Especial admin 4 de outubro de 2010 (0) (81)

Som na caixa!

Corrida e música formam uma boa combinação. Com o avanço da tecnologia, que produz equipamentos cada vez mais compactos e de fácil adaptação ao esporte, e a agilidade da Internet que põe a nosso alcance uma infinidade de canções, há quem não saia nem para o aquecimento sem seu aparelhinho plugado no ouvido. Mas até seus hits preferidos ditarem o ritmo na corrida, há um caminho a ser percorrido: fazer uma boa seleção, baixar as músicas no computador, transferi-las para seu player. Não que seja difícil, mas exige uma certa base sobre o assunto para não se perder em páginas da web e downloads que nunca se completam.

"É muito simples baixar músicas para iPods e mp3 players da  Internet. Existem sites e programas próprios para esse fim. Em alguns é preciso pagar por elas (em razão dos direitos autorais), em outros elas estão disponíveis e autorizadas para downloads gratuitos", explica o DJ Burman, de São Paulo.

GOSTO NÃO SE DISCUTE. A trilha sonora ideal para correr é aquela que motiva e incentiva o indivíduo. E isto está diretamente ligado ao gosto musical de cada um. Uma pessoa que curte rock pesado certamente não vai se sentir estimulada com baladas pop. "O que se deve levar em consideração é que, em cada gênero, temos sempre variações de hits mais calmos e mais agitados, possibilitando compor uma trilha que acompanhe do aquecimento ao treino em si. É importante, no entanto, mesclar músicas de ritmo mediano às mais rápidas, buscando um equilíbrio em toda a corrida. Principalmente nos percursos mais longos, como os que ultrapassam duas horas, onde se ouve por volta de 30 músicas", aconselha Burman. Para quem não tem paciência de baixar as músicas ou não consegue montar uma playlist motivadora, ele inclusive oferece um serviço de "personal DJ". Ou seja, faz uma atenta entrevista com o corredor para identificar seu gosto musical e seu ritmo de treino, criando então diferentes seqüências, com atualizações constantes.

SOB MEDIDA PARA SEU RITMO. Você está embalado, correndo na batida pop de Rihanna com "Please Don't Stop the Music", por exemplo, e de repente entra uma música mais lenta, como "Running", de No Doubt. Sem que se dê conta, o ritmo do exercício pode cair. Então, se você gosta de correr com música deve pensar também na trilha sonora que não atrapalhe seu rendimento no treino – na maioria das vezes essa lista está montada somente em cima de gosto pessoal.

Alguns sites internacionais oferecem trilhas sonoras baseadas no BPM (batimento por minuto). O mais legal é o Running Music Mix (http://www.runningmusicmix.com/), dedicado a temas para corrida. Você encontra os mais variados gêneros – pop, rock, alternativo, new wave, dance, eletrônico -, distribuídos em treinos de: abaixo de 135 BPM (para caminhada ou aquecimento); entre 135 e 155 BPM (trote); entre 155 e 175 BPM (corrida) e acima de 175 BPM (corrida forte). Para explorar todo site e ter acesso às listas completas, faça um rápido cadastro. Em poucos minutos você recebe uma confirmação por e-mail e navega à vontade. As canções custam US$ 0,99 cada.

Já o Run2Rhythm (http://run2r.com/) traz músicas compostas especialmente para corrida, também baseadas no BPM (de 150 a 171 BPM). Nasceu da necessidade do pianista e compositor Gary Blake, que treinava para o Ironman australiano em 2006. Como os hits que ouvia em seu mp3 não combinavam com a cadência de seus treinos, ele resolveu criar suas próprias canções. Em parceria com um professor de atletismo, trabalhou em um programa para combinar ritmos e velocidade de corrida. Hoje ele conta com um grupo de artistas (pianistas, percursionistas, guitarristas, compositores, arranjadores) e as músicas (de gêneros diversos, como eletrônico, pop/funk, techno e rock) são gravadas em um estúdio profissional em Melbourne, Austrália. Cada seleção de 15 minutos sai por US$ 3,99 e a compra é feita no próprio site. É possível ouvir alguns trechos das composições antes de adquiri-las.

No The Music Guidebook (http://www.musicguidebook.com/articles/index-of-running-music) você encontra um índice de músicas de corrida, que vão de "Vertigo" e "All Because of You" do grupo U2 a "I Feel Love", remix de Donna Summer, além de canções baseadas em BPM. Mas são apenas sugestões, pois não há como baixá-las do site – será preciso procurá-las nas lojas virtuais que disponibilizam canções.

