19 de maio de 2024

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História Redação 28 de fevereiro de 2018 (0) (242)

O dia em que a Maratona de Nova York conheceu sua rainha

por Nelton Araújo

No início da manhã de domingo de 22 de outubro de 1978, em Staten Island, um voluntário recebia as bolsas dos participantes da 8ª Maratona da Cidade de Nova York. Em certo momento, recebeu a bolsa de uma loira escandinava, de pernas bambas e olhando como se tivesse caído de paraquedas naquele local. Era esguia e com porte de atleta, porém seu número de peito alto, 1173, era um indicador que ele não estava lidando com uma atleta de elite.

– “Você já correu uma maratona antes?”, Perguntou o voluntário, não aguentando de curiosidade.
-“Não”, respondeu a mulher de forma monossilábica, tanto pelo nervosismo quanto pelo seu inglês elementar.
– “Não se preocupe. Todo mundo é um vencedor nesta corrida”, tentou acalmar o rapaz do guarda-volumes.
Algumas horas depois, já no Central Park, o mesmo voluntário entregava as bolsas dos participantes quando se deparou com a mesma loira. Abriu um sorriso e perguntou “Como foi?”. E ela calmamente disse “Eu ganhei”, surpreendendo o rapaz que não sabia se ela estava apenas brincando ou se realmente tinha vencido a prova.
E, provavelmente, nos anos seguintes, o tal voluntário contaria a todos que ele tinha sido um dos primeiros a conhecer a norueguesa Grete Waitz, que ainda venceria a Maratona de Nova York mais oito vezes, até 1988, e quebraria o recorde mundial quatro vezes. Mais do que tais façanhas nas provas, ela se tornaria um ícone: foi a pioneira na mudança de status da corrida feminina ao longo de todos os anos 80.
E se hoje a dúvida sobre quem é o melhor maratonista masculino de todos os tempos não tem resposta conclusiva, no campo feminino parece haver um ponto pacífico. O lendário Bill Rodgers (quatro vezes campeão em NY e Boston), disse em uma entrevista que “muitos de nós, como (o também americano) Frank Shorter e eu mesmo, fizemos muitas coisas, mas nunca dominamos. Porém quando se trata de mulheres, há apenas uma: Grete. Ela era dominante. Ela foi a melhor corredora de longa distância entre as mulheres de todos os tempos”.

E, apesar das mais de duas dezenas de conquistas (veja o quadro), a que residiu nos corações e mentes do imaginário popular e da própria norueguesa, que perdeu a batalha contra o câncer em 2011, foi a sua primeira maratona, a sua primeira vitória, o primeiro recorde mundial pulverizado.

O COMEÇO EM OSLO. Nascida na cidade norueguesa de Oslo, em 1953, Grete Waitz cresceu com a tradição norueguesa de exercícios e atividades ao ar livre. Segundo a própria, em suas memórias, a Noruega é “um paraíso para os esportes”: os habitantes costumavam caminhar durante o verão e praticar o esqui cross-country no inverno. Na escola, Grete fez parte da equipe de handball, ginástica e do atletismo, que mais gostava. No entanto, se não tinha bom rendimento nas provas de 60 ou 80 metros, como as meninas de sua época, ela se destacava nas provas de 300 metros ou mais, e começou a se especializar visando provas acima de 400 metros, e tendo que treinar, em geral, com seus dois irmãos homens.
Era uma época em que as mulheres ficaram desanimadas com as corridas de médias e longas distâncias. Pois ainda existia uma resistência à participação delas em provas de fundo, sob as teses de s que eram seres mais frágeis que os homens, e logo não suportariam o esforço. O próprio COI reforçava essa postura, não permitindo provas além dos 200 m rasos para as mulheres até a Olimpíada de 1960.
Enquanto a maioria das mulheres estava desanimada, a norueguesa criava o hábito, que levou até o fim da vida, de acordar antes do amanhecer para correr seus 10 quilômetros. Junto com seus irmãos e a contragosto dos pais, que ainda viam a atividade como algo exclusivamente masculino. Para ela, essa negação de apoio familiar fortaleceu sua determinação e, não à toa, em 1969, quando tinha 16 anos, já tinha conquistado o título nacional júnior nos 400 e 800 m. Aos 18 anos, participiou da Olimpíada de Munique de 1972, na prova dos 1.500 m, a novidade desses jogos e, até então, a prova mais longa para uma mulher no atletismo olímpico. Ela bateu o recorde pessoal de 4:16, mas ainda muito distante dos 4:01, que deu ouro à soviética Ludmila Bragina.

