20 de setembro de 2024

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Notícias admin 4 de outubro de 2010 (0) (163)

A rápida Maratona de Dubai

Dia 18 de janeiro participei da Maratona de Dubai, aproveitando as férias que eu e minha esposa tiramos para visitar parte do Oriente Médio. Nunca imaginei correr uma maratona no deserto e confesso que fiquei receoso em estar em um evento pouco conhecido e em um lugar distante e exótico. Meu treinador ficou com cara de espanto e me perguntou: mas por que lá e não numa prova famosa? Mesmo assim fiz a inscrição através de um site meio obscuro com quase nenhuma informação sobre a prova e algumas poucas fotos do evento de 2007. Para se ter uma idéia, consegui a confirmação final de minha inscrição apenas uma semana antes da maratona. 

Mas, quem diria? Foi uma grata surpresa… Para começar, Dubai está em uma fase de ebulição econômica desde que o sheik (pronuncia-se sheirr) decidiu diminuir a dependência de petróleo e "abriu" Dubai (parte do atual Emirados Árabes Unidos) ao turismo e investimento externo. Tudo muito moderno, organizado e, até, futurista. E isto, contrastando com os hábitos e costumes milenares dos árabes do Golfo.

Mas vamos à prova! Como tudo em Dubai tem que ser grandioso, há um grande esforço das autoridades locais para tornar a prova uma das mais conhecidas do mundo e rivalizar com as famosas NY, Londres e outras. Só de prêmio, foram US$ 250 mil para o 1º lugar e mais a bagatela de US$ 1 milhão para quem batesse o recorde mundial, pertencente ao etíope Haile Gebrselassie. E com um grande patrocínio e expectativa, lá estava Haile na linha de largada recebendo merecidos aplausos.

Apenas 900 maratonistas foram ao local do kit, onde não havia feira e poucas informações repassadas aos atletas sobre as condições da prova, apesar de ser esta a oitava edição. Mas, como eu vinha com o espírito desarmado, não me surpreendi com a abismal diferença desta para uma qualquer bem conhecida maratona internacional. 

Largamos às 7 da manhã no parque central da cidade em um dia ensolarado. Felizmente, em janeiro a temperatura é amena (entre 14 a 21 graus Celsius e com alguma umidade pela proximidade do mar), diferentemente do calor insuportável do verão que chega a 45 graus. O trajeto é tão plano que faz Chicago parecer corrida de montanha. O percurso começa e termina perto do Distrito Financeiro, próximo a arranha-céus modernos e se dirige à costa do Golfo Pérsico, onde estão as grandes residências e os famosos hotéis/resorts da cidade, incluindo, entre eles, o famoso 7 estrelas Burj Al Arab, com sua forma de vela, decoração exagerada e preços caríssimos.

A maratona foi acompanhada de uma prova de 10 km e uma de 4 km com largadas às 10 h e com uma participação em torno de 8 mil corredores. Entre os atletas na maratona, maioria absoluta de estrangeiros, liderados pelos ingleses, irlandeses, suecos e americanos. De latinos, vi apenas um mexicano e, quem diria, um outro brasileiro, de Londrina, que encontrei na chegada.

A prova é rápida, muito bem organizada, com excelente hidratação, frutas, serviço médico e um grupo enorme de ajudantes ao longo do percurso. É tão rápida que Haile não bateu seu próprio recorde mundial pela diferença de apenas 28 segundos (ver matéria na CR de fevereiro). Mesmo assim, isto não diminuiu a festa dos etíopes que moram e trabalham na cidade.

De negativo, o circuito é monótono por ser ida e volta e ter pouca torcida ao longo das avenidas. A chegada também é um pouco frustrante por ser apertada, com poucas pessoas para celebrar e nada além de água para os concluintes. Em compensação, a medalha é a mais bonita que já vi em 10 anos de corridas.

Terminei minha sexta maratona em 3:53:33, bem mais lento que meus últimos tempos, já que treinei pouco, após o nascimento de minha filha. Por isso relaxei e curti muito a prova e o visual moderno da cidade, aproveitando também para perder alguns quilos ganhos com as fartas refeições da deliciosa comida árabe.

Somando prós e contras, recomendo a prova para quem quiser fazer boa marca e, ao mesmo tempo, conhecer e usar Dubai como porta de entrada para visitar outros países no Oriente Médio. E, depois da prova, aproveitar para tomar um banho de mar no Golfo Pérsico.

Saulo Holzmann é assinante de São Paulo

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