Na linha de playlists inspiradoras, dê uma olhada ainda no About.com: Running & Jogging. O link que o direcionará mais rapidamente ao assunto é http://running.about.com/od/musicforrunners/Top_Picks_in_Music_for_Runners.htm. Você encontra Top 10 de hip hop, Top 40 de Pop e até uma sugestão de mix musical para treinos de um minuto de corrida e um minuto de caminhada.

Entre as marcas esportivas, a Nike, por meio do site Nike Plus (http://nikeplus.nike.com/nikeplus), também oferece uma lista de power songs – as mais votadas pelos usuários do sistema. As top 5 são "Eye of the Tiger"; "Pump it"; "Love Generation"; "Vertigo" e "Jump". Porém, não há como baixá-las do site.

MÚSICA ATRAPALHA OU MELHORA O DESEMPENHO NA CORRIDA?

Canções mexem com emoções e podem, claro, dar um up no ânimo do corredor. "Quem não se sente motivado ouvindo Eye of the Tiger, por exemplo, tema do filme Rocky, o Lutador? Impossível não lembrar da cena dele se preparando e correndo todos os dias pelas ruas da Filadélfia", argumenta o DJ Burman.  

"Em rodagens e treinos mais longos com certeza a música ajuda e bastante, pois tem um grande fator motivacional", diz o maratonista e treinador Adriano Bastos. O personal trainer Marcos Caetano, do Instituto Vita de São Paulo, vivencia esse argumento na prática com seus alunos: "A maioria pratica corrida como forma de prazer, bem-estar, condicionamento físico. Nos treinamentos acima de uma hora, eles acham fundamental a música como forma de estímulo para superar o percurso."

Acreditando que se deve fazer uma coisa de cada vez, o treinador Mario Sergio, da Run&Fun, orienta seus atletas a não usar o aparelho nos treinos em grupo. "Além de distrair, tirando o foco dos aspectos técnicos e táticos da corrida, atrapalha quando queremos passar algumas informações. Agora, se for só uma rodagem leve, tudo bem, para espantar a monotonia."

Para aqueles que não dispensam o aparelhinho plugado no ouvido, Marcos Caetano aconselha que se ouça as músicas em volume agradável e que se tenha cuidado para não se distrair durante o percurso, provocando acidentes. "Também evite correr segurando o aparelho nas mãos, para não comprometer a biomecânica da corrida. Use-o preso ao corpo, em uma braçadeira ou cinta".

Já em competições, Adriano Bastos não se mostra favorável ao uso do tocador musical. "Não posso proibir, cada um sabe o que faz, mas acredito que o atleta acaba se distraindo e não prestando a atenção em suas passagens de quilômetro, o que é capaz de comprometer sua prova. Isso porque ele pode se empolgar e começar em um ritmo mais forte do que deveria ou simplesmente se acomodar no embalo da música, ficando bem abaixo do que poderia ter rendido."

OUVIDOS ATENTOS A ESSES CUIDADOS

– No ano passado, a americana Cheryl Risse, foi atropelada por um trem enquanto treinava na Flórida. Ela caiu na linha do trem e não escutou que a locomotiva estava perto. Cheryl estava com seu mp3 ligado e com o acidente teve suas duas pernas amputadas. "Se estiver com música, o atleta corre o risco de não ouvir ou confundir sons", argumenta Adriano Bastos. "Em locais de grande fluxo de carros, motociclistas e ciclistas a atenção tem que ser redobrada", completa Marcos Caetano.

– A exposição prolongada a ruídos intensos pode levar o usuário a uma perda auditiva induzida por ruído (PAIR) ou hiperacusia (dor associada a audição de ruídos altos). "Apesar de ser música, tecnicamente ela é classificada como ruído pela inter-relação frequencial. Como os players são conectados à orelha humana por fones, às vezes introduzidos no canal, há menor dissipação do som e portanto maior concentração sonora. As pessoas que usam iPod e mp3 regularmente em volume intenso são candidatos a desenvolver a PAIR", explica o fonoaudiólogo Fernando Caggiano Júnior, do Centro Auditivo Widex de São Paulo. Segundo o especialista, intensidades acima de 85dB já podem ser lesivas, dependendo do número de horas de uso. "Se o volume do mp3 estiver alto, o que atingiria fácil 110 dB, o máximo que o usuário poderia ficar exposto é 15 minutos por dia", completa a otorrinolaringologista Ângela Shimuta, de São Paulo. "Cabe salientar que as perdas induzidas por ruído são progressivas e sua evolução lenta, portanto deve-se tomar cuidado, diminuindo o tempo de exposição ao ruído e controlando seu volume, readequando o uso dos aparelhos sem desespero", finaliza Fernando.

 

 

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