Quatro anos depois, ela voltou aos jogos olímpicos em Montreal, muito melhor preparada: superou a morte trágica de seu namorado e treinador logo após Munique e estava num momento pessoal muito bom, prestes a se casar com seu treinador, Jack Waitz. Contudo, certa de que o COI incluiria a prova dos 3.000 m e, sabendo que sairia muito melhor em distancias maiores, focou seus treinos nessa distância. Mas tal não aconteceu e a norueguesa (de 1,72 m e 54 kg) teve que disputar a provas dos 1.500 m. Chegou apenas às semifinais, batendo o recorde escandinavo. A imprensa norueguesa atacou violentamente Grete, pouco se importando se a mulher, com agora 22 anos de idade, tinha seu ganha-pão sendo professora infantil em uma escola a duas horas da sua casa, pegando duas conduções para ir e voltar. E que mesmo assim, treinava duas vezes por dia, sete dias por semana, sem nunca faltar. Para seu biógrafo, ela “foi vítima da cultura norueguesa, na qual uma medalha de prata é uma derrota.”

A OPÇÃO DA MARATONA. Embora tivesse vencido os 3.000 metros na Copa do Mundo de Atletismo de 1977, bem como conquistado o título mundial cross-country em março do ano seguinte, nunca teve a mesma repercussão na imprensa que a tinha massacrado em 1976, e ela já conversava com seu treinador e, agora, marido durante o jantar sobre a possibilidade de se aposentar: a vida dupla como professora e atleta, e agora esposa, estava desgastante demais e talvez ela não aguentasse mais um ciclo olímpico.
Foi então que ele sugeriu a ideia dela tentar correr uma maratona. O boom da corrida de rua estava a pleno vapor nos EUA e Europa, e as mulheres estavam voltando a se interessar por essas provas, mesmo que incipientemente. Era o timing certo para Waitz. Para o seu treinador, correr uma maratona e talvez obter um bom resultado reacenderia a chama da norueguesa em continuar treinando, e alguns resultados como uma prova de cross-country de 15 km que ela tinha vencido e outra de 16 km, na qual ganhou correndo abaixo de 1 hora, eram indícios de que ela tinha potencial para a longa distância.
Contudo, para ela, que relutou até o último minuto, correr competitivamente em Nova York não era sua prioridade: ela queria seguir a sugestão que seu compatriota Knut Kvalheim, atleta olímpico dos 5.000 me e que já tinha corrido a prova na Big Apple lhe sugeriria: correr a maratona como um gesto simbólico da sua aposentadoria, e depois passar férias na cidade com seu marido.

Mas quase que não rolou. Eles entraram em contato com New York Road Runners para receber um convite para participar do evento, e, assim como seu amigo Knut, ganhar passagem de avião e hospedagem. Afinal, ela como professora e ele como contador não tinham verba suficiente para ir a uma cidade tão cara como Nova York. Quando Waitz telefonou para o escritório de Fred Lebow, a secretária que recebeu a ligação desligou porque nunca tinha ouvido falar dessa corredora de cross-country europeia.

Passaram alguns dias, e insistiram, ligando de novo. Dessa vez, não desligaram o telefone na cara deles, mas passaram para o homem número 2 da hierarquia da Maratona de Nova York, Allan Steinfeld. Com todos os dedos, ele explicava que ela não interessava à prova, pois, apesar de ser uma campeã em pista e no cross-country, Waitz nunca tinha corrido a distância de 26,2 milhas. Além disso, a prova já contava com o melhor field feminino da história da prova até então: a americana Jacqueline Hansen e a alemã Christa Vahlensieck, que revezaram o recorde mundial naquela década. Havia também a presença de outra recordista mundial e então bicampeã da prova, a chinesa naturalizada americana, Miki Gorman. E, entre as favoritas, até uma brasileira: Eleonora Mendonça também cotada como um dos principais nomes para ganhar a competição. “Desculpe, Grete Waitz, não há porque pagar para você vir para cá. Além disso, não pagamos hospedagem e passagem para cônjuge, mesmo que seja seu treinador”, informou Steinfeld, sem comentar com Fred Lebow do interesse da norueguesa.

