A São Paulo City Marathon teve sua segunda edição no dia 30 de julho, com 3.786 concluintes (17% de mulheres). Já a meia-maratona realizada simultaneamente contou com 6.970 corredores cruzando a linha de chegada dentro do Jockey Club (39% de mulheres).
Organizada pela Iguana Sports, a prova largou diante do Estádio do Pacaembu e permitiu aos participantes fazer um verdadeiro passeio pela capital paulista, incluindo pontos tradicionais como o cruzamento da Avenida Ipiranga com a São João, o Theatro Municipal, a Praça da Sé, a Avenida 23 de Maio, o Parque do Ibirapuera, o Parque Villa-Lobos e a Universidade de São Paulo.
Em termos de dificuldade, a prova este ano trocou a subida da Brigadeiro Luís Antonio pela Avenida 23 de Maio, o que diminuiu o ponto mais alto de elevação, porém exigiu dos corredores, pois o trecho de subida foi longo e constante, superando os três quilômetros de extensão.
Falando ainda em altimetria, a primeira metade (trajeto comum à meia-maratona) é bem mais complicada, pois tem ainda a passagem por dois túneis, além de um trecho sinuoso na região do centro velho. Já a segunda parte da maratona é praticamente toda plana, tendo somente subidas e descidas curtas.
Na elite, o ganhador dos 42 km foi o brasileiro Laurindo Neto, com 2:20:09 (recorde da prova). Entre as mulheres, a primeira colocação ficou com a queniana Tecla Chebet (2:45:50), também a melhor marca do evento. No feminino, a brasileira Gisele Jesus terminou em segundo lugar, com 2:57:34, sendo o destaque nacional. O resultado completo pode ser acessado no site http://runcities.com.br/sp/home/.
DESTAQUES. No calendário brasileiro de maratonas, a São Paulo City elevou o nível de organização devido à adoção de algumas medidas defendidas pela Contra-Relógio há muitos anos. A começar pela largada bem cedo, a partir das 6h (algo primordial para provas de 42 km aqui no Brasil), e a implantação de ondas e com baias de tempo, controlando-se o ingresso. Neste caso, muita gente superestimou seu tempo de conclusão, trazendo lentidão no início; apenas no "Pelotão A" foi exigido a comprovação de tempo. Também muitos pularam as grades, desrespeitando quem aguardava no lugar correto. Por outro lado, havia ótimo controle de acesso às baias, ou seja, a organização fez a parte dela nesse quesito. Uma queima de fogos na largada também chamou a atenção.
Hidratação com água e isotônico a cada 3 km em média, além de dois pontos de gel em carboidrato nos 42 km (também de frutas, amendoim salgado e refrigerante), tapetes de controle ao longo do percurso para fiscalização de passagem e para informação posterior ao corredor sobre suas passagens, banheiros químicos ao longo do percurso e rápida divulgação dos resultados (com o envio de SMS nas passagens dos 5 km, 10 km, meia-maratona e na chegada aos inscritos na maratona) foram outros pontos de destaque.
A data do evento (sempre no último domingo de julho), complementa os atrativos, pois a temperatura sempre será boa para correr devido ao horário da largada. A maioria dos corredores completa entre 4h e 4h30, dessa forma, independentemente da onda de largada, estará concluindo os 42 km entre 10h e 11h, quando os termômetros marcavam ainda menos de 20 graus. Dos 3.786 concluintes neste ano, apenas 1.289 fecharam a maratona em menos de 4h.
MELHORIAS ESTE ANO. Alguns problemas registrados na primeira edição também foram resolvidos, como a agilidade nos ônibus guarda-volumes na largada (com o kit de participação, os corredores receberam uma sacola plástica com o número de peito já escrito e todos os pertences teriam de ser acondicionados nela, uma medida simples e comum no exterior, que facilita todo o processo). Na chegada, a proximidade do guarda-volumes com o pórtico de chegada e a arena do evento também foi excelente (em 2016, estava bem distante).
Um dos lemas da organização é o de fazer os corredores terem a vivência de uma prova internacional, porém falta muito, não por falha da prova, mas porque a população não se envolve, ainda mais em um evento com largada às 6 horas. Para "compensar", os integrantes do staff estiveram sempre animados e houve grupos de diferentes ritmos musicais, como diante do Theatro Municipal (quarteto de cordas) ou dentro do túnel (rock), dois momentos de muito destaque.
Já a segunda metade da prova, principalmente na USP e na Avenida Politécnica, é extremamente monótona. Nesses dois locais, para 2018, a organização poderia pensar também em atrativos musicais e outras medidas de animação.
FEIRA DISTANTE. Mantendo a comparação com provas internacionais, a largada/chegada e a feira de entrega de kits são caracterizadas pelo acesso facilitado no transporte público (trem, metrô e ônibus, ou todos em grande parte dos casos) ou do translado oferecido pela organização sem custo extra (como em Nova York, por exemplo).
