Notícias admin 4 de outubro de 2010 (0) (131)

A maior meia do mundo

 

Tudo começou em setembro de 2009 quando eu estava preparando uma viagem à Escandinávia e meu amigo Rui, participante de corrida de longa data, me falou sobre Meia de Gotemburgo, na Suécia. Ela se encaixava no meu período de viagem, mais especificamente no final dela, em 22 de maio. Entrei no site da corrida e me inscrevi, sendo que nesse mês mesmo (outubro) as inscrições se encerraram!

Embarquei dia 7 de maio, e como fiquei viajando, pouco tempo tive para treinos, mas estava contando com a base sólida formada ao longo dos últimos anos na minha equipe de corrida (Flavio Freire Assessoria) e também pela participação na Meia da Corpore em 11 de abril. A expectativa era grande pelo número de participantes e não conseguia imaginar a forma de largada e como seria a prova durante o percurso.

Finalmente, após várias enveredadas turísticas pela Noruega e Suécia, cheguei a Gotemburgo e imediatamente fui pegar o kit – nada tinha em inglês, tudo em sueco ou alemão, o que dificulta um pouco o entendimento do processo e as informações necessárias, como hora de largada, forma, local etc. Mas verbalmente todos se comunicam em inglês o que ajudou bastante.

Só ao pegar o número é que constatei que aconteceriam 27 largadas com horários pré-estabelecidos e que a minha seria às 15h40. Seriam 20 pelotões de cerca de 2 mil corredores e outros 7 pelotões exclusivos de empresas patrocinadoras, polícia etc. A elite largou às 13h30 e o último pelotão às 16. Os intervalos de largadas eram a cada 5 a 7 minutos, exatamente nos horários pré-estabelecidos pela organização. Não havia tumulto, com as pessoas aguardando nos seus respectivos pelotões. Pode-se dizer que nem metade dos corredores tinha largado quando o primeiro colocado chegou. A organização foi perfeita, com muita gente do evento espalhado pela área, que era uma parte de um imenso parque, chamado Slottsskogen, localizado perto do centro da cidade. Este parque, desde a manhã, ficou repleto de gente que fazia piquenique ou que aguardava a largada, todos comendo e se preparando para a prova.

 

SUBIDA E DESCIDA SÓ NAS PONTES. O percurso da prova deu-se inicialmente por 3 km dentro de um belíssimo parque e depois passou pela cidade, atravessando por duas vezes o braço de mar onde está a área portuária (é o maior porto da Escandinávia). Por serem muito altas (para permitir a passagem de navios sob elas), essa pontes constituem as grande subidas e descidas do percurso, já que a cidade é plana, com pequenas elevações, apenas nos trechos próximos ao parque, na parte inicial do percurso.

Passa-se por todo o porto e depois entra-se na parte central da cidade, pela avenida principal onde se dá a maior festa com todos assistindo da calçada ou dos cafés. É habito deles, sentar nos cafés por horas a fio, degustando café e cerveja ao sol da primavera. Durante o percurso havia 28 bandas de música com 2 a 10 participantes, que tocavam músicas desde clássica até rock, passando por samba e música afro com atabaque e roupas típicas. Os organizadores estimam que 200 mil pessoas assistem à corrida e incentivam os corredores.

Na parte central de Gotemburgo praticamente todo o transporte de bonde e ônibus é paralisado durante 7 horas, para permitir a passagem dos corredores e antecipadamente a cidade é avisada tanto pelo jornal como por cartazes de rua. Aliás, o transporte de massa (bondes e ônibus) é fantástico, tendo toda prioridade na cidade em detrimento do veículo particular. É praticamente impossível se locomover com carro particular nas partes centrais devido aos trilhos e faixas exclusivas de bonde e ônibus.

O final da corrida é em um estádio, no próprio parque, próximo de onde foi a largada, que fica repleto de gente por todo o tempo da prova. Ao final, recebe-se a medalha, mas nada de camiseta. Caso se queira, na entrega do kit é vendido ao preço equivalente a 30 reais. Completei em 2h17, ficando em 21.350º lugar

Algumas dicas sobre a cidade: fazer um city tour de ônibus e outro de barco (chamado Paddan). Ambos têm início no cruzamento do canal com a avenida principal e os ingressos são adquiridos no próprio local. O passeio de barco é muito pitoresco, seguindo por um canal que atravessa o centro da cidade e o braço de mar onde está o porto. Passa sob 26 pontes que ligam a parte portuária ao centro e por um bom trecho beira um parque linear muito bonito onde as pessoas aproveitam muito nas épocas de sol de primavera e verão. Outra dica: comprar um passe que pode ser utilizado em ônibus ou bonde por um ou 3 dias.

Gostei muito de participado dessa que é considerada a maior meia-maratona do mundo (58 mil inscritos!), organizada desde 1980. Outra meia muito concorrida é a de Newcastle (Inglaterra), em setembro, que teve 52 mil inscritos em 2009. O site da prova sueca para os interessados é: www.goteborgsvarvet.se

Marcio Angelieri Cunha é assinante de São Paulo

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