MARCADORA DE RITMO. O que era apenas uma forma de motivar a esposa tornou-se obsessão para Jack Waitz, que conseguiu um empréstimo bancário, que cobriria os custos da viagem a ambos. Voaram para Nova York e foram à sede da NYRR para conseguir uma inscrição. Encontraram Fred Lebow dessa vez, que já conhecia os feitos da norueguesa. Ele sugeriu, então, que ela funcionasse como um “pacer”, estabelecendo um ritmo rápido para as mulheres de elite, já que dificilmente, pelo seu pouco lastro, completaria a prova no ritmo de recorde mundial, que era de 3:40/km até então.
O recorde feminino do percurso era de Miki Gorman, de 2:39:11, quase cinco minutos mais lento que o conseguido por Christa Vahlensieck em 1977, na Maratona de Berlim, e Lebow tinha interesses que a sua prova também ganhasse status de uma prova elegível para recordes mundiais. Como foi tudo um pouco em cima da hora, deram a Waitz o número de peito de numeração alta, o famoso 1173.

Com a inscrição garantida, Grete fez exatamente como a maioria faz quando está em Nova York pela primeira vez: ao invés de ficar no hotel, descansando, foi com o marido conhecer a cidade. “Para dizer a verdade, eu não me importava com a maratona”, disse ela em entrevista em 2007, “eu estava era entusiasmada por estar em Nova York”. Como Grete não tinha o hábito de comer massas pré-prova, o cardápio daquela noite consistiu em bife, vinho tinto e quando a norueguesa pediu sorvete, seu marido perguntou se ela não estava exagerando. “Quem se importa”, respondeu ela.

A tranquilidade da norueguesa talvez fosse explicada porque ela nunca tinha sido treinada, sequer orientada para como agir em uma prova desse tipo. Embora tivesse passado anos correndo mais de 130 km semanais, ela nunca tinha feito um longo de 19 km. E mesmo a quilometragem semanal dela não era muito, comparado com que as maratonistas de elite realizavam. E a própria elite feminina, ao saber da presença de Grete Waitz, ou não sabia quem era ela, ou a desconsideravam.

Jacqueline Hansen, duas vezes recordista mundial e primeira mulher a correr uma maratona abaixo de 2h40, sequer sabia quem era a norueguesa, quando foi informada pela então recordista mundial, a alemã Christa Vahlensieck, que Waitz estava na prova. Christa era a mais preocupada de todas. Então, dentro do ônibus que levava os atletas de elite até Staten Island, Hansen provocou: “Quem é a sua principal rival, além de mim hoje?” Teve que engolir em seco quando a alemã disse enfaticamente: “Grete”. Ela desconfiava do potencial da norueguesa, pois o número de peito estava na casa dos milhares, não das dezenas, como ela. Se ela fosse tão boa, por que um número tão alto? Foi quando Vahlensieck contou todos os feitos de Waitz e arrematou, avisando que a norueguesa tinha acabado de correr uma corrida de 16 km em menos de uma hora.

LARGADA CONFUSA. Em uma época que a organização de Nova York sequer pensava em largadas em ondas e em baias, alguns problemas muito presentes a nós hoje, já eram deles em 1978. Os 8.937 inscritos se amontoavam na linha de largada. Pessoas completamente fora de forma, alguns obesos, não deixavam os atletas de elite se posicionar decentemente. A prova atrasou cerca de dez minutos, pois Fred Lebow gritava a pleno pulmões que “Não vamos começar esta corrida até que essas pessoas se acertem!”. E no meio da multidão, estava uma Grete Waitz sufocada entre tantos corredores. Ela estava acostumada a correr contra oito ou dez atletas bem treinados. Em Nova York, ela estava com milhares de corredores de todos os níveis.

