A substância que tirou a corredora brasileira Simone Alves da Silva das competições preventivamente, após resultado positivo no exame antidoping no Troféu Brasil, em agosto, segundo a CBAt, faz parte da terceira geração do EPO (Eritropoetina Recombinante), surgida em 1985.
EPO é um hormônio secretado pelo rim que estimula a medula óssea a aumentar a produção de células vermelhas no sangue. Quando os atletas fazem aquele período de aclimatação na altitude (como em Paipa, na Colômbia, usado pelo atletismo brasileiro), ocorre o aumento da produção natural do EPO, elevando a quantidade de hemoglobina no sangue. Por sua vez, esse aumento do EPO amplia a capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue. Dessa forma, como chega mais oxigênio aos músculos para produção de energia aeróbica, os atletas passam a ter uma melhora na performance, principalmente os ciclistas e corredores de longas distâncias.
Na década de 1970-80, artificialmente, o aumento do EPO era feito pelo doping sanguíneo. Retirava-se e estocava-se um litro do próprio sangue do atleta. Em algumas semanas, o corpo restaurava o total de células vermelhas. O sangue era reaplicado. Porém, além de ser um procedimento complicado, na semana em que o sangue era retirado o esportista tinha de reduzir os treinamentos.
Com a evolução, chegou-se à forma sintética do EPO, que foi o caso da Simone. O hormônio produzido em laboratório para tratamento de pacientes com mau funcionamento dos rins (incluindo os que necessitam de diálise) ou que tenham Aids e câncer rapidamente chegou ao esporte. Nos atletas, o sistema é basicamente o mesmo da retirada do sangue, mas muito mais seguro e eficaz, sem afetar os treinamentos em qualquer momento.
A terceira geração da droga possui vantagens sobre as outras versões: exige um número menor de injeções e a metabolização se aproxima mais dos processos fisiológicos do organismo, dificultando (e muito) a detecção nos exames antidoping.
No esporte, o EPO sintético foi descoberto pela primeira vez na Volta da França de 1998.
Uma segunda variação do EPO, a darbepoetina, chegou ao mercado em 2001. No esporte, passou a ser usada na sequência, quando foram flagrados os primeiros casos positivos na Olimpíada de Inverno de Salt Lake City, nos EUA, em 2002.
Na Olimpíada de Pequim, na China, em 2008, cinco atletas foram punidos. Os testes positivos foram analisados na época. As amostras ficaram guardadas e um exame mais específico só foi possível em 2009, quando a técnica para encontrar a substância ficou disponível.
Em novembro de 2009, o COI informou que Davide Rebellin, da Itália (prata no ciclismo de estrada individual) e Rashid Ramzi, do Bahrein, ouro nos 1.500m do atletismo, teriam de devolver as medalhas, além de serem suspensos.
Os outros punidos foram Stefan Schumacher, 13º do ciclismo de estrada individual, da Alemanha; Athanasia Tsoumeleka, nona na marcha de 20 km, da Grécia; e Vanja Parisic, sexta nos 800 m do atletismo, da Croácia.
Reincidente – Vale lembrar que Simone é reincidente em doping. No ano passado, em exame feito no dia 17 de julho no Circuito Fluminense de Corrida, a atleta testou positivo para a substância Oxilofrina. Ela foi suspensa por três meses. Voltou na São Silvestre, onde foi vice-campeã. Depois, veio numa carreia de crescimento, com recordes em cima de recordes. Agora, já suspensa preventivamente, corre até o risco de banimento. Temos de aguardar o julgamento e a defesa da atleta. Não dá para condenar sem ouvir todos os lados. Entretanto, podemos estar vivenciando o encerramento de uma vida esportiva que tinha tudo para ser de sucesso, mas… Seria uma pena para todos nós, apaixonados pelo atletismo e, principalmente, pelas corridas. Esperemos.
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Impressionante a quantidade de atletas que vem fazendo uso deste tipo de substância. Vai contra tudo o que o esporte prega. Muito triste.
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Rodrigo,
Nem fale. É muito triste mesmo. Mas, por exemplo, no ciclismo de ponta, é muito comum. E, nas provas de resistência, com as corridas de rua mais longas, o doping faz diferença demais.
Abraço,
André Savazoni
Oi André,
Muito triste realmente…
Infelizmente, mais uma estrela do atletismo que se apaga.
Vamos convidá-la para o desafio 10km sub 40, mas sem doping!!! Será que ela consegue???KKK
A CBAt já tem algum posicionamento oficial sobre os recordes obtidos por ela?
