Notícias admin 4 de outubro de 2010 (0) (96)

Primeira prova em Angola!

Mas quando cheguei vi que não seria tão fácil! As ruas têm muito movimento, e nem sempre é possível correr pelas calçadas. Faz calor o ano todo, mesmo logo cedo (já peguei 25°C antes das 8 h da manhã!), quando estou acostumado a treinar (já que à noite muitas ruas não possuem iluminação). Mesmo com todas as dificuldades, pulo cedo da cama para disputar o lugar nas ruas cheias de vans e motos! Só ainda não tinha visto nenhuma prova de rua aqui na cidade, apesar de ouvir falar bastante da São Silvestre que acontece em Luanda.

Depois de 9 meses finalmente fiquei sabendo que haveria uma prova de 5,5 km no dia 30 de março – era a chance de conseguir participar de alguma competição em Angola, depois de tantos treinos. Fui convidado pelo secretário local de Juventude e Desportos, e no domingo cedo segui para o local indicado para a largada, contando com a torcida de toda a equipe do projeto que trabalho em Angola. Chegando ao local, descobri que a prova era exclusiva para os funcionários de uma grande cervejaria (a maior do país), mas que eu poderia participar como convidado, desde que não concorresse aos prêmios. Nada mais justo.

Só de meias. Eram cerca de 70 corredores, a maioria com trajes de futebol e com chuteiras ou tênis sem qualquer amortecimento (vi até um corredor largando apenas de meias!!!). A largada foi atrasada das 8h para às 9h, o que complicou para a maioria, devido ao calor infernal que já fazia logo cedo. A organização mostrou-se muito boa (apesar da mudança do horário), levando-se em conta a realidade local: camisetas para todos com o número já preso, percurso bem sinalizado nas esquinas (porém sem as placas a cada km), e povo incentivando nas ruas (crianças, principalmente).

Eu larguei lá atrás do pelotão, tomando cuidado para não sair com tudo e ser traído depois pelo calor. Com menos de 10 minutos de prova, eu já estava entre os 10 primeiros – os ponteiros não estavam tão distantes, e eu conseguia contar os corredores à minha frente. Mantive o ritmo e fui passando mais alguns pelo caminho, mas o calor foi apertando. A temperatura beirava os 30°C e eu já estava torcendo para a prova terminar logo!

Na chegada (com 22:30), com direito a "aviãozinho" e tudo, mais surpresas: uma ampla área de dispersão, água à vontade, sanduíches para os corredores e até chope (afinal de contas, a patrocinadora era uma cervejaria)! Além disso, meus colegas avisaram que eu tinha terminado a prova em 4° lugar no geral, o que realmente não esperava! Acho que alguns competidores ficaram pelo caminho no trecho final, sem que eu os visse.

O resultado, então, foi bastante comemorado, ainda mais por se tratar de minha primeira prova em continente africano! Não ganhei o microondas destinado ao 4° colocado porque era convidado (não seria justo com os funcionários), mas fiz questão de cumprimentar o campeão – Marcos Borges – que chegou com 21:45 e levou uma moto zerinho!

O mundo das corridas é mesmo fascinante! Não importa o local, a estrutura ou duração da prova; cada corrida torna-se especial pelos seus detalhes e pelas experiências que levamos. E aqui em Angola, mesmo em condições bem diferentes daquelas que encontramos nos estruturados e bem-cuidados parques das cidades brasileiras, cruzo diariamente com vários corredores que saem da cama logo cedo para encarar seus treinos, sem ipods, tênis de última geração, carbos em gel ou isotônicos! A paixão pelo esporte é a mesma em qualquer lugar do mundo e fica muito acima de todas as dificuldades!

André Augusto Choma é assinante de Curitiba

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