André Savazoni
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Com o texto anterior aqui do blog, “Uma reflexão sobre o que é e o que não é correr”, quis ouvir a opinião de outros corredores para buscar uma análise sobre um tema baseado em experiências pessoais. Queria chegar no seguinte ponto: claro que todos são corredores, não importa o tempo de conclusão, mas quando, por algum motivo, cansaço, indisposição, mal-estar, calor… acabo caminhando numa prova, por melhor que seja o tempo final, sinto que completei a distância e não a corri.
Um exemplo prático: no ano passado, fiz 1h30 na Meia-Maratona de Buenos Aires, mas na parte final, no último posto de isotônico, estava com muita sede e com o corpo quente, parei, peguei a garrafa, bebi caminhando por uns 200/250 m, me hidratei, o batimento baixou e voltei a correr. Na época, foi meu recorde pessoal, fiquei muito feliz, é claro, mas faltou algo. Neste ano, na Meia das Cataratas, em Foz do Iguaçu, fiz os mesmos 1h30, mas corri o tempo todo, num ritmo legal, split negativo (a segunda parte mais rápida do que a primeira), me sentindo bem e acelerando a partir do km 19, sem o “sofrimento” de Buenos Aires, mesmo sendo uma prova mais difícil devido à altimetria. Traduzindo, para mim, sinto que completei os 21,1 na Argentina e os corri em Foz do Iguaçu, mesmo com a média final igual, o tempo o mesmo…
Claro que sou competitivo e que essa é uma cobrança pessoal, mas é a sensação que sinto. Era esse o ponto que queria chegar quando iniciei o bate-papo: quando você anda, não importa o motivo, você sente que correu ou completou a prova?
Respondendo à minha indagação no texto anterior, não importa o tempo de conclusão, todos são corredores. Quem faz sub 40 ou acima de 1h10 nos 10 km. Isso, inclusive, está influenciado por peso, vida pessoal e profissional (quem trabalha 12, 14 horas diárias não consegue treinar com a mesma intensidade de quem trabalha oito horas, por exemplo), fator idade (com suas exceções, é claro, com “velhinhos” dando um banho na gente), sexo. Mas, nesse caso, vale um questionamento: o importante na corrida, isso sim cobro muito, é que todos respeitem o seu ritmo. E o ritmo de quem está ao lado. Se uma pessoa vai para completar a prova em 1h15 nos 10 km, não precisa ficar lá na frente e largar com quem busca um sub 50 ou sub 45. Ou precisa? E, além disso, que as pessoas treinem e se preparem para desafios pessoais porque, ao “sofrer” por 10 km, 21 km ou 42 km, não importa, acredito que os benefícios para a saúde são reduzidos.
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Gosto de correr pra me divertir, porque sinto prazer e é saudável, além de encontrar os amigos. Melhorar o tempo me faz sentir bem, mas nem sempre isso é a prioridade. Acho que é muito pessoal. Lógico que me senti melhor na minha 1ª meia, que só corri, do que na 2ª, quando caminhei em algum momento.
Pra mim, o que importa é se sentir bem, sem avançar no que se pode fazer. Tem dia que vai, outros não. Desde que comecei a correr, tracei metas e já fiz maratona, meia, 10 km, 5 km, Mountain Do em dupla. Falta só a São Silvestre este ano.
Agora meu foco está em melhorar o tempo, mas sem me matar por causa disso. O objetio inicial era completar, agora quero ter desempenho melhor. Não caminhar durante uma prova é o ideal, mas nem sempre é possível. Manter o ritmo já ajuda.
Estou com o Enio! Correr por prazer e diversão é minha motivação também. Meus melhores tempos vieram em corridas onde eu não estava preocupado com tempo e em que me diverti bastante.
Quanto à questão sobre andar, quem disse que em uma prova temos que correr o tempo todo?
Andar pode fazer parte da sua estratégia de corrida, ainda mais em provas longas.
Quando não faz e você precisa andar um pouco é porque provavelmente sua estratégia foi equivocada (p.ex. iniciar num ritmo muito forte).
Acho que a sensação de “correr” ou “completar” não tem a ver com o fato de andar ou não,
mas justamente do quanto foi prazeirosa e divertida a prova.
Já tive a sensação de apenas “completar” a prova mesmo correndo o tempo todo e fazendo um bom tempo.
Abraço!
Há casos e casos. Entendo ser diferente caminhar alguns metros e caminhar alguns quilômetros.
Já fiz maratona com mais de 30 mil pessoas, e estava disposto a correr toda ela. No entando em muitos postos tive de andar, literalmente, não por estar cansado, mas sim por ser impossível continuar no ritmo que estava em virtude do grande número de pessoas se acumulando para pegar água. Despois desta experiência passei a dar preferência a provas com número menor de pessoas.
E desde então nunca mais me preocupei com isto, visto que também percebi que o fato de andar alguns metros nem fez tanta diferença assim no tempo final de uma maratona, visto que não estou competindo na elite.
Outro exemplo são as provas com subidas íngremes tipo a Volta ao Cristo ou a Graciosa. Tive a oportunidade de fazer as duas, porém não fiz a menor cerimônia quando tive de encarar uma subida mais forte se já estava desgastado e entendi ser mais prudente caminhar.