Abraço
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Rafael,
Pela regra, o recorde dos 10.000m vai cair. Assim como ela terá de entregar (se já não entregou) as medalhas e premiação do Troféu Brasil, tanto dos 5.000m quanto dos 10.000m metros.
O recorde dos 5.000m, ela bateu antes de ser pega no doping, então, segue valendo. Ela continuará como recordista brasileira e sul-americana. Nos 10.000m, não, volta para a Carmen de Oliveira.
No Troféu Brasil, sobem as posições. A 2ª será primeira, a terceira segunda e a quarta terceira, tanto nos 5.000m quanto nos 10.000m.
Abraço,
André Savazoni
André, esse gancho de 3 meses que ela tomou pode ter parecido barato na época, mas tá com uma cara de bem caro agora. Como reincidente a regra é clara: banimento do esporte.
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Luis,
Teremos o julgamento, ainda sem data marcada. Todos têm direito à defesa. Agora, realmente, em caso de reincidência, como diria o juiz Arnaldo, “a regra é clara”. O banimento sim é uma possibilidade real. Na melhor das hipóteses para a Simone, dois anos de gancho. Mas isso com uma defesa muito bem feita, com atenuantes, o que, devido ao primeiro doping dela, vão meio que “por água abaixo”.
Abraço,
André Savazoni
Mais uma coisa: essa menina me parece, por tudo que vi e ouvi, uma pessoa relativamente simples, simplória até. Não adianta e é profundamente injusto banir SOMENTE ela. Tem que banir quem está ao seu redor.
Claro que todos tem que ter amplo direito de defesa, mas esse tipo de coisa não pode passar em brancas nuvens. Imagine o que o patrocinador está achando uma hora dessas. Imagine agora de ele resolve que o risco à sua imagem não vale a pena e abandona o investimento.
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Luis,
A posição do patrocinador foi clara: demissão na hora da confirmação, já divulgada ontem, e a Simone terá de devolver as premiações recebidas no Troféu Brasil.
Realmente, tem de haver uma investigação, verificar onde e como ela teve acesso.
Abraço,
André Savazoni
Triste. Muito triste. Nos 5.000m, com certeza, ela estava bombada… Acho que tem muito atleta que está na geração 4 ou 5. E o antidoping ainda não chegou lá…
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Alex,
Realmente, o doping está num estágio mais avançado do que o próprio controle, do que os exames. Tanto que, como escrevi no texto, o pessoal que foi pego na Olimpíada de Pequim só atestou positivo para um ano depois, quando a tecnologia foi aprimorada. E, hoje, a Iaaf guarda as amostras de sangue por ano, o que está previsto no regulamento da entidade. Dessa forma podemos ter casos de doping retroativos em caso de suspeita nas amostras A.
Abraço,
André Savazoni
Ótimo texto André!
Realmente fica uma forte sensação de lamentação.
Sua matéria foi muito profissional e esclarecedora.
Só quem correr para entender a situação e escrever bem sobre o assunto.
Eu não sabia nada sobre isso.
Abraço,
Marcos Albuquerque.
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Marcos,
Obrigado. A ideia era essa mesmo, mostrar como funciona o medicamento, como o doping age no corpo, os benefícios que traz. Fica claro que o atleta dopado está em ampla vantagem sobre os demais no caso do EPO.
Abraço,
André Savazoni
É a meu amigo, a casa caiu para ela.
Deve ser banida com certeza.
Com certeza sem o uso de drogas ela seria uma atleta comum.
Triste para o esporte.
A CBAt tem que investigar e descobrir a origem, como ela conseguiu.
BMF foi ótima na decisão.
Abç
Sim André, pegaram também meu ex-colega de ciclismo paraolímpico Lauro Chaman. Dizem que foram detectadas tantas substâncias que ele deve ser banido do esporte.
Já como falam que a menina é muito simples, é importante que seja punido o autor da ideia que que fez com que a atleta fez uso.
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Valmir,
A Simone realmente é uma pessoa simples, como a maioria dos atletas brasileiros. Agora, ela já tinha sido pega no doping. Pra mim, é básico: existe uma regra, uma listagem de produtos proibidos e todo atleta tem a obrigação de saber isso. Claro que ela não fez o doping sozinha e que uma investigação é muito importante para ver quem estava envolvido, agora, isso não exime em nada a culpabilidade dela.
