Em uma roda de bate-papo de corredores, ao se citar a África não há como a ultramaratona Comrades não entrar de alguma forma na conversa. Hoje ela é bem conhecida dos brasileiros, depois que a revista realizou reportagens especiais, em função da participação do editor da CR em 2007 e 2008. Porém, o Continente Africano é muito mais do que a mítica e inesquecível prova sul-africana.
Nessa sequência da viagem pelo mundo por meias e maratonas publicada pela Contra-Relógio, que começou em agosto de 2016 em Portugal, chegamos então à África e apresentaremos 12 provas em 8 países (Marrocos, África do Sul, Quênia, Costa do Marfim, Egito, Tanzânia, Ruanda e Zimbábue). Eventos com opções de 21 km a 56 km, sendo a maioria de maratonas. Todas fazem parte do calendário da Association of International Marathons and Distance Races (AIMS) e muitas têm selo de certificação da IAAF.
O interessante é que vários dos eventos têm caráter social e o objetivo de valorizar e criar oportunidades para os corredores da região, além do investimento no turismo. É a união entre o esporte e a sociedade, algo muito claro na África e em segundo plano nos outros continentes. É possível correr por savanas em meio a leões, tigres, antílopes… subir o Monte Kilimanjaro, imaginar histórias das mil e uma noites no Marrocos, circular por monumentos milenares no Egito e, ao mesmo tempo, celebrar a paz em Ruanda e valorizar o legado de Nelson Mandela em Pietermaritzburg.
Marathon International de Casablanca
Marrocos – 29 de outubro
21 km e 42 km
http://wecasablanca.com/marathon/
O passeio pela África começa pelo Marrocos, especificamente em Casablanca, que desde 2008 organiza uma maratona internacional. O evento, inclusive, foi criado com o objetivo de fazer as pessoas conhecerem a cidade de uma forma diferente, correndo pelos principais monumentos e pontos turísticos. O percurso, plano, é um verdadeiro "city tour".
Solidariedade e resistência estão entre os lemas da organização. A prova terá a décima edição no final deste mês, no dia 29 de outubro, sob a organização pelo segundo ano consecutivo da Casablanca Events & Animation, com a participação da Federação de Atletismo do Marrocos e da Liga de Atletismo de Casablanca.
Uma metrópole com a arquitetura inspirada na francesa Marselha (com exemplos de art déco e art nouveau nos bulevares), o maior porto do Norte da África, centro financeiro e industrial do Marrocos e com cerca de 4 milhões de habitantes. Seja bem-vindo a Casablanca. A principal atração turística é a mesquita de Hassan 2º, a segunda maior do mundo, construída em 1993. No Le Corniche (o calçadão à beira do Atlântico) há clubes e bares em praias exclusivas.
A opção hoteleira vem melhorando bastante, principalmente na região litorânea. O que facilita a hospedagem para a corrida. Para os estrangeiros, a inscrição (com cartão de crédito internacional) custa 30 euros nos 42 km e 20 euros na meia-maratona. A prova tem largada e chegada no mesmo ponto, a Vila dos Atletas, instalada entre a mesquita de Hassan e a região de El Hank. O local ficará aberto por três dias, de 27 a 29 de outubro, concentrando também a expo de entrega dos kits e diversas atrações.
Nairobi Marathon
Quênia – 29 de outubro
29 km e 42 km
http://www.nairobimarathon.com
Saindo do Marrocos, chegamos ao Quênia, mais especialmente a Nairobi, que recebe a maratona também agora no final de outubro, com a opção de uma meia-maratona de 29 km. Isso mesmo, o nome é tradicional, mas a distância bem mais longa!
A Standard Chartered Nairobi Marathon é um evento anual e social, tendo início em 2003 com 4 mil participantes e atualmente supera os 20 mil corredores, somando todas as distâncias. De acordo com os organizadores, os lemas da prova são os de divulgar o perfil do Quênia internacionalmente; identificar e ajudar no desenvolvimento de atletas locais; ajudar a impulsionar o turismo; criar um evento comunitário para diversão de todos e de caráter beneficente para as entidades de Nairobi.
