POR TOMAZ LOURENÇO

Ao contrário dos últimos anos e neste, quando acontecia a prova gaúcha e na semana seguinte a carioca (no feriado de Corpus Christi), em 2024 a situação vai se inverter. A 39ª de Porto Alegre abriu as inscrições para o evento do próximo ano, marcado para 15 e 16 de junho; como o feriado será dia 30/05, a 22ª do Rio de Janeiro ocorrerá dias 01 e 02 de junho.

Geralmente, raros corredores se animam a fazer as duas maratonas, e são grupos um pouco diferentes. Na Maratona do Rio participam principalmente os não muito preocupados com o resultado que vão alcançar, até porque as condições de clima costumam não ajudar.

Já na capital gaúcha, também com percurso plano, a temperatura fria ou gelada é um fator primordial, apesar de que neste ano não foi como esperado pelos inscritos, que costumam estar bem treinados e buscando marcas, seja o recorde pessoal, a qualificação para Boston ou o ingresso no seletivo Ranking Brasileiro de Maratonistas, montado pelo site da CR.

No Ranking deste ano, enquanto 51,1% dos 7.210 concluintes no Rio conseguiram se ranquear, em Porto Alegre eles foram 71,9% dos 4.086 que terminaram. Curiosamente, a prova gaúcha que sempre liderou o percentual de ingressantes no Ranking da CR, pelas condições que oferece, mas também pela “qualidade” de seus participantes, perdeu o posto em 2022 para uma maratona que aconteceu em Brusque (percurso aferido!), com incríveis 83,4% dos 103 concluintes ingressando; neste ano não está prevista a Fibra Fisio Marathon. Já a Nilson Lima, de Uberlândia, mesmo com trajeto cheio de subidas, alcançou em maio último 65%, graças à participação expressiva de corredores em grande forma.

Com o intervalo de duas semanas, no próximo ano, alguns do que forem fazer os 42 km cariocas (ou os 21 km, obviamente) talvez se proponham a encará-los como um treinão de luxo para a maratona de PoA, o que é algo pouco aconselhado por treinadores, mas que muita gente realiza sem grandes problemas e até com sucesso, desde que faça o devido descanso entre as provas.

Eu, por exemplo, corri em 2022 a Maratona de Nova York (06/11), procurando não forçar e completei em 5h37. E dois domingos depois (20/11) fiz a de Curitiba, como segunda tentativa para entrar no Ranking da CR, já que não tinha conseguido no Rio. Apesar dos percursos bem semelhantes e difíceis das duas provas, assim como o clima igual no ano passado, consegui terminar em 5h13 e fui ranqueado, já que o tempo-limite de minha faixa etária (75/79 anos) é sub 5h25.

O importante é lembrar que, para correr bem os 42 km, um bom treinamento deve ser feito e isto é fundamental. O clima no dia e a altimetria do percurso são fatores importantes, assim como o abastecimento e a organização geral da maratona, mas sem treino tudo fica complicado, dolorido e triste, sem aquela gostosa sensação de vitória no final, independentemente do resultado alcançado.

As duas provas já estão com inscrições abertas pelos sites www.maratonadorio.com.br e www.maratonadeportoalegre.com.br

Tomaz Lourenço é jornalista, 76 anos; lançou a revista Contra-Relógio em outubro de 1993, sendo seu editor até a última edição em abril de 2021. Correu mais de 60 maratonas no Brasil e exterior, além de 2 Comrades; seu recorde nos 42 km foi ao estrear na distância, em Blumenau 1992, com 3h04.