Abraço,
André Savazoni
Apenas relembrando algumas atletas já flagradas no doping e que continuam na ativa: Marizete Rezende, Maurren Maggi, Maria Zeferina Baldaia,
Marily dos Santos.(fiz uma pesquisa e não constatei nenhum doping potivo com suspensão da atleta citada, então, o blog faz a correção).—————————-
Julio Cesar,
É verdade, todas que testaram positivo devem sofrer punições. A diferença no caso da Simone para os demais positivos no Brasil é a reincidência. Simone já foi suspensa no ano passado e, agora, voltou a ser pega no antidoping. Isso aumenta em muito a punição. O lembrete, entre aspas, é o seguinte: você teve uma chance e não aprendeu com o erro.
Abraço,
André Savazoni
Fico muito triste em saber que os atletas menos favorecidos são realmente punidos, hoje temos o exemplo claro do sr. Cesar Cielo (natação) pego pelo dooping e que conseguiu continuar nas competições. Gostaria de saber qual o critério usado para isso?
Gostaria de parabenizá-lo tb pela matéria e pelos esclarecimentos.
Forte abraço
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Caçulinha,
Quanto ao doping, acredito que não possam usar critérios qualquer na punição, foi pego, suspenso. Há a contraprova para tirar qualquer dúvida. Deu positivo nas amostras A e, depois, na B, não tem como fugir. Claro que todos têm direito à defesa. No caso do Cielo, aceitaram que houve manipulação dos remédios e o bom antecedente dele também pesou. Eu, particularmente, acho que ele deveria ter pego ao menos 3 meses de suspensão para “ficar mais esperto”. No caso da Simone, ela é reincidente, o que pesa muito.
Abraço,
André Savazoni
Caros amigos, o grande problema da internet, dentre tantos beneficios, eh que qualquer um pode escrever a besteira que quiser e eh publicada sem nenhum restricao. a atleta Marily dos Santos jamais testou positivo para substancia alguma que seja proibida. Infelizmente o senhor Julio Cesar esta totalmente desinformado. Cabe um pedido de desculpas por parte do Sr. julio Cesar ou ate mesmo do proprietário do blog, se os mesmos tem humildade e ética suficiente para admitir grave erro.
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Claudio, concordo com você sobre os riscos de um texto. Só que meu texto fala exclusivamente da Simone.
No comentário em questão, que você cita, minha resposta é que todas as atletas pegas no doping são punidas. E tem de ser punidas. Não citei nome algum nem que todas as citadas realmente foram julgadas ou punidas. Generalizei para colocar meu ponto de vista no caso específico da Simone (o único que estou analisando no blog, por ser um fato pontual e que ocorreu a divulgação do positivo no caso do doping).
Inclusive, quando fala de humildade ou ética, você não me conhece, mas para explicar a todos os leitores, eu sabia do caso da Simone um mês antes. E não publiquei nem comentei NADA antes que houve a análise da contraprova e sua divulgação em caso positivo. Inclusive porque, caso desse negativo a análise da contraprova, o doping simplesmente não existiria. Essa é a explicação maior e, quem acompanha o meu trabalho, sabe como eu penso, a maneira como guio minhas ações.
Agora, quanto ao cuidado, você tem razão. Apesar de não ter escrito, nem feito qualquer comentário com o nome de Marily ou citado de qualquer outra atleta a não ser o de Simone (e o do Cesar Cielo em resposta a um comentário, que, a meu ver, deveria ter pego três meses de suspensão preventiva), já risquei o nome da atleta no comentário que você citou no blog e peço desculpas.
Abraço e continue participando de nossas discussões no blog
André Savazoni
Caro Savazoni
Valeu a correção em tempo – que poderia ser apagada em vez de riscada -, mas ainda assim corrigindo tal injustica.
Pena que o Julio Cesar tenha cometido esse deslize gravissimo pois acho que ele nao gostaria de ver seu nome citado publicamente de maneira injusta. De tantos absurdos que vejo ele criticar sobre organizadores de prova, atletas que amarelam – na opiniao dele – etc. Quero ver se ele vem a publico se redimir de tal erro, pois ele talvez nao saiba tristeza que esse tipo de comentario pode causar em uma atleta de reputacao impar.
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Celio, bom dia
Futuramente, posso realmente tirar o nome, mas acho importante manter por um tempo o risco (a forma mais justa de comprovar que houve o conserto) para mostrar a correção. Errar é humano, todos estão sujeitos, o que vale é assumir as falhas e consertá-las, o mais rapidamente possível.
Abraço e obrigado pela participação no blog
André Savazoni