A prova tem largada e chegada no Estádio Nacional de Nyayo, sendo predominantemente plana. A primeira parte do percurso é um loop urbano e, depois, os corredores seguem o passeio pela cidade em duas voltas.
O Quênia está no imaginário dos maratonistas, amadores ou não. Então, somente por esse motivo a viagem é interessante. O roteiro pode começar por Nairobi e pela maratona, mas vale tirar uns dias para passear pelo país e, quem sabe, até fazer uns treinos em Iten, onde há os centros de treinamentos dos quenianos de elite (com a possibilidade de amadores fazerem "campings" de preparação).
Capital queniana, Nairóbi tem os problemas tradicionais e as facilidades de grandes cidades. Se há favelas e pobreza, concentra os melhores bares, cinemas, cafés, restaurantes e lojas, sobretudo de artesanato local. São 3 milhões de habitantes e uma boa experiência turística.
Marathon de Côte D´Ivoire
Costa do Marfim – 15 de novembro
21 km e 42 km
http://www.marathondecotedivoire.com/
Banhada pelo Golfo da Guiné, a Costa do Marfim está localizada na África Ocidental. Sofreu influência portuguesa, quando os colonizadores comercializavam as presas de elefantes e outras mercadorias. Porém, no século 19, a França estabeleceu postos comerciais e assumiu a região como colônia, isso em 1893. A independência é bem recente, somente ocorreu em 1960.
A capital do país é Yamoussoukro, porém, o centro comercial e administrativo (sede de embaixadas inclusive) é Abidjan, ponto de partida da maratona (no Hôtel du District d'Abidjan). Chegando à terceira edição, a prova é organizada pela Zap Sport, mesma empresa da Maratona de Nice, na França. A expectativa é de que o evento reúna 15 mil participantes no dia 15 de novembro, em todas as distâncias.
O trajeto tem chegada no Parque de Esportes de Treichville. São duas voltas de 21 km na maratona.
The Egyptian Marathon
Egito – 12 de janeiro de 2018
42 km
http://www.egyptianmarathon.com/
Luxor guarda incríveis riquezas do Egito antigo. Os inúmeros templos, obeliscos e monumentos de Karnak são uma parte das atrações turísticas locais e também da Egyptian Marathon, que chega à 25ª edição, no dia 12 de janeiro.
A cidade é cortada pelo Rio Nilo. Na margem oeste, há o ponto de partida de chegada da maratona, o santuário de Hatshepsut e o Vale dos Reis, com câmaras mortuárias de faraós como Ramsés 2º. Outras atrações desse lado do rio incluem o Ramesseu e os Colossos de Memnon (também no roteiro da maratona, formada por grandes retas e com tempo de conclusão de 6h no máximo).
Na margem leste, o Templo de Luxor (outra atração presente nos 42 km). É desse lado da cidade que se encontram as melhores opções de hospedagem e alimentação. Uma prova única, inesquecível, histórica e que conta com grande participação de estrangeiros (devido às atrações turísticas).
Marathon & Semi Marathon de Marrakech
Marrocos – 28 de janeiro de 2018
21 km e 42 km
http://www.marathon-marrakech.com/
Uma maratona plana, em uma cidade exótica, com patrocínio do rei Mohhamed 6º. A prova acontece em uma das quatro cidades imperiais de Marrocos, passa pelas antigas muralhas vermelhas e ruelas arborizadas com palmeiras, laranjeiras e oliveiras. O circuito dos 42 km é considerado um dos mais rápidos do mundo, tanto que o etíope Adhiana Gebretsakid venceu com 2:08:55 a edição deste ano.
A largada e chegada ocorrem na Avenida de La Menara (atrás do Hotel Sofitel), com os 42 km partindo às 8h e os 21 km às 8h30. O tempo limite de conclusão é de 5h30.
