Gosto de corridas no exterior que possam ser combinadas com viagens de férias com a família. Como meus filhos estão em idade escolar, procuro provas nos meses de janeiro ou julho. Neste ano consegui encaixar duas provas em janeiro, uma de 5,2 km dia 22 em Orlando e a Maratona de Miami no dia 30. Chegaram 3.513 na maratona, enquanto na meia, que larga junto e acompanha a primeira metade do percurso da maratona, contou com 13.519 concluintes.

A prova é muito bem organizada. A entrega dos kits acontece no pavilhão de exposições de Miami Beach e é muito rápida; possui uma feira com muitos estandes de venda de produtos para corredores, degustação de alimentos e bebidas esportivas, e também divulgação de outras provas, inclusive as maratonas do Rio e de São Paulo.

No kit, uma novidade: embora o chip descartável já seja usual nas provas americanas, essa foi a primeira vez que utilizei esse modelo que vem anexado no verso do número de peito, simplificando a rotina pré prova. É só colocar corretamente o número e pronto. Acredito que pela sua facilidade e simplicidade, em breve todas as provas, inclusive no Brasil, serão apuradas por esse novo sistema.

O percurso é praticamente plano, com apenas quatro subidas de pontes, sendo que as duas maiores ficam nos quilômetros iniciais. A temperatura estava boa para correr, variando de 13°C na largada até 18°C na chegada. O dia foi ensolarado, mas como a largada acontece as 6h 15 e o dia amanhece só depois das 7, o sol não chegou a incomodar. O abastecimento é feito em 21 pontos, todos com auxilio médico, água, isotônico e banheiros.

BOM HUMOR. A largada acontece no centro da cidade, em frente à arena do time de basquete Miami Heat. É fácil achar hotéis próximos, e também é um local de rápido acesso para quem vive na cidade. Logo após a largada, seguimos para Miami Beach pela estrada ao lado do porto, onde estavam ancorados cinco grandes navios de passageiros. Em Miami Beach fizemos um "passeio" pela Ocean Drive e outras áreas turísticas da cidade. Voltamos para Miami por outro caminho, pelas encantadoras ilhas da baía de Biscayne, e chegando à cidade no km 17 cruzamos pelo ponto oficial de saudação, onde se forma um corredor estreito, com muito público dos dois lados, fazendo barulho e motivando os atletas. Por volta do km 20 corremos próximo da área de chegada e é feita a separação dos atletas da meia-maratona, sendo opcional para quem não estiver em condições de concluir a maratona desviar ali e concluir os 21 km. Quem está na maratona ruma então para o sul, onde a prova passa pelo elegante bairro de Coconut Grove e retorna para a chegada no centro da cidade.

A prova conta com boa presença de público durante o percurso, e uma das formas de incentivo são os cartazes feitos pelos espectadores com frases bem humoradas, como por exemplo: "Corra como se você tivesse roubado algo", "Corra como se o marido dela estivesse chegando". Além disso, como brincadeira, o patrocinador da prova colocou placas em todas as descidas, dizendo que aquele trecho era oferecido pela empresa.

PLANILHA DE LIVRO. Comecei a correr em 2006, sempre treinando por conta própria, com informações de revistas especializadas, livros, internet e de corredores mais experientes. Consegui algum progresso nos primeiros anos, mas estava estacionado na marca de 3h18 na maratona, quando em março passado ganhei de um amigo o livro do treinador americano Brad Hudson "Run Faster from the 5K to the Marathon" (Corra mais rápido, dos 5 km à Maratona) e montei minha planilha de treinos baseada nos princípios do livro e em minha experiência.

Logo na primeira prova com o novo treino baixei para 3h11, e em novembro em Curitiba, apesar do percurso e do calor, fiz 3h10. Dessa forma, devido às condições mais favoráveis (altimetria e temperatura), um tempo melhor seria possível em Miami. Tentei manter um ritmo uniforme durante toda a prova, ficando entre 4:15 e 4:25 minutos por km. A estratégia funcionou e fechei a prova em 3:04:21, 69º no geral e 3º na faixa etária.

Pensei que a presença de brasileiros seria grande, mas apenas 22 concluíram a maratona, além de três cadeirantes, que se destacaram, ficando em 2º, 3º e 5º lugares.

Devido ao grande número de brasileiros que visitam todo ano Orlando e Miami, acho que se outras corridas fossem divulgadas entre nós como são as da Disney, nossa presença seria expressiva em todas elas. Mais informações sobre a maratona no site www.ingmiamimarathon.com e, para provas em Orlando www.trackshack.com