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Blog do Corredor Notícias admin 4 de outubro de 2010 (1) (140)

Maratona de Estocolmo: pepino em conserva no percurso, cerveja e cachorro quente na chegada

 

Em dezembro fui informada que participaria de uma reunião da empresa em Londres e, imediatamente, consultei os sites especializados para procurar uma maratona em junho, maravilhas que a internet pode nos oferecer (www.marathonguide.com). Achei poucas opções, pois com a chegada do verão no hemisfério norte, são raras as provas.

Encontrei, então, a Maratona de Estocolmo e, embora nunca tivesse pensado em viajar para a Suécia, este seria um excelente pretexto. Mas não sabia nada sobre Estocolmo e comecei a pesquisar sobre a prova, sobre a cidade e preços de vôos e hospedagem. Como estes são quase os mesmos que os das grandes cidades da Europa, decidi: vou correr em Estocolmo!

Mas, não fiz o principal: checar o site da prova. Em dezembro de 2009, as 20 mil inscrições para a prova em 6 de junho de 2010 já haviam encerrado e ainda existia um anúncio no site indicando que já tinham sido distribuídas todas as inscrições para a lista de espera, ou seja, um educado "não insista"! 

Fiquei louca! Mas, como quem tem boca vai à Suécia, enviei um e-mail "bem inspirado" para os organizadores, que falava até do Pan Americano no Rio de Janeiro e das Olimpíadas no Brasil e passados apenas 15 minutos recebi a confirmação de inscrição para mim e para meu marido Luiz Antonio. Duas semanas depois, recebemos as camisetas da prova em casa. Definitivamente, a Maratona de Estocolmo passou a ser ainda mais desejada.

Para voar para a Suécia você pode fazer conexão em qualquer capital da Europa e ao chegar encontrará um povo simpático, que na sua maioria fala inglês, e um fácil deslocamento do aeroporto ao centro, de ônibus ou metrô.  A maratona é realizada no sábado e passa pelas principais ruas de Estocolmo com chegada no estádio construído para as Olimpíadas de 1912, o primeiro a ser erguido de forma permanente, pois até então eles eram desmontados após os jogos.

 

20 MIL DE 70 PAÍSES. A feira da maratona, realizada em um estádio de hóquei anexo, tinha alguns estandes de outras maratonas e uma lojinha para a venda de produtos da prova. No kit, um bonito boné e algumas revistas; a camiseta poderia ser comprada pelo site e ganharíamos uma de finisher ao completarmos a prova. O jantar de massas, oferecido para todos os inscritos, foi realizado neste estádio anexo, em que foram colocadas enormes mesas em frente a um palco, para um show de música, com locutores animando o evento sempre falando também em inglês, já que 45% dos inscritos vêm de mais de 70 países. De repente, o locutor perguntou: quem veio de mais longe para correr esta maratona? Sem nenhuma dúvida comecei a gritar: "Eu, Brasil!" Ganhei uma sacola cheia de produtos das massas Barilla. Antes de começar a prova, já estava gostando! 

Ao sair do jantar, deparamo-nos com uma tribo de "camisetas pretas" que aguardava o início do show dos roqueiros do AC/DC no Estádio Olímpico, que contrastava com os corredores sempre "fantasiados" com suas coloridas camisetas de provas ou de seus países. Estocolmo, uma cidade cheia de jovens, faz parte da turnê de vários astros da música e você ainda pode dar a sorte de ver um megashow no mesmo período da maratona.

A cidade é considerada a capital verde mundial e é composta por 14 ilhas, sendo chamada de Veneza Nórdica. Excelentes passeios de barcos e de ônibus mostram a lindíssima cidade sem cansar as suas pernas antes da prova. O trajeto da maratona percorre o centro, cruzando as pontes da cidade para levá-lo às suas diversas ilhas.

A diferença de fuso horário é de 5 horas, mas como só escurece às 23 horas, é melhor nem tentar entrar no fuso horário antes da prova, uma vez que a largada às 14 horas corresponde às 9 horas de nosso relógio biológico. A população aproveita cada minuto do sol, pois são somente 4 meses de calor durante todo o ano. O que se vê, então, são muitas mini-saias e shortinhos por todos os lados, talvez numa tentativa de colocar à mostra aquilo que ficou encoberto por tantos meses.

No dia da prova, todos os ônibus e o metrô são grátis para os maratonistas, tanto na ida quanto na volta. A largada acontece no lado externo do Estádio Olímpico e algumas coisas já me encantaram bem antes de começarmos a correr. Havia, além do tradicional guarda-volumes, um "safety deposit", ou seja, um local para deixar as coisas de valor, como dinheiro, documentos e outros objetos. Tínhamos também banheiros e muita água exatamente dentro nas baias de largada, evitando-se os mijões ou aquele "aperto" final antes da largada. Logo na largada encontramos um casal de corredores de Belém que fariam a sua primeira maratona e um paulista que está trabalhando em Estocolmo por 6 meses. A delegação brasileira estava completa!

 

PERCURSO EM 2 VOLTAS. O percurso possui 2 voltas não idênticas pelo centro de Estocolmo, sendo a primeira de 17 km e a segunda volta de 25 km, passando pelo Palácio Real (em que a rainha, Sílvia, é brasileira!), pela Prefeitura, pelo Royal Opera, pelo Parlamento e por muitos outros prédios históricos. O tempo limite é de 6 horas com 3 checagens de tempo: km 21 – 3 horas, km 28 – 4 horas e km 32 – 4h35. Quem não passar nestes pontos dentro dos tempos estabelecidos é levado até o final da prova.