Em dois ou três dias é possível fazer um passeio completo por Marrakech (e então partir para outras regiões do Marrocos). Entre alguns dos pontos mais visitados, destacam-se a Praça Jemaa El-Fna (palco de decapitações até o século 19); a Medina (Cidade Antiga, em árabe), um dos locais mais tradicionais, mesclando história, artesãos e os souks (mercados de rua e organizados segundo o tipo de produtos comercializados); o Museu de Marrakech e o Herboriste du Paradis; Saadiam Tumbs (com túmulos da família Saadian e de pessoas ligadas ao sultão); Jardim Majorelle; Guéliz (a região moderna da cidade, com edifícios, grandes praças e ambientes internacionais) e Jardim de Menara (com o sistema de irrigação das oliveiras e presente no percurso da maratona), além de uma visita à cidade de Essaouira, localizada na costa do Oceano Atlântico.
Kilimanjaro Marathon
Tanzânia – 4 de março de 2018
21 km e 42 km
http://www.kilimanjaromarathon.com/
Situado na Tanzânia e com 5.895 metros, o Monte Kilimanjaro é a montanha mais alta da África e de todo o mundo (essa classificação é por não fazer parte de uma cordilheira, como o Himalaia ou o Aconcágua). Grandes geleiras permanentes fluem para baixo do cume e a enorme montanha domina toda a área. De acordo com os organizadores, "Kili", como o monte é carinhosamente chamado, "é uma das visões que cada pessoa deve ver pelo menos uma vez na vida".
Todos os anos, uma maratona, uma meia-maratona e uma corrida festiva de 5 km serão realizadas na cidade de Moshi. O evento foi criado em 2002 para promover o esporte na Tanzânia e tem o apoio oficial do Conselho de Turismo da Tanzânia, da Associação de Atletismo Amador da Tanzânia, da IAAF e está cadastrado no AIMS.
O percurso da maratona larga no Estádio de Moshi e dirige-se para a cidade. Depois, segue pela estrada principal para Dar es Salaam por aproximadamente 8-9 km. Essa parte é relativamente plana e há boa presença de público. Mais uma rota pela cidade de Moshi e, então, os corredores partem em direção à principal atração, o Monte Kilimanjaro, enfrentando uma longa e constante subida para Mweka. Os organizadores informam que a "a escalada é gradual, mas com o Kilimanjaro acima e todos os aldeões locais para animá-lo, o tempo passa rapidamente". O ponto de retorno ocorre no km 32 e, a partir daí, os 10 km finais são um rápido declive em direção ao estádio.
Nos 21 km, a largada ocorre também no Estádio de Moshi e, depois de um curto trajeto plano, segue o caminho para Mweka (como os 42 km), com o retorno no km 11 e 10 km de volta ao ponto de partida, também em leve descida. Dentro do estádio há uma grande festa, com bandas locais, entretenimento, público e comércio de comida e bebida.
A Kilimanjaro Marathon pode ser usada como índice para a Comrades, o que atrai muitos africanos.
Two Oceans Marathon
África do Sul – 31 de março de 2018
21 km e 56 km
http://www.twooceansmarathon.org.za/
Ao lado da Comrades, a Two Oceans é uma das ultramaratonas mais famosas do mundo e também uma das mais bonitas. O evento é composto principalmente pela corrida de 56 km e por uma meia-maratona. A Cidade do Cabo é banhada pelos oceanos Atlântico e Índico, por isso o nome do evento. A prova ocorre sempre no sábado que antecede o Domingo de Páscoa.
Na Sexta-feira Santa há mais quatro eventos. A Corrida da Amizade (International Friendship Run) de 5,6 km e as Funs Runs de 2,1 a 5,6 km. É realizada ainda a Two Oceans Trail Run, que leva os corredores através das florestas da região com belas vistas de toda a península. São duas distâncias: 12 km (com idade mínima a partir de 14 anos) e 24 km (de 18 anos em diante). Abertas a iniciantes e experientes em trilhas, as rotas passam por terreno variado com subidas íngremes e descidas técnicas, além de vistas de tirar o fôlego de toda a região.
