Algumas meias-maratonas no Brasil não chegam a ter mil participantes, mesmo com um histórico de boa organização. Dessa forma, chama atenção a presença maciça de brasileiros na última edição da Meia de Buenos Aires, dia 9 de setembro, que contou com 952 inscritos do país, recorde absoluto.

A principal razão para esse sucesso é a divulgação e promoção que vem sendo feita pela agência XTravel, de São Paulo, especialmente junto a equipes de corridas e treinadores, assim como pela publicidade na Contra-Relógio nos últimos anos. A agência acreditou no potencial da prova, procurou estimular melhoras na organização (as corridas argentinas, como as da América do Sul, estão aquém das realizadas por aqui, em todos os sentidos) e passou a ter exclusividade nas inscrições dos brasileiros.

Dessa forma o já surpreendente número de 500 corredores do país no ano passado, representando 15% dos 3.264 que completaram, quase que dobrou neste ano, mas o recorde foi marcado por um fato extremamente negativo: faltou água, em todos os postos, para a maioria dos corredores, em um dia excepcionalmente quente na capital argentina. Só os mais rápidos tiveram acesso ao precioso líquido.

Naturalmente que não existe explicação para a falta de água, pois em provas responsáveis o abastecimento já está garantido na véspera, quando não já posicionado pelo percurso, o que não se verificou lá. Igualmente o controle de trânsito nunca é grande coisa, com alguns motoristas cruzando o percurso ou demonstrando com grande irritação a insatisfação por estarem sendo atrapalhados pela prova. Curiosamente, é proibido colocar faixas nas ruas informando a população sobre a corrida (aqui no Brasil costuma ser obrigatório), assim como extremamente complicado conseguir que a polícia isole o percurso.

Mas, em compensação, a Meia de Buenos Aires acontece em percurso plano, geralmente com temperatura amena ou fria, por ruas e avenidas bonitas, valendo a pena a ida até a capital argentina. Porém, mais do que estes aspectos técnicos, o que parece estimular tantos brasileiros é mesmo a possibilidade de correr no "exterior", ou seja, de fazer uma viagem turística-esportiva, o que em termos de cotação do real atualmente é algo bem favorável. Como citado por um grupo de Brasília presente na Meia do Rio, a viagem que fariam na semana seguinte à Argentina iria sair mais em conta (avião, hotel, refeições) do que a que tinham realizado para correr a prova da Globo. Só não contavam com a falta de água… 

Foi a 19ª Meia-Maratona de Buenos Aires, que já teve melhores dias em termos de patrocínio e orçamento, atraindo a elite internacional pela sua ótima premiação. Nos últimos tempos praticamente não há prêmios, com a presença de atletas locais e alguns brasileiros. Este ano a vitória foi de Adriano Bastos (1:06:07), superando o argentino Oscar Cortinez, campeão nos últimos três anos. Adriano tinha sido 4º em 2004, 2º em 2005 e 3º em 2006. No feminino, vitória da argentina Sandra Alvarez, em 1:19:51. Nem todos os 952 brasileiros inscritos viajaram e muitos dos que participaram não completaram, em função do problema da água. Dessa forma, concluíram efetivamente 821.