Porém, na São Paulo City Marathon, uma das críticas mais pontuais dos entrevistados pela Contra-Relógio (e também nas redes sociais) foi sobre o local da expo, de difícil acesso tanto para os moradores da capital quanto e principalmente para quem é de fora da cidade, além do alto custo do estacionamento (R$ 48!!!), além da cobrança extra pelo ônibus que levou os corredores do Jockey Club (chegada) para o Estádio do Pacaembu (largada).
Inscrições para 2018
Os interessados em correr a edição do próximo ano da São Paulo City Marathon já podem fazer a inscrição. O evento, que mais uma vez terá percursos de 42 km e 21 km, está marcado para o dia 29 de julho, novamente com a largada no Estádio do Pacaembu e a chegada no Jockey Club.
A SP City Marathon faz parte de um circuito, que conta com meias-maratonas em Brasília (12/11) e no Rio de Janeiro (08/04/2018). Mais informações e inscrições em www.runcities.com.br.
A opinião de quem correu os 21 e os 42 km da São Paulo City
QUEIMA DE FOGOS. "Uma prova de padrão internacional, com largada separada por ritmos e queima de fogos, o que deu um charme especial ao início. As bandas de diversos estilos, durante o percurso, não deixaram a prova ficar monótona e animaram os corredores em um percurso cheio de ‘sobe-desce'. A chegada foi bem organizada, separando e orientando os atletas da meia e os da maratona, tendo uma boa dispersão, sem causar tumultos na entrega de medalhas e lanches."
Vanessa Menezes, de Santos
APLICATIVO ÚTIL. "A São Paulo City Marathon me surpreendeu positivamente já desde a feira da retirada dos kits, com diversas opções de produtos nos vários estandes, palestras, lindos painéis para fotos e com os nomes dos inscritos, além das opções dos serviços pagos, como ônibus, fotos, massagens, personalização da camiseta e gravação de medalhas.
Quanto à prova, melhoraram bem a logística do guarda-volumes, tanto na largada (que foi emocionante, pelos fogos) como na chegada. A hidratação com água e isotônico, e a distribuição de bananas, géis de carboidrato, pomada, amendoim, refrigerante e esponja foi perfeita. Não precisei me preocupar em levar nada. As bandas pelo percurso também animaram o pessoal. O kit pós-prova com toalha foi bem legal. Medalha muito linda. E a arena de chegada tinha uma excelente estrutura e espaço adequado, só penei um pouco com a fila para gravação na medalha.
Em relação ao percurso, preferi a Avenida 23 de Maio em relação à Brigadeiro, apesar de sentir que a subida, embora tenha sido mais leve, foi mais extensa. A maratona foi um belo passeio pela cidade de São Paulo.
Finalizando, gostei muito da disponibilização do resultado com o certificado e as parciais dos 5 km, 10 km e meia-maratona, que são marcas que os corredores gostam de saber. O aplicativo Race Day também foi muito útil para os amigos me acompanharem durante a prova. A única melhoria seria disponibilizar a opção de quilômetros e não milhas no aplicativo."
Eduardo Toshikazu Hanada, de São José
ESTACIONAMENTO POR PREÇO ABSURDO. "De modo geral, o evento foi excelente. O lado negativo ficou por conta da retirada do kit, muito distante, e também pelo preço do estacionamento, um absurdo (R$ 48,00)! Tudo bem que a organização disponibilizou ônibus a partir do shopping, mas era restrito somente aos inscritos, e como a maioria dos inscritos de fora traz a família, causou uma revolta considerável não somente em mim, mas em todos que precisaram do estacionamento. Sobre o dia da prova, achei tudo perfeito: horário de largada excelente, baias bem organizadas com controle de acesso, percurso bom por avenidas amplas, hidratação perfeita com os staffs incentivando e cumprimentando a cada ponto. Sou meio suspeito para opinar, já que foi a minha primeira maratona e não tenho referência, mas não mudaria nada do que vivenciei na São Paulo City Marathon."
José Luciano da Paz, de Itapetininga
DESRESPEITO NAS BAIAS. "Pontos positivos: O fato de a prova ser realizada no Inverno e com horário de largada coerente, além da divisão por baias. Hidratação com água e isotônico dentro do esperado. Também gostei muito do percurso, com pouca elevação, proporcionando a todos a oportunidade de recordes pessoais, além de passar pelos locais mais ‘adorados' pelos corredores de São Paulo, como Ibirapuera, Parque Villa Lobos e USP; e também por alguns pontos turísticos, como o Estádio do Pacaembu, o Teatro Municipal e o Jockey Club.
