19 de maio de 2024

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História André Savazoni 16 de maio de 2011 (0) (185)

Mais uma história de talento desperdiçado

Da mesma forma que surpreendeu o mundo com o título e recorde olímpico em Pequim com o primeiro ouro queniano na maratona, ou na espetacular vitória na Maratona de Chicago do ano passado, Samuel Wanjiru acumulou confusões nos últimos meses.

Notícias de brigas com a esposa e de ter sido flagrado com armas. Uma certeza: ficou longe das ruas e voltou a ser notícia nesta segunda-feira, com a trágica morte ainda não bem explicada.

Para entender melhor a situação, devemos traçar um paralelo entre o futebol no Brasil e as corridas no Quênia. É a mesma relação de idolatria e de possibilidade de crescimento social e econômico. Com um agravante: a situação econômica/polícia/social do Quênia não tem nem comparação com a brasileira.

Porém, a corrida de rua, por ser um esporte individual, não permite erros. Não aceita a boemia. Treinou, tem resultado. Relaxou, “vai comer poeira”. Ou você é atleta ou esquece. Ainda mais com o nível atual. No futebol, temos inúmeras histórias de paixão/ódio com a boemia, com jogadores que vão direto das noitadas ou das confusões para os treinos e jogos. Muitas vezes, desequilibrando. É o coletivo. Sempre há os esforçados correndo pelos talentosos.

No futebol, quem não se lembra de Dener. Morte trágica, precoce, altos e baixos na carreira. Tinha talento para ser o camisa 10 da seleção brasileira. Mas não foi. Só para citar um exemplo. São casos e mais casos…

O esporte de ponta traz dinheiro, fama, “amigas”… Seja o futebol no Brasil ou a corrida de rua no Quênia. Wanjiru, infelizmente, é mais um talento jogado fora. Tinha tudo para ser o novo recordista mundial e reinar nas maratonas. Era questão de tempo, se mantivesse o foco, os treinamentos, o ritmo de quando esteve morando e treinando no Japão. Mas não foi o que aconteceu.

Lembrando dos gregos, os “pais” da maratona, Wanjiru tinha lugar certo no Olimpo, ao lado dos semideuses do esporte. Foi embora com marcas impressionantes, que comprovam esse “abandono” da carreira: muitas são de quatro ou seis anos atrás. Pelos números oficiais da Iaaf:

5 mil metros – 13min12s40 em Hiroshima, em 29 de março de 2005.

10 mil metros – 26min41s75 em Bruxelas, em 26 de agosto de 2005.

10 km – 27min27s em Den Haad em 17 de março de 2007.

Meia Maratona – 58min33s em Den Haad em 17 de março de 2007.

Maratona – 2h05min10s em Londres, em 26 de abril de 2009.

Uma pena, que talento desperdiçado.

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