8 de maio de 2024

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Blog do Corredor Tô Correndo Tomaz Lourenço 13 de dezembro de 2023 (0) (2214)

De Blumenau 1992, com 3h04, a Curitiba 2022, com 5h13, 30 anos correndo maratonas

POR TOMAZ LOURENÇO

O ano era 1992 e tinha visto um especial na TV sobre Abebe Bikila, o famoso etíope que venceu a maratona olímpica em Roma (1960) correndo descalço, tornando-se o primeiro negro africano a ganhar uma medalha de ouro nos Jogos. Em Tóquio (1964) ele repetiu seu feito, desta vez com tênis no pé. Fiquei impressionado com a história dele.

Jornalista de profissão, eu era um ciclista amador e tinha começado a intercalar algumas corridas, para variar. Em função dos vários anos na bicicleta, correr me pareceu muito fácil e logo estava treinando longas distâncias, mas não participando de provas, mesmo porque elas eram muito raras! Então, encontrei um corredor na Cidade Universitária da USP, que me falou estar se preparando para a Maratona de Blumenau, que aconteceria dali a dois meses.

Lembrando de Bikila, fiquei animado a participar, entrei no grupo desse colega, comandado pela treinadora Silvana Cole, fiz dois longos de 35 km com eles e fomos para Blumenau. Nada dormi na véspera, tal a minha empolgação, e voei nos 42 km, na “cola” de outros participantes, vício que vinha do ciclismo. Resultado: 3:04:29, 10º na faixa etária 45/49 anos.

No ano seguinte, voltei lá muito mais treinado, para minha segunda maratona e tendo como meta (obviamente…) completar em menos de 3 horas. O ônibus da equipe se perdeu no trajeto até Itajaí, onde começava a prova, e chegamos atrasados alguns minutos, com o detalhe de que naquela época não havia chip e, portanto, o tempo valia a partir do tiro de largada.

Saímos como doidos e naturalmente muitos quebraram pelo percurso. Eu até que não, mas era tanta a minha revolta com a situação, por não conseguir estimar qual seria meu tempo final, que desanimei e apenas fui até a chegada, que depois constatei ter completado em 3h07.

Apesar dessa frustração ou devido a ela, o projeto que vinha acalentando de lançar uma revista de corrida (nada existia naquela época no Brasil) foi finalizado e em outubro de 1993 surgia a Contra-Relógio, que ajudou a transformar para melhor as corridas brasileiras e a valorizar os corredores.

A partir de 1994 passei a fazer uma ou duas maratonas por ano, aqui e lá fora, quase sempre abaixo de 3h30, mas nunca mais perto do resultado da minha estreia, que se tornou o recorde pessoal. Depois, os tempos médios foram aumentando para 4h, 4h30 e 5h, sendo a última em Curitiba no ano passado, finalizada em 5h13.

Efetivamente, não sei quantas maratonas completei, talvez porque não ache importante esse número, que costuma ser a principal pergunta quando se declara maratonista: “Quantas você já fez?” Mais importante que responder que foram em torno de 50, sempre brincava que me perguntassem qual a mais legal, a mais difícil, a mais marcante etc.

De qualquer forma, assim de cabeça lembro aqui no Brasil de participações nas maratonas de Blumenau (mais de 15 vezes), Porto Alegre, Floripa, Curitiba, São Paulo, Foz do Iguaçu, SP City e Rio. Lá fora, nas de Paris, Londres, Punta del Este, Roterdã, Boston, Chicago, Santiago, Nova York e Berlim.


Pra não me estender demais, no ano passado, para comemorar meus 75 anos, resolvi fazer a do Rio. Treinei direitinho, mas por incrível que pareça, não dormi na véspera, como também tinha me acontecido (além da estreia) quando fui tentar o índice para Boston, em Chicago. Me arrastei para chegada em mais de 5h30 e naturalmente não entrei no Ranking CR.

Chateado com o resultado e me lembrando das muitas reclamações que sempre recebia de assinantes da CR que não conseguiam se ranquear, decidi ampliar em mais 15 minutos os tempos-limite do RANKING (e mesmo assim ficava de fora…). Aí tive a sorte de conseguir uma inscrição para Nova York, concedida pela New Balance, e lá fui eu.

Mas continuava fora do RANKING, então confirmei minha inscrição em Curitiba (duas semanas depois de NY), que completei em 5:13:31, e dessa forma ingressei na listagem, cuja montagem sou o responsável, já que na minha faixa etária (75/79 anos) o tempo-limite tinha passado de 5h10 para 5h25.

Neste ano, como está em outro post, optei por tirar férias dos 42 km e correr três meias: em João Pessoa (06/08), Florianópolis (Jurerê) dia 05/11 e Bonito (02/12).

Apenas como citação, aos 60 anos decidi fazer a ultramaratona Comrades na África do Sul, aos 70 correr Boston (devidamente qualificado em Porto Alegre) e, quem sabe, aos 80 voltar à mais séria e desejada maratona do mundo, para fechar minha “carreira” de maratonista.



Tomaz Lourenço é jornalista, 76 anos; lançou a revista Contra-Relógio em outubro de 1993, sendo seu editor até a última edição em abril de 2021. Correu mais de 60 maratonas no Brasil e exterior, além de 2 Comrades; seu recorde nos 42 km foi ao estrear na distância, em Blumenau 1992, com 3h04. Contato: tomazloureno1947@gmail.com

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