Realizada desde 1970, a competição ganhou reputação ao longo dos anos e atrai uma grande quantidade de estrangeiros pela experiência única de correr apreciando o cenário lindíssimo dos dois oceanos (Atlântico e Índico) que margeiam a África do Sul. Uma visão que só os ultramaratonistas têm, já que a versão mais curta do evento, de 21 km, apesar de largar e chegar no mesmo local dos 56 km, tem um circuito completamente diferente, mais por dentro da cidade e não beirando o litoral.
A meia-maratona tem um percurso com predominância de subidas na primeira parte. Após os 10 km, os planos e as descidas são mais constantes. Já na ultra é exatamente o contrário. Na primeira metade, o percurso margeia o Índico, onde predominam planos e descidas. A segunda parte é a mais desafiadora e também a mais bonita, com grandes e intermináveis subidas, já costeando o Atlântico. Com destaque para a maravilhosa Chapman's Peak Drive, 8 km de estrada no meio de montanhas, que fica a 500 metros acima do nível do mar e proporciona uma das visões mais lindas do Atlântico. Via bem sinuosa, a estrada é literalmente à beira do abismo e, no sentindo contrário ao da prova, é o caminho que leva os turistas ao Cabo da Boa Esperança. Ou seja, o sobe e desce é constante, o que amplia as dificuldades dos 56 km.
Os tempos de conclusão são de 7 horas nos 56 km (com diversos pontos de corte ao longo do trajeto) e de 3 horas na meia-maratona.
Kigali International Peace Marathon
Ruanda – Maio de 2018
42 km
http://kigalimarathon.org/
No ano de 1994, cerca de 800 mil pessoas foram massacradas em Ruanda em apenas cem dias por extremistas étnicos hutus. Cerca de 85% dos moradores do país são hutus, mas a minoria tutsi esteve no controle durante muito tempo. Em 1959, o poder retornou aos hutus, os tutsis fugiram para países vizinhos, mas criaram um grupo rebelde, a Frente Patriótica Ruandesa (RPF). Houve luta entre 1990 e 1993.
Em 1994, o avião com os presidentes de Ruanda, Juvenal Habyarimana, e do Burundi, Cyprien Ntaryamira, ambos de origem hutu, foi derrubado. Extremistas hutus culparam a RPF, que por sua vez disse que foram os próprios hutus que abateram a aeronave para "legitimizar" o início do genocídio. Vizinhos mataram vizinhos e alguns maridos até assassinaram as mulheres tutsis para não serem mortos. Como as carteiras de identidade traziam a definição do grupo étnico naquela época, barreiras foram montadas nas ruas e os tutsis foram sendo mortos na hora, muitas vezes com facões.
Ruanda é um pequeno país sem litoral, localizado no leste da África. Uma nação pobre e ainda com as cicatrizes do genocídio. A Kigali International Peace Marathon, a Maratona da Paz, em uma tradução livre, foi criada justamente para celebrar a união e o respeito, fatores deixados de lado por décadas no país.
A prova ocorre em Kigali, capital da Ruanda. A principal área comercial e de compras fica em torno do Mille Collines Hotel, com o distrito do governo na vizinha colina de Kaciyiru. Os mercados, os artesanatos, o bairro muçulmano e o memorial do genocídio são alguns dos principais pontos turísticos. Na maratona são duas voltas de 21 km, com largada e chegada no Amahoro National Stadium. O trajeto é plano e o evento ocorre tradicionalmente em maio.
