Caso a rainha (da Inglaterra) não queira fazer alguma mudança futura, como a do início do século passado, a rainha das corridas, a maratona, seguirá com 42.195 m por longo tempo!. Assim, sempre, deve (ou deveria) ser a única estrela. A atriz principal. A “dona do boteco”.
A primeira afirmação, sobre a distância, diria que na maioria das vezes é respeitada. Há quem acabe “errando” a conta ou usando um GPS para marcar, mas em provas grandes (e aferidas) o risco é mínimo (salvo uma exceção/problema de última hora).
Agora, a segunda, sobre a importância da prova, não há a mesma garantia. Infelizmente. Principalmente aqui no Brasil. A corrida acaba sendo tratada como um atriz secundária, muitas vezes, de um escalão bem mais baixo. Há caso, até, de gente correndo 5 km e recebendo uma medalha idêntica à de que completou a maratona!
Recentemente, tivemos a Maratona de São Paulo e, nos 42.195 m, o público “menor”. Mais gente nas provas paralelas (que, para mim, nem deveriam existir no mesmo dia, quanto mais, simultaneamente!). A própria “apresentação” da Yescom, a organizadora, deixa bem claro esse “desrespeito” com a rainha. Não a da Inglaterra. A das corridas.
Um exemplo é que, basta uma passeada pelas redes sociais, para ler afirmações do tipo “treinando para a Maratona de SP”, “pronto para a maratona”, “kit da maratona de mãos”… E você pergunta: “Nossa, que legal, e como foi nos 42 km?”. Ah, não, me inscrevi nos 10 km ou nos 25 km (ou milhas, como a nova “nomenclatura”…).
Daí você lê ou ouve: Maratona de SP com 16 mil, com 20 mil… e, daí, na maratona mesmo, 3 mil corredores. E pensa, cadê o restante?
Idem agora, na próxima semana, em Porto Alegre. A capital gaúcha tem, para mim, a melhor prova brasileira dos 42 km em território nacional (gosto de brincar que a melhor maratona do Brasil é a de Buenos Aires). Porém, com grande chance de acertar, nos 42.195 m do dia 14 de junho haverá menos gente do que em todas as outras provas realizadas ao mesmo tempo, como o revezamento de duplas, quarteto e octeto, das três rústicas, das corridas infantis…
Ou seja, resumindo, a maratona como estrela em Porto Alegre? Só se for uma estrela cadente já quase se desintegrando totalmente!
Grande parte das grandes (e boas) maratonas mundiais são “puras”. Se contam com eventos paralelos, são em outros dias. Assim, funcionam as seis Majors (Nova York, Berlim, Chicago, Boston, Tóquio e Londres). Há inúmeros outros exemplos, como Barcelona, Roma e Buenos Aires. Até mesmo a Disney, no dia dos 42.195 m, nem corridas infantis. A estrela merece exclusividade. Ou deveria receber essa honraria.
Se não for assim, com o tratamento que merece, as maratonas brasileiras não irão evoluir nem crescer em termos de concluintes.
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Concordo plenamente. Corri a maratona de São Paulo e vc fica disputando com quem corre 24 ou 25 km grande parte da prova tendo um efeito psicológico muito ruim. Fora quando vc passa pela chegada e outros quem nem correram já passaram por lá . Não vou correr esta prova mais.
É verdade, André! Eu fico meio encafifado com essa falta de respeito com a senhora Maratona. Para mim, deveriam ser todas puras.
Em Santiago, quem completa a Maratona recebe uma medalha quase igual a de quem completa a meia, com a diferença de que atrás vem escrito: finalista maratón. Acho justo.
Só um adendo. A Maratona de Tóquio tem um 10km no mesmo dia da Maratona. É bem restrito (500 vagas), é verdade, mas tem.
Essa estrela cadente passou mais perto daqui nos anos 1980, mais avistável no Rio de Janeiro, mas passou, foi embora…
Um abraço.
As maratonas grandes (Chicago, NY, Boston) são puras, mas as nem tão pequenas assim, por exemplo, as da série Rock ‘n’ Roll, não são. Se nem nos EUA que tem muito mais corredores do que nós todas as maratonas são puras, porque as nossas seriam, André?
Corri esta aqui em março. 1144 concluintes na maratona. 2306 na meia http://www.tobaccoroadmarathon.com/race/results
Acho isso muito estranho. O kit é o mesmo para todas as distâncias e, principalmente o valor é o mesmo (?) ou seja, eu que correrei os 42 pagarei metade do que quem correr em dupla, que pagará a metade do que quem correr em quarteto, que pagará a metade do que quem correr em octeto. Se o pessoal parar pra pensar, não faz o menor sentido isso.
Sim, o valor é o mesmo por atleta, independentemente da prova, enquanto o pessoal não parar pra questionar isso, segue enchendo o bolso dos organizadores.
Ah, e andando por aí com camisetas da maratona, sem nunca ter encarado a distância… Sad.
Legal abordar esse assunto. Mas no Brasil, acho que rola a síndrome do Tostines. Não há tantos corredores preparados para os 42km porque não há maratonas, ou não há maratonas porque não existem corredores preparados? Será que seria viável fazer uma maratona pura por aqui? Do jeito que a coisa anda, com o pessoal preferindo o selfie à performance, acho difícil…
Mas a melhor maratona brasileira não é a São Silvestre? Oh. Wait…
Entendi seu ponto, mas note que as pessoas precisam dar o primeiro passo, se sentir numa competição…o clima de competicao se cria com a massa…já lutei judo, nadei e joguei polo aquático (fui a um panamericano)…as pessoas criam e despertam o sentimento da corrida de formas diferentes…entender e compreender isso é importante até para a parte econômica da prova…não se começa uma competição nadando 5 km… lutando judo dificilmente se vai a primeira final logo em seu começo… por isso a justificativa das outras provas. Conheço muita gente que criou o virus da maratona começando com 5k ou 10k… por isso… respeito sua opinião, a Maratona só (e sempre) terá 42,1K… o resto é para o pessoal que precisa de estimulo para chegar lá!
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Lucciano. Para refletirmos. Tivemos no ano passado sete maratonas oficiais no Brasil. Então, “sobraram” 45 semanas no ano. Claro que da quantidade, da experiência, da vivência trazemos os bons resultados, seja no campo de competição ou apenas pessoal. Assim, devemos (muito) ter provas para atrair as pessoas e fazê-las se apaixonar (ou não pela maratona). E temos. Só defendo que, dentro dessa minoria de somente sete provas de 42.195 m, elas deveriam ser especiais e com estímulo para as pessoas irem assistir e apoiar.
Abraço
André
Gostei desta obervação, em no final da corrida todos são tratados com igualdade, no caso a MEDALHA. DEVERIA SER diferenciada.
aqui em fortaleza anunciaram primeira maratona tendo como patrocinadora a caixa econômica. me animei e disse “vai ser minha estréia nos 42k”, pois já sou veterano em meias. De repente, percurso de 8 voltas, horário e local insalubres e, pior, revezamento. Ou seja, uma concorrente da já tão conhecida maratona de revezamento pão de açúcar, com a diferença que nesta já é tradicionalmente um revezamento, com o objetivo de integrar os runner’s. Essa da caixa por sua vez, ficou obvio o interesse de lucro por parte dos patrocinadores, total desrespeito com os maratonistas! resumidamente, desisti!