Ao mesmo tempo, ela tentava repetir na sua cabeça as últimas palavras do seu treinador antes de pegar o ônibus rumo à largada. Ambos sabiam que ela não correria para ser pacer: só aceitaram a oferta de Fred Lebow para ter uma inscrição na mão. Entretanto, Jack Waitz antes de se despedir, alertou que “faça o que fizer, não tome a iniciativa. Não puxe o ritmo”. Afinal, ela deveria parecer, até o km 30, que tinha entrado para exercer a função designada a ela. E sabendo que Grete não tinha a mínima noção do ritmo que é uma maratona, emendou: “Vai parecer bem lento para você, então você tem que fazer o que essas garotas estão fazendo, porque elas são experientes”

Mas, para ele, tão certo quanto que ela não tinha entrado na prova para ser marcadora de ritmo, era de que ir mais devagar não era uma maneira natural de correr para ela. Companheiros de treinos afirmavam que, mesmos nos leves, ela simplesmente não conseguia rodar acima de 4 min/km. Quando enfim foi dada a largada, e homens e mulheres saíram juntos (apenas em 2002, a prova teve um início exclusiva para mulheres), o sermão de “vá devagar” foi completamente esquecido. Nessa época, a transmissão era feita através do rádio, e os repórteres comentavam com estranheza que uma “mulher misteriosa” estava entre as líderes. Como eles só tinham os nomes dos atletas de número de peito baixo, Grete passou a prova inteira sendo chamada de “mulher misteriosa”.

LIDERANÇA ISOLADA. Apesar do dia ensolarado, estava agradável, com pouco vento, mas mesmo assim, quase todas as principais favoritas tinham abandonado a prova, ou tinha quebrado na altura primeira avenida (Eleonora Mendonça terminou a prova na quinta colocação, dezesseis minutos depois da norueguesa). Grete estava completamente sozinha, a mais de nove minutos da segunda colocada. Só que aí chegou o km 30, quando a maratona realmente começa.

Suas pernas já estavam cansadas e pesava o fato dos seus poucos treinos longos. Ela passou a perguntar a alguns voluntários nas mesas de hidratação “Falta quanto?”. E eles respondiam “só mais oito milhas”, o que não ajudava muito, pois Grete pensava pelo sistema métrico e não fazia ideia se oito milhas significavam muito ou pouco. Para piorar, ela não sabia nada sobre o percurso, exceto que terminava num parque. Então, quando viu as árvores e um ambiente de parque, pensou, “estou perto do final” e resolveu acelerar, não porque percebeu que estava prestes a pulverizar o recorde mundial, mas para acabar logo com as bolhas e as cãibras que a atormentavam.

Mas se o leitor já correu em Nova York, bem sabe que umas das partes mais difíceis da corrida são as quatro milhas dentro do Central Park. A “mulher misteriosa” se aproximou de um pelotão de homens, que estranharam a presença feminina entre eles. Um deles afirmou que “honestamente, no momento em que a vi do meu lado pensei que ela era um cara estranho com tranças, porque nunca vi uma garota naquele ritmo em uma corrida.”

Os repórteres ainda não tinham descoberto quem era a corredora 1173, mas já tinham feito as contas e sabiam que ela estavam em ritmo de recorde mundial. O locutor da prova, Toni Reavis, anunciava ao público ansioso “Não há nenhum sinal de Christa ou Jackie”. Na verdade, as duas já tinham sido trasladadas para o Central Park e estavam sentadas no gramado. E quando o locutor continuou narrando “Nós não sabemos quem é a líder. Mas ela está no ritmo do recorde mundial”, as duas se entreolharam e disseram “É a Grete. Tem que ser ela”. Segundo Hansen “foi difícil para Christa. Grete estava prestes a quebrar o seu recorde. Então ela começou a chorar.”