Entendi. Fecho contigo. Eu me considero corredor independentemente do meu PACE. Mas realmente algumas provas eu “completei” e outras eu “corri”, o gosto de passar pela linha de chegada quando dá tudo certo é, para mim, bem diferente de quando por algum motivo eu chego me arrastando.
André sinto muito e perdoe me a brincadeira, porém este seu ‘post’ está digno de uma análise freudiana rsrsrs me recuso a comentar rsrsrs.
Ser ou não ser…Corri ou não corri…
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Alex, a intenção era essa, rs
Discutir sobre um tema bem complexo.
Agora, veja o comentário anterior, chegar inteiro, com “sangue nos olhos”, deixa uma sensação totalmente diferente.
Abraço,
André Savazoni
André, eu sou um corredor de ponta, como a maioria dos corredores brasileiros, tenho 50 anos, trabalho 9 horas diárias, tenho 2 pentelhos em casa, treino quando posso, como a maioria, fiz a Maratona de Buenos Aires em 4h02, conheci a cidade correndo, uma maravilha, ando lendo muitos blogs de corrida por aí, pelo que estão escrevendo, to mais pangaré do que para corredor… Vamos parar isso, cada um corre como quiser, não importa tempo, o que importa é a satisfação de correr e conseguir cumprir uma meta, não importando se foi sofrido ou não. Abraço.
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Betto,
Só não concordo com seu pangaré, porque correr maratona já não é fácil e 4h02 não é um tempo de pangaré. E, também, acho que a corrida não deve ser sofrida, de vez em quando, o sofrimento faz parte, mas não deve ser uma regra.
Abraço,
André Savazoni
Muitas vezes só completei a prova. Na maior parte das vezes sabendo que ia só ser desse jeito. Por que? Porque nem sempre participo de provas pensando unicamente no relógio. Participo pensando na experiência de correr num lugar diferente, aproveitando a oportunidade de estar nesse lugar diferente, mesmo sem estar bem preparado para tanto. O que você faria se ganhasse uma viagem para participar de uma corrida, com tudo pago e não estivesse na ponta dos cascos? Tinha que ir, nè? Também já participei usando a prova como treino, participei como pacer de amigos e mesmo só porque tava a fim. E, no começo, participei sem noção mesmo. O que importa é que esse participar, que esse completar a distância, seja feito com consciência de sua própria condição física. Em nenhuma dessas provas de “só completar” eu saí pensando em recorde pessoal. Planeja-se a prova de acordo com o que ela oferece e com o que você pode ofereceer a ela! E caminhar é correr dependendo da prova, né? Por exemplo, subida da Serra de Maresias no solo de Bertioga-Maresias, para citar uma prova próxima…
Olá André!
Nesse caso vou partir para o significado das palavras “correr”, “andar” e “completar”.
Você me disse que em Buenos Aires você “completou” e em Foz do Iguaçu você “correu”.
Eu digo que você “correu” em ambas.
Pois a palavra “completar” não especifica de que maneira você fez isso.
Completou de que maneira em Buenos Aires? Correndo ou andando? Só correndo ou só andando ou correndo e andando?
A resposta correta é dos 21.100 metros você “correu”, “correu de verdade amigão, pelo menos 20.850 metros e apenas “andou” 250 metros, mas foi por um motivo nobre, uma breve recuperação para retomar a aceleração.
Nas Maratonas em terreno irregular e Ultramaratonas, “andar” é uma das principais estratégias para recuperação ativa enquanto se avança para frente, ganhando valiosos metros, que serão decisivos no tempo final.
Vamos supor, mesmo que você ande 250 metros numa prova de 10 km, e corra os 9.750 metros restantes, e mesmo assim consiga “completar” a corrida abaixo de 40 minutos, você “correu” ela concorda? Pelo menos eu penso assim.
Abraços!!!
Eu tenho cisma de andar em provas, não gosto e implico com quem está correndo e andando na minha frente. Quando tem alguém na minha frente que está andando e quando chego perto começa a correr, fico maluco para chegar na frente do mancebo. Mas isso nas provas de 10 km e menos, já que não tenho ainda no currículo distâncias maiores.
Mas eu não deixo de considerar ninguém corredor e muito menos que deixou de correr a prova. Na tese fico com Pinguim, para os outros. Para mim, vou ficar frustrado na primeira vez que tiver que andar, aí fico com Savazoni.
Estou indo para minha 4ª meia maratona de 2011,já fiz inúmeras provas de 10 km e até hoje não precisei andar, mas se em alguma prova sentir necessidade, andarei sem problemas. Na minha opinião vc correu em Foz e em Buenos Aires. Considero insignificantes 200m “andados” em uma meia-maratona (representa SOMENTE 0,9% do percurso total!!!!). Quando o corredor faz uma meia-maratona andando uma distância grande (por exemplo, uns 5 ou 7 km) poderíamos dizer que ele concluiu o percurso. abç
Eu sempre completo todas as provas que participo em algumas correndo bem e em outras correndo mal(quando caminho).
Participar de uma corrida é mais do correr ou completar. Participei de uma corrida aqui em Natal e, quando passei ao lado de um corredor sem braços, vi ele correndo muito feliz. Amigos me informaram que alguns corredores ajudaram esse corredor a tomar água. Correr ou completar? Importante é emocionar. Muita paz.