Notícias admin 31 de janeiro de 2017 (0) (164)

Boston ainda mais seletiva

Como temos mostrado nos últimos anos em reportagens da Contra-Relógio, a média de tempos de conclusão de maratonas vem subindo mundialmente. Há uma explicação normal: o crescimento vem sendo alavancado por pessoas que procuram a corrida como qualidade de vida e saúde, ficando a performance em segundo plano.
Por isso, chama a atenção o contraste dessa situação atual com a Maratona de Boston, que exige tempos de qualificação (e que vem sendo ainda diminuídos), mas mesmo assim tem a cada ano maior procura, e os brasileiros não fogem a essa regra, apesar do câmbio desfavorável (e os altos custos da inscrição/hospedagem) .
Para a edição de 2017 de Boston, que contará com a presença do editor da Contra-Relógio, Tomaz Lourenço, na comemoração dos seus 70 anos (leia texto no box), foi registrado um recorde absoluto de 199 brasileiros inscritos até o último balanço divulgado (existe a possibilidade ainda de entrar na prova por ações de caridade, vagas de patrocinadores e agências de turismo brasileiras e internacionais que têm vagas garantidas, como ocorre em todas as Majors e nas principais maratonas do mundo).
Em termos de números, foram 26.171 inscrições enviadas durante as duas semanas do processo seletivo. Dessas, foram aceitas 23.214 pessoas, ficando ainda disponíveis outras quase 7 mil vagas para as situações citadas no parágrafo anterior. Mais informações podem ser conferidas em http://migre.me/vcAb9.
Segundo o balanço da organização, dos confirmados em Boston, 4.357 têm tempos 20 minutos ou mais rápidos do que o índice (como foi o caso do editor da CR); 7.105 conseguiram pelo menos 10 minutos; 6.845 nos 5 minutos ou mais; 4.497 sub 2:09 do índice e 410 foram aceitos por terem dez ou mais maratonas de Boston consecutivas completadas (o que garante a vaga, mediante o pagamento da inscrição, para sempre).
Por ser menor do que outras cidades que recebem uma Major (Londres, Berlim, Chicago, Nova York e Tóquio), há menos opções de hospedagem em Boston, e os preços sobem bastante no final de semana da maratona (marcada para 17 de abril, sendo ainda feriado de Páscoa). Na média, para um casal, sem café da manhã, o preço fica em 320 dólares a diária (mais de R$ 1 mil por dia!), o que acaba assustando bastante, isso sem falar na passagem aérea e nos 250 dólares da inscrição.

Qualificação para 2018
Quer correr em Boston 2018? A busca pelo índice já começou. A janela foi aberta no dia 19 de setembro e vai até o início de setembro de 2017. Os tempos-limite estão no quadro, devendo-se tomar como referência 3 minutos menos, para garantir a inscrição.

ÍNDICES PARA BOSTON*
IDADE HOMENS MULHERES
18-34 3H05 3H35
35-39 3H10 3H40
40-44 3H15 3H45
45-49 3H25 3H55
50-54 3H30 4H00
55-59 3H40 4H10
60-64 3H55 4H25
65-69 4H10 4H40
70-74 4H25 4H55
75-79 4H40 5H10
80 ou + 4H55 5H25

*Idade no dia da prova. Tempos líquidos obtidos em provas oficiais. Para 2017, conseguiram inscrição os que apresentaram resultados 2:09 abaixo dos índices.

 

Qualificação fácil, epois de 3 tentativas
Após correr a Comrades para comemorar meus 60 anos, em 2007, e repetir a dose no ano seguinte, fiquei sem um grande objetivo, que não o de fazer algumas meias e maratonas por aqui ou lá fora, mas nada muito sério. Então surgiu a ideia de tentar índice para Boston, enfim a prova centenária, objeto de desejo de todo maratonista dedicado.
Na busca de percursos/climas favoráveis, que ajudassem na obtenção de uma marca sub 4h10, lá fui eu para Santiago, sabendo que a prova chilena tem seus últimos 12 km em leve descida. Me sentindo bem treinado, saí forte e fui firme até o km 30, quando descobri que tinha corrido mais rápido do que devia e quebrei, a ponto de vir trotando e até andando na parte mais fácil. Devo ter fechado por volta de 4h30.
No ano seguinte resolvi experimentar Punta del Este, onde tinha sido até marcador de ritmo para sub 4h em 2008, o que cumpri com extrema facilidade. Novamente passei a primeira parte abaixo do que devia (1h57), portanto com folga para a segunda metade, só que não contava com o vento contra nos últimos 10 km e um grande cansaço também. Completei por volta de 4h15.
Já tinha quase desistido, quando me lembrei de Chicago, que não conhecia, mas sabia das ótimas condições para boas marcas, notadamente seu percurso absolutamente plano e temperatura de amena a muito fria. Desta vez o treinamento começou bem antes (até demais…) e por praticamente 6 meses fiz uma alta rodagem, mas sempre em ritmo confortável. Tinha sido assim para a Comrades e funcionou, mas não para uma maratona com meta de tempo.
Durante essa fase recebi a boa notícia do André Savazoni de que eu tentaria a qualificação não para 65/69 anos, mas sim para faixa seguinte, já que em abril de 2017 teria 70 anos. E, portanto, a marca a ser alcançada ia de 4h10 para 4h25, com 3 minutos menos para garantir a inscrição.
Fui para Chicago 2015 não muito confiante, porque tinha corrido a Meia da Praia Grande para fazer 2 horas sem dificuldade, como último treino/teste, e não me saí bem. E lá na cidade dos ventos, constatei que não tinha treinado corretamente, ou seja, me preparado para correr os 42 km a um ritmo médio de 6:10/km, e acabei desistindo pouco antes dos 30 km.
Aí o desânimo bateu forte, mas ainda tinha até setembro deste ano para buscar a qualificação, e optei então por tentar em Porto Alegre. Mas pedi ajuda ao consultor de fisiologia da CR, Fernando Beltrami, que vem fazendo planilhas de 12 semanas para os assinantes que solicitam, que me preparasse uma específica (publicada em fevereiro).
E ela funcionou perfeitamente, me permitindo correr a maratona gaúcha, sob forte frio, com surpreendente facilidade; passei os 21 km em 1h57, com folga, e apenas administrei a segunda parte, para fechar em 4h03 e conseguir, finalmente, a qualificação para Boston 2017. (Tomaz Lourenço)

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