A essa altura do campeonato, todos já estão carecas de saber que o novo recorde mundial de maratona, estabelecido pelo queniano Wilson Kipsang  no último domingo em Berlim, é de 02:03:23. E mais carecas ainda (mais inclusive que o próprio Kipsang) de ler discussões sobre a viabilidade de se correr uma maratona em menos de 2 horas. Prometo que o meu texto é o último sobre esse assunto e, ainda por cima, com material inédito, incluindo uma previsão minha, sem esse negócio de ficar em cima do muro.

Bela cerveja, seu Wilson

A maratona sub-2 horas é um tema de debate acalorado entre entusiastas do esporte. Abaixo apresento a opinião de 3 especialistas e termino com uma previsão minha, à la Mãe Diná.

1)      Se você leu alguma matéria sobre maratona sub-2h, certamente você leu sobre ele, o PhD em Esportes, Ross Tucker, citado em 99% das reportagens sobre o assunto. Ele diz no seu blog  “The Science of Sport” (aqui) que, por motivos fisiológicos, de evolução de performance e até mesmo pela relação entre recordes de outras distâncias (dos 10km e da Meia-Maratona), estamos muito longe de ver uma maratona sub-2h. Em uma explicação sucinta, sugere que, antes de vermos uma Maratona sub-2h, seria necessário termos uma redução considerável nos tempos do 10k e da Meia- Maratona.

2)      Já o jornalista, escritor e corredor Malcolm Gladwell, em uma entrevista anterior a nova quebra do recorde (aqui), trata a maratona abaixo de 2h como uma questão geo-política: “Se a corrida se popularizasse na Índia e na China, eu diria que vamos baixar de 2 horas. Nós temos que expandir a base, ter uma maior diversificação genétic a serviço do esporte. Atualmente, a elite de corredores vem de uma parte incrivelmente pequena do Mundo: Estados Unidos, Inglaterra e três países na África (Etiópia, Quênia e Marrocos). É tudo que temos. Não temos ninguém vindo da China ou Índia, os países mais populosos do mundo não estão contribuindo com a corrida de fundo. Se todos os recordes mundiais estão vindo de uma pequena fração da humanidade, é razoável assumer que se expandirmos a base, veremos melhorias.”.

3)      O Robert Johnson, do site LetsRun.com (aqui), é mais radical e se diz disposto a apostar toda sua aposentadoria que não veremos uma maratona sub-2h nos próximos 28 anos.

4)      Por fim, eu resolvi entrar na brincadeira e fazer uma análise grafista, baseada na evolução dos recordes mundiais estabelecidos desde 1980. No gráfico abaixo, os pontos azuis são os recordes anteriores, a partir dos quais foi traçada uma linha de tendência que sugere que, se for mantido o ritmo atual de redução do tempo da prova, o patamar de 01:59:59 seria alcançado em…. 2036!

Ou, apresentando de uma forma mais impactante….

E aí, quem aposta uma cerveja?

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