Em abril, na capital paulista, acontecem duas provas praticamente no mesmo trajeto e ambas começando muito cedo, para não atrapalhar o trânsito da metrópole e favorecer os participantes com um clima mais ameno. São elas, no dia 21, a Live! Run XP, com distâncias de 5, 10 e 21 km (https://liverun.com.br/etapa/live-run-xp-sao-paulo-2024-marginal-pinheiros) e no domingo seguinte a Seven Run com percursos de 7, 14, 21 e 28 km (https://www.iguanasports.com.br/calendario/seven-run-2024).

Decidi participar das duas, escolhendo as opções mais longas, até como uma antecipação da preparação para minha principal meta no ano, que é fazer os 42 km em Floripa, no dia 25 de agosto, visando conseguir entrar no Ranking Brasileiro de Maratonistas 2024, que organizo para o site CR.

Vai ser também uma oportunidade de comparar duas formas distintas de organização de prova. A segunda é hoje predominante, ou seja, uma empresa dedicada às corridas de rua (Iguana Sports), realizando evento próprio e tendo como objetivo o máximo de inscritos, por ser sua principal fonte de renda. No ano passado esse evento chegou perto de 4 mil participantes, com distribuição quase igual nas 4 distâncias, mas a maior (28%) curiosamente nos 28 km.

Já a primeira foge dos padrões existentes porque teve como meta, desde seu início há 4 anos, promover uma marca de roupa (Live!) e atrair correntistas para uma financeira (XP); a receita com as inscrições ficava em segundo plano, mas se imaginava que não daria prejuízo, o que foi confirmado ao extremo, pela excelente lucratividade que vem tendo.

O detalhe é que, ao invés de chamar uma firma especializada em corridas de rua para realizar o evento, como fazem as marcas de tênis, bancos, supermercados, farmácias etc, a Live! resolveu montar uma equipe e cuidar de tudo, inclusive ações bem específicas, como a cronometragem. Nem as inscrições, que hoje estão 90% nas mãos de algumas poucas empresas, ficaram de fora, sendo realizadas diretamente por essa empresa catarinense de moda fitness, com sede em Jaraguá do Sul e lojas em todo o país.

Na verdade, a iniciativa da Live! é um cópia do que aconteceu há 20 anos, quando a Track & Field, também do ramo de roupas esportivas, lançou seu Run Series, que neste ano terá 75 etapas, o maior do Brasil. A diferença é que desde o início esta marca contratou empresas para tocar as provas, sendo que atualmente a responsabilidade é da Latin Sports.

Outro circuito de longa vida e grande amplitude é o das Estações, surgido há 17 anos, que se caracteriza por 4 provas por cidade, chegando a 13 este ano, portanto serão 52 corridas, com organização da Norte Mkt. O da Live! terá 35 etapas em 33 cidades. Também importantes os circuitos populares (inscrições econômicas) do Banco do Brasil, do Sesi no RS e do Sesc no PR.

MUDANÇA RADICAL

A situação hoje no país é bem diferente de 30 anos atrás, quando as corridas eram poucas, pequenas e desorganizadas, até que surgiu a revista Contra-Relógio, para valorizar os corredores e exigir mudanças na organização delas, que foram evoluindo aos poucos, até se chegar a um patamar de qualidade, verificado nos últimos 10 anos.

Até então, as corridas eram promovidas principalmente por prefeituras, que cuidavam de tudo e eram geralmente caóticas, até porque os funcionários públicos envolvidos eram os mesmos que também realizavam a festa junina, o torneio de dama, o desfile de carnaval da cidade etc.

Também ocorriam provas de clubes de corredores, com destaque para o Corpore, em São Paulo, que foi uma referência de excelência. Mas havia Corja, no Rio, Cobra em Brasília, Corre em Recife, Corblu em Blumenau, Cuca em Campinas e Corpa em Porto Alegre, entre outros.

Com a melhora das provas e maior número de participantes de renda superior, notadamente de equipes de treinadores (outra novidade, estimulada pela revista), começaram a surgir organizadoras profissionais, assim como a tecnologia do chip de cronometragem e as inscrições pela internet. Entre essas, a Yescom em São Paulo e a Spiridon no Rio, fazendo provas próprias e para terceiros, o que se mantêm até hoje.

Vamos ver como me saio nas duas corridas paulistanas e como elas vão se mostrar em termos de atendimento aos participantes e qualidade dos aspectos técnicos, para a realização de observações sobre ambas, na forma de um post aqui no site, no finalzinho de abril. Até lá!

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