O trajeto tem várias subidas e descidas e a diferença de altitude da parte mais baixa e a mais alta é de 29 metros. Em sua maior subida, cruzamos, no km 8 e no km 32, a ponte Vasterbron de onde desfrutamos de uma linda vista da cidade. Na margem dos canais passávamos por diversos bares à beira do cais com confortáveis sofás e seus freqüentadores tomando cerveja ou vinho branco, observando curiosos os loucos que passavam correndo…

Um bom público ao percorrermos a parte histórica da cidade e áreas sem quase ninguém quando cruzamos por pequenas estradinhas por entre um belo campo florido. Lá, por vezes, encontrávamos alguns suecos sentados na grama, fazendo piquenique, curtindo o sol e o "passa-passa" dos maratonistas.

No km 17 a primeira interessante surpresa: pepinos em conserva eram distribuídos aos corredores! Confesso que com as minhas 78 maratonas nunca havia visto isto e, mesmo sabendo que não se deve experimentar nada novo no dia da prova, literalmente devorei a inusitada iguaria, pois como corro sempre bem lentinha este não seria um problema. Não queria desperdiçar esta novidade e fiquei observando os demais corredores, que também "mandavam para dentro os seus pepinos", quando quase fui derrubada por um. Escorreguei num pepino e por pouco não fui parar no chão…

Além de muita água e isotônicos, banana nos km 20, 32 e 37, barra energética no km 28,  a prova ainda reservaria outras novidades: sopa quente no km 32, cola drink (uma espécie de Coca Cola sem açúcar e sem gás) no km 36, bala de açúcar no km 39. No caminho já víamos os staffs limpando as ruas, recolhendo os copos e, inclusive, as barras energéticas de chocolate entregues na chegada, que, ao serem lançadas ao chão pelos corredores que comiam apenas pedaços destas, grudavam no asfalto.

 

"CALOR" DE 19 GRAUS. Muitos chuveiros (22) no caminho refrescavam os nórdicos que sofriam com o "calor" de 19 graus. Bacias com água corrente em cada posto de água para molhar o boné, a esponja e lavar as mãos que sempre ficam emporcalhadas com o gel carboidrato e as bebidas isotônicas! Adorei!

Caminhões com bandas de música, alguns moradores da cidade com seus sons na calçada e até um grupo de passistas suecas com "aquele samba no pé" animavam os corredores em algumas partes do trajeto.

No km 38 mais uma subida até o km 40 para seguirmos para a triunfal chegada dentro do Estádio Olímpico com sua arquitetura que lembra uma fortaleza medieval.  Após, uma volta olímpica, quase completa, cruzamos a linha de chegada, com bom público nas arquibancadas. Terminaram mesmo 14.715 corredores dos 15,5 mil que largaram.

Na chegada recebíamos uma grande e bonita medalha (mas sem fita para pendurar no pescoço) e, ao seguirmos para a área de dispersão, éramos direcionados para o estádio anexo em que foi realizada a feira da maratona e o jantar de massas.  Lá, tendas indicavam o tamanho da lindíssima camiseta de finisher que você poderia escolher e, seguindo em frente, tínhamos uma espécie de ponte onde staffs retiravam o chip, para nem nos darmos ao trabalho de abaixar para retirá-lo e, em seguida, recebíamos uma sacola com chocolate, shake de morango, bebida tipo Coca Cola, saquinho de amendoim e castanhas, aquelas deliciosas passas na famosa caixinha vermelha e banana.

Mas, o melhor ainda estava por vir no final deste percurso em que eu já estava com as mãos lotadas. Ainda distribuíam café quentinho, cerveja e cachorro quente! Tudo à vontade e sem atropelos! Nunca foi tão fácil e agradável esperar por meu marido terminar a prova. Tinha muito o que "fazer", sentada na grama sintética do estádio como os demais corredores, enquanto esperava por ele. E, embora a prova terminasse às 20 horas, o sol ainda estava presente, o que fazia com que os corredores ficassem sentados por lá com suas famílias por um bom tempo. Maravilhoso.

A Maratona de Estocolmo definitivamente deve fazer parte dos seus planos um dia. As inscrições (87 euros) para 2011 (dia 28 de maio) já estão abertas (www.stockholmmarathon.se) e já está sendo anunciada a maratona de 2012, em 14 de julho, que comemorará os 100 anos do Estádio Olímpico. Mas lembre-se que as inscrições se esgotam com, no mínimo, 6 meses de antecedência e enviar e-mail pedindo inscrição após estas terem se esgotado, nem sempre pode dar certo.

Denise amaral é assinante do Rio de Janeiro

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One Comment on “Maratona de Estocolmo: pepino em conserva no percurso, cerveja e cachorro quente na chegada

  1. Boa noite Deise! Eu estava indeciso qual maratona iria participar em 2012, mas com suas palavras já me decidi, vou com certeza pra Estocolmo. Já falei com minha esposa e minhas 3 filhas, vamos todos.
    Muito obrigado!
    Marilson.

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