Notícias admin 4 de outubro de 2010 (0) (116)

Em Roterdã, a cidade vive a maratona

3% da população correndo. Fomos (eu e minha mulher) para Roterdã via Frankfurt, onde dormi e aluguei um carro, já que seguiria para a Dinamarca após a prova. Ao chegar à cidade me surpreendi com o clima de evento que a prova acarreta: ruas sendo fechadas, posicionamento de equipes de TV, montagem dos pontos de apoio e a feira em si.  Considerando que eram 20 mil corredores nas distâncias de 42, 10 e 5 km e ainda num revezamento entre empresas, isto equivale a 3% da população da cidade!, sem falar no staff e voluntários. Na maratona em si, 6.903 corredores finalizaram a prova dia 13 de abril.

Roterdã é muito diferente de Amsterdã. É o maior porto marítimo da Europa, tem uma arquitetura moderna, possui belas universidades. A população se orgulha de ser a terra natal do filósofo cristão Erasmo. Não é uma cidade invadida por turistas como Amsterdã, e por isto tem um caráter mais holandês. O povo é extremamente cortês e afável.

Fiquei triste apenas com meu agente de viagens que me colocou em um hotel em outra cidade (Capelle aan den IJssel). Este erro, no dia da prova, me custou 2 km a mais de corrida, do estacionamento até a largada, onde cheguei 5 minutos antes do início. A cidade estava toda fechada para a prova. E pior, na corrida perdi 60 euros (que seria o táxi em caso de contusão para reencontrar minha esposa, Révia, que correu os 10 km no mesmo dia).

O ritmo na maratona. Sempre em minhas maratonas tenho uma estratégia clara e definida. O ritmo é definido nos treinos (e pretendia manter entre 5:45 a 5:55/km). Além disto, eu estava com medo de quebrar porque tinha perdido o dinheiro para qualquer emergência. E sempre largo por último para ter a sensação de estar melhor do que os outros corredores.

A largada é bonita, às 11 horas, logo atravessando a Ponte Erasmo. Do alto dela você vê aquela serpente humana de corredores traçando as ruas planas de Roterdã. Seguimos pelo lado sul da cidade e voltando à ponte por volta do km 26. Impressionava-me a simpatia do povo aplaudindo, as bandas de música e a cidade em si. Na volta corremos no centro, na área das universidades e pelo parque principal da cidade.

Apesar de saber que poderia apertar o passo, mantive a calma o tempo todo. Conversava com as pessoas, dava a mão para as crianças baterem e me divertia ao ver alguns maratonistas pararem para conversar e bater fotos com os amigos.

Quando passei o km 21 em 2h05, resolvi aumentar o ritmo, mas no km 28 comecei a passar por atletas aparentemente mais bem preparados que andavam e tinham cãibras. Então veio a lembrança que estava sem dinheiro e que seria complicado quebrar e voltar para o hotel.

Somente voltei a acelerar o passo no km 40, onde finalizei a prova ao som de "I will survive". Neste momento, empolgado com a música e com a multidão aplaudindo, me arrepiei. Fechei a prova com 4h08, sendo cumprimentado pelo prefeito, que fica recepcionando cada maratonista na linha de chegada. É impressionante como a prova é importante no calendário da cidade, sendo televisionada ao vivo por mais de 6 horas pela emissora local.

Somente tive um problema na chegada: existem dois portões, e eu e minha esposa nos desencontramos. Tive que esperar quase 1 hora por ela somente de roupa de corrida. Foi um tormento, já que a temperatura estava em 11 graus.

Quando nos encontramos, fomos para um restaurante perto do rio que corta a cidade, onde existem vários bares e pubs. No caminho, as pessoas que me viam com a medalha no peito davam as congratulações, e ao chegar ao píer, alguns me aplaudiam pelo fato de ter terminado a prova. Fiquei extremamente emocionado. Depois aproveitei para tomar uns chopes com sopa de tomate (ninguém é de ferro…).

Esta foi minha terceira prova internacional e achei a organização impecável. Recomendo com segurança a todos.

Paulo André P. Lima é assinante de Fortaleza

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