Big Five Marathon
África do Sul – 23 de junho de 2018
21 km e 42 km
http://big-five-marathon.com/
Leão, elefante, búfalo, leopardo e rinoceronte são os cinco mamíferos africanos selvagens de grande porte mais difíceis de serem caçados pelo homem. São os "Big Five", que dão origem à maratona na África do Sul. Ao imaginar o continente, se o que lhe vem à cabeça são as savanas, os safáris, o contato direto com a natureza pouco explorada, os animais no habitat natural, essa é a "sua prova".
O evento ocorre na Província de Limpopo, mais precisamente na reserva Safari Entabeni, no norte da África do Sul, situada entre Johanesburgo (distante cerca de 3 horas de carro) e o Parque Nacional Kruger.
Mesmo correndo no território dos leões, a segurança não é um problema, pois toda a área da prova é monitorada por helicópteros e guardas armados. Você estará sem cercas, sem rios, sem separação dos animais africanos, dos cinco grandes, e também de zebras, de girafas, de antílopes… Mesmo realizada no Inverno, o sol pode ser brutal nas savanas abertas. Além disso, o trajeto é bastante duro. O início e a linha de chegada estão situados no Lakeside Lodge.
A maratona tem dois pontos de corte ao longo do trajeto, nos km 26,5 (4h15 após a largada) e 32,5 (5h15). O tempo limite de conclusão é de 7 horas. Já a meia-maratona tem cortes nos km 10,5 (4h de prova) e 16,5 km (5h de corrida), com o término máximo em 6h45. O site oficial é completo e vale uma visita. Há seis opções de acomodação, com a descrição detalhada de cada uma. Para participar, são oferecidas duas opções de pacotes (prova + hospedagem) no site, sendo que uma delas já está esgotada para 2018, além da possibilidade de ir com agências oficiais de turismo (no Brasil, a Kamel Turismo vende a Maratona Big Five). Somente a inscrição custa 290 euros.
Fica uma sugestão: para quem já se inscreveu ou está projetando ir para a Comrades, que ocorrerá no dia 10 de junho, que tal esticar a viagem por duas semanas, ampliar as férias e fazer uma dobradinha, com a Big Five Marathon? Já estará na África do Sul mesmo…
Victoria Falls Marathon
Zimbábue – 1 de julho de 2018
7,5 km, 21 km e 42 km
http://www.vicfallsmarathon.com/
Uma das Sete Maravilhas do Mundo Natural e Patrimônio da Unesco, as Cataratas Vitória (Victoria Falls) estão localizadas na cidade de mesmo nome, no Zimbábue, e são o principal atrativo da maratona.
David Livingstone, missionário e explorador escocês, foi o primeiro europeu a ver as cataratas. Isto aconteceu no local agora conhecido como "Ilha Livingstone", na Zâmbia, onde se encontra a única terra acessível no meio das quedas d'água. Trata-se da maior catarata do mundo, baseada na largura de 1.708 metros e altura de 108 metros. Está localizada na divisa entre a Zâmbia e o Zimbábue; os dois lados merecem ser visitados.
A Maratona de Victoria Falls cresceu a partir do sucesso da Maratona do Kilimanjaro na Tanzânia. O projeto surgiu em 2005, com a edição inicial um ano depois, com somente 300 corredores, a maioria locais. A ideia principal foi o de usar o esporte como meio de atração do turismo da região. O que funcionou, pois o evento cresce a cada ano.
Trata-se de um evento único, sem falar dos atrativos extras, com passeios de barco pelo rio, safáris pela região e a prática de canoagem e rafting. O evento atrai corredores de países vizinhos e de todo o mundo.
A corrida larga no estacionamento do parque, passa pela Ponte Victoria Falls (com ampla vista das quedas d'água), segue em direção à Zâmbia, passando por algumas das paisagens mais espetaculares da África, como o Parque Nacional do Zambezi com ótima vista do rio, e termina na escola primária de Victoria Falls. O trajeto é predominantemente plano.
