muito obrigado pelas suas palavras de reconhecimento em relação ao nosso trabalho aqui na Contra Relógio, e esperamos sempre poder ajudar aqueles que nos procuram. Em relação à sua dúvida, a cirurgia para a correção do impacto femuroacetabular envolve a remoção de parte óssea do fêmur (osso da coxa) para que não mais agrida a superfície do acetábulo (cavidade no osso da bacia) na flexão da coxa sobre o quadril (por exemplo, quando a coxa é levantada lateralmente ou em direção ao quadril). O labrum é um prolongamento composto por cartilagem da cobertura óssea do acetábulo, e pode ser lesionado nesta movimentação anômala do fêmur. Nestes casos, a recuperação levará cerca de três meses, envolvendo a fase de fisioterapia e fortalecimento dos músculos da região para um retorno gradual e seguro às atividades esportivas.

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One Comment on “Estrelinhas no final; Espondilolistese; Dor Muscular; Fasciite Plantar; Cãibras; Artroscopia do Quadril

  1. Ola pessoal,
    Sera que temos algum corredor que tenha espondilolistese L5 S1 grau 2 por aí em atividade?. Estou sem participar de corridas desde 2006 (minha última meia) para tratamento primeiro de fascite plantar em seguida da listese.Lembro que em 1989 já havia sido encontrada por um ortopedista porém, com alguns tratamentos não tive mais problemas até que…..Hoje, faço pilatos a um ano e meio estou voltando devagar,consigo dar trotes de até 1:20 min e acho que vai dar. Mas será que alguém já passou por esta?

    Abraços
    BJM

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