RECORDE MUNDIAL. E não deu outra: 2:32:29, dois minutos mais rápidos que a marca de Christa em Berlim, um ano antes – embora todos os recordes batidos em Nova York entre 1976 (ano do novo percurso) até 1981 estejam sob suspeita e não valham para propósitos estatísticos, depois que foi descoberto que o percurso de 1981 (o mesmo de 1976), quando Alberto Salazar bateu o recorde mundial, tinha 42.044 metros.

Só que demorou alguns minutos para que se soubesse quem era a campeã. Grete não transparecia emocionada ou surpresa, o que reforçava o estereótipo do escandinavo sério e frio. No entanto, para seu esposo, Waitz desde adolescente estava acostumada a ganhar grandes provas e bater recordes. E naquele momento ela estava mais preocupada sobre quanto doía correr uma maratona. Portanto, assim que conseguiu se desvencilhar dos repórteres e avistou o marido que a colocou nessa “loucura”, ela pegou os sapatos de corrida, jogou em cima dele cheia de raiva e falou “Nunca mais!”

No entanto, sua vida tinha mudado depois desse dia. Em 1979, já era uma estrela da modalidade: ganhou novamente a maratona de Nova York e por mais seis vezes. Seu domínio também se vê nos números: venceu 13 das 19 maratonas que entrou entre 1978 e 1988, inclusive o primeiro Campeonato Mundial em 1983, superando a segunda colocada por três minutos. Ela diminuiria o recorde mundial em mais três ocasiões, duas vezes em Nova York e em 1983, quando ganhou a Maratona de Londres, com 2:25:29.
Seu infortúnio nos Jogos Olímpicos permaneceu nos anos 1980: não participou dos jogos de Moscou, pois a Noruega, alinhada ao bloco capitalista, boicotou a competição. Em 1984, mesmo lesionada, não quis ficar de fora da primeira edição da maratona meminina nos Jogos Olímpicos, em Los Angeles. Perdeu a prova para a americana Joan Benoit. A imprensa só soube que ela correu lesionada meses depois. Longe de usá-la como muleta para justificar o segundo lugar, Waitz elogiou Benoit por sua excepcional corrida. Ela, na verdade, confessou estar aliviada por finalmente ter ganho uma medalha olímpica.
Waitz venceu a Maratona de Londres pela segunda vez em 1986, e se ainda fosse possível bateu seu próprio recorde pessoal para 2:24:54, um tempo que, hoje, daria a ela a quinta colocação a mesma maratona na última edição. Encerrou a sua carreira em 1990.

COM FRED LEBOW. No entanto, voltaria a correr uma maratona em 1992, por uma causa nobre. Fred Lebow, diagnosticado com câncer terminal e querendo celebrar seus 60 anos, quis correr a prova que criou pela última vez e chamou a agora sua amiga para correr com ele. Foram 5 horas e 30 minutos de muita emoção, onde a cidade parava e, com olhos marejados, despedia-se e homenageava a musa da maior prova do mundo e do seu idealizador, que viria a morrer pouco menos de dois anos depois. No ano seguinte Grete esperou na linha de chegada a corredora Zoe Koplowitz, conhecida por não deixar sua esclerose múltipla avançada, impedi-la de enfrentar os 42 km. Koplowitz, que correu até 2013, demorou 24 horas para completar. A norueguesa, percebendo que ninguém tinha mais uma medalha para ela, foi até o hotel que estava, pegou a medalha do marido e entregou para Zoe.

Waitz continuou no mundo da corrida dedicando seu tempo a servir como porta-voz do esporte feminino. Ela foi a estrela mundial mais humilde da maratona. Nunca chamou ou quis chamar a atenção para si mesma. Todavia, através de seus esforços e exemplo, particularmente na Maratona de Nova York, transformou essa prova em um fenômeno urbano e familiar.

Seu lugar como principal pioneira da maratona feminina é seguro e não é difícil dizer que a modalidade entrou na era moderna com a vitória dela em Nova York, em 1978. Quando Grete começou a correr, as mulheres tinham perdido o interesse em fazer longas distâncias e logo, não havia corridas para elas e pouca era a consideração da imprensa pelas atletas femininas. Mas quando ela nos deixou, em 19 de abril de 2011, as provas de longas distâncias já tinham expressiva participação feminina. Obrigado, Grete!

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