Pontos negativos: Presenciei vários corredores pulando a grade de acesso às baias, pois os pontos de acesso estavam tumultuados e, para não ‘perder' o horário da largada, essa foi a atitude de muitos. Outra coisa lamentável que presenciei (neste caso não sei se é culpa da organizadora ou do mau caráter do ser humano mesmo) é que os corredores com mais de 60 anos de idade utilizavam o número de peito na cor vermelha; porém vi alguns com número vermelho que não tinham nem 40 anos! Infelizmente, a falta de ética está em todos os lugares. Também considero abusivo o valor do estacionamento da expo, e o desconto de 50% para os idosos ser apenas sobre o valor integral da inscrição (que neste caso era de R$ 240), e não sobre o valor promocional de quando abriram as inscrições (R$ 160)."
Walmir Passarelli Neto, de São Paulo
PÓS-PROVA MUITO BOM. "Muito bem organizada, não houve tumulto para entrada nas baias de largada, pelo menos na que eu estava (pelotão A). Horário da prova excelente, a temperatura estava ótima, o fornecimento de água/isotônico foi muito bom e o percurso é bem técnico, com muitas curvas e bastante aclive e declive. Apesar de não ter subidas tão íngremes, as mesmas são extensas (principalmente a da Avenida 23 de Maio e do último túnel). Assim, mesmo com a dificuldade do percurso, consegui fazer um bom tempo e conquistar a medalha de Top 100. O pós-prova foi muito bom, onde o corredor tinha a opção de massagem, fazer crioterapia e utilizar botas de compressão e de gelo (eu utilizei ambas e gostei muito).
Como ponto negativo, destaco que a expo deveria ser realizada em local mais acessível, ou pelo menos com o estacionamento gratuito, bem como não deveria ser cobrado pela utilização do ônibus da chegada até a largada para os concluintes da prova, visto o valor da inscrição."
Thiago Santos Teófilo, de Atibaia
NO RANKING DA CR. "Foi a minha sexta maratona, mas a primeira em São Paulo. Em 2016, havia feito a meia da São Paulo City, porém, neste ano por não conseguir o índice para configurar no Ranking de Maratonistas da Contra-Relógio, no Rio de Janeiro em junho, resolvi que seria o momento de correr os 42.195 m pelas ruas paulistanas.
Retirei meu kit no sábado à tarde na e, já sabendo do alto valor cobrado no estacionamento, utilizei o trem. Vários expositores e ações como palestras ou massagens preenchiam o espaço, além dos painéis (nomes dos inscritos/ medalha/ totem) em que os corredores faziam fila para registrar o momento.
Na largada, a organização controlou o acesso dos corredores nos pelotões corretos, mas vi vários reclamando ou pulando grades. Assim, sempre há reclamação de não haver controle de entrada, entretanto, quando há, não se respeita. Porém na minha baia (onda 2 – pelotão D), o responsável estava firme e não permitia a entrada de quem não tinha direito.
Larguei por volta das 6h15 e fui bem cautelosa para manter um ritmo confortável. No caminho, várias bandas de música e postos de hidratação que se alternavam entre isotônico e água. Após a metade do percurso, outros postos com banana e dois com gel de carboidrato. Dentro da USP, por volta do km 30, havia entrega de esponjas para refrescar e vi vários banheiros químicos espalhados pelo trajeto, além de tapetes para controle de tempo dos corredores.
Na chegada dentro do Jockey, vários produtos (toalhinha, barra de cereal, Gatorade, bolinho, bebida com whey protein) eram entregues aos corredores, que carregavam tudo com dificuldade. Facilitaria se os produtos estivessem acondicionados dentro de uma sacola. Ao me dirigir a uma staff para retirar a medalha, percebi que ela me entregaria na mão, mas eu, impossibilitada de pegar qualquer outro objeto, falei: "Coloca no meu pescoço, eu mereço". E merecia mesmo, pois cumpri meu objetivo e fechei a prova no limite de tempo da minha faixa etária para entrar para o Ranking de Maratonistas da Contra-Relógio!"
Regeane Silva, de São Paulo
FEIRA EM LOCAL INADEQUADO. "Estava muito apreensivo pela saída da Asics como patrocinadora do evento, porém, não houve queda da qualidade. Ótima hidratação, horário da largada sensacional, percurso bom e pós-prova excelente. Só critico, como no ano passado, o local da feira. Horrível já para quem mora em São Paulo; imagino para os turistas. Deveria ser em um lugar mais central."
Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro
VENTILADORES EXTRAS. "Uma das melhores maratonas que participei em termos de organização. Tendo o horário da largada ideal (a partir das 6h) para uma prova de 42 km no Brasil e sendo feita em ondas, o que facilita a busca de performance, porém ainda precisa de alguns ajustes no controle de entrada das baias, onde havia várias pessoas em locais que não correspondiam à inscrição, mas acredito que isso faz parte da falta de educação do corredor. A hidratação esteve perfeita, com bastante opção em todo o percurso. Gostei também dos ventiladores colocados no túnel de acesso ao Jockey Club para amenizar a sensação de falta de ar nessa parte da prova e dar um empurrãzinho, com o vento a favor. O único ponto negativo continua sendo o local de entrega dos kits, em uma região com acesso complicado, principalmente para quem é de fora de São Paulo."
José Nilson, de Santos