Mandela Day Marathon
África do Sul – Agosto de 2018
21 km e 42 km
http://www.mandeladaymarathon.org.za/Official_Site/
Pietermaritzburg é o ponto de chegada da Comrades nos anos ímpares e de largada nos pares. É também a cidade da Mandela Day Marathon. A maratona larga no Manaye Hall em iMbali, onde Nelson Mandela fez o último discurso como homem livre em 1962, antes de ser preso pela polícia do apartheid em Howick, no dia 5 de agosto, no ponto agora conhecido como Capture Site (local de captura, em uma tradução livre).
O ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, resume bem a história de Madiba, como Mandela é conhecido na África do Sul, e a importância da maratona local. "O esporte é uma ferramenta para promover a estabilidade social, o patriotismo e os níveis crescentes de saúde e consciência social, inclusão e respeito mútuo. Participar e ganhar uma maratona exige muito do participante. Requer horas de treinamento, disciplina e compreensão da tarefa. Na verdade, a vida de Mandela foi justamente uma maratona. Através da corrida, queremos celebrar o triunfo do espírito humano, a disciplina que significou passar 27 anos na prisão por causa da compreensão do que ele queria realizar no final. A maratona deve evocar o espírito de abnegação, o compromisso de ajudar os outros seres humanos, que são algumas das qualidades que definem Mandela. Através desta maratona, queremos ver mais de nossos corredores locais participando e indo bem em corridas como a Two Oceans e a lendária Comrades. A maratona deve ajudar a desenterrar, desenvolver e promover nossos atletas, aumentando ainda mais o perfil turístico de nossa região", afirma Kofi Annan, retratando muito bem o espírito da Mandela Day Marathon.
Cap Town Marathon
África do Sul – Setembro de 2018
22 km e 42 km
http://www.capetownmarathon.com/
Conscientemente, o passeio pelo Continente Africano termina na Cidade do Cabo, localizada aos pés da Table Mountain (um platô de 1.086 metros em formato de mesa). A capital legislativa da África do Sul está recheada de trilhas, parques e praias (Clifton e Camps Bay são dois destaques). Castelos, igrejas e museus se misturam a bares, restaurantes e uma animada vida noturna. Uma certeza na Cidade do Cabo: a vida deve ser aproveitada nas ruas, ao ar livre. Inclusive, além dos 42 km, há uma opção de 22 km de trail run.
Bo-Kaap, com casas coloridas, é o reduto muçulmano, criado no século 18 com a construção da primeira mesquita do país. Tamboer Skloof e Muizemberg narram a colonização inglesa. City Bowl, o coração comercial da cidade, revela traços da colonização holandesa em monumentos como o Castle of Good Hope (Castelo da Boa Esperança), originário do século 17. Isso tudo sem falar do próprio Cabo da Boa Esperança, um belo parque natural à beira-mar.
A maratona foi exatamente projetada para valorizar essa beleza natural da Cidade do Cabo. Ao longo de uma rota espetacular, os corredores apreciarão as montanhas e o litoral, bem como as atrações urbanas.
A prova tem largada na Beach Road, com os corredores podendo observar ao longo do trajeto os Doze Apóstolos, o Oceano Atlântico e a Ilha Robben (onde Mandela ficou preso), antes de voltar para o Farol de Mouille Point e dirigir-se ao Estádio da Cidade do Cabo (utilizado na Copa do Mundo de 2010). A maratona termina sob o majestoso cenário de Table Mountain na pista Green Point A Track.
De acordo com a organização, trata-se de um traçado ao mesmo tempo belo e rápido, indicado tanto para os estreantes ou pouco experientes nos 42 km como para aqueles em busca de recordes pessoais. Inclusive, é utilizado pelos sul-africanos para a obtenção de índices mundiais e olímpicos. Conta com selo ouro da IAAF e seis pontos de corte. O tempo limite de conclusão é de 6h30.
Dessa forma, pela bela Cidade do Cabo, terminamos o passeio pelo Continente Africano e, no mês de novembro nosso encontro será no Oriente Médio.