CLORETO DE MAGNÉSIO
No final do ano passado tive que parar com os treinos e corridas, por dores no pé esquerdo. O diagnóstico foi esporão calcâneo posterior; fiz o tratamento (laser, tns, ultrasom, alongamento e gelo) conforme prescrito pelo médico, mas no retorno bem gradativo, o local voltou a inflamar e doer. Fui incentivado por outros corredores a tentar o tratamento com cloreto de magnésio; fiz uma consulta com o meu cardiologista, que liberou o tratamento, e estou há 2 meses tomando regularmente uma vez por dia o cloreto de magnésio. Tive ótima melhora quanto à inflamação e já voltei gradativamente aos treinos quase sem dor no local, inclusive depois que o corpo esfria. Gostaria de saber a opinião de vocês sobre este tratamento alternativo.
Ronaldo Amieiro, Santos, SP

Desde os tempos de Hipócrates, o pai da medicina, lendas urbanas e superstições sempre rondaram esta área das ciências biológicas. Creio que o cloreto de magnésio seja outro protagonista deste quadro de suposições baseadas em tentativas do tipo "erro e acerto". Não consegui encontrar nada que me explicasse, de maneira minimamente racional e científica, como e porque esta substância age no organismo humano, e de que forma ela previne e trata desde dores lombares até câncer (!). Cuidado! Ainda recomendo o uso de gelo, sessões de fisioterapia analgésica, alongamento da fáscia plantar e panturrilha e fortalecimento dos músculos flexores curtos dos pés para o tratamento da fasciite plantar, equivocadamente chamada de esporão de calcâneo, inclusive por ortopedistas. A formação da espícula óssea (e não um esporão) na base do osso do calcanhar (calcâneo) é consequente à tração provocada pela faixa de tecido conjuntivo ali presente, pouco alongada, e a dor é causada pelo processo de inflamação e desgaste do ponto de origem da mesma no calcanhar, e não por uma ponta de osso.

CORRER PARA RESPIRAR
Gostaria da opinião de vocês sobre o remédio Seretide. Eu vinha há muito tempo cobrando que minha esposa fizesse alguma atividade física e ela aos poucos foi aceitando. Já participou de várias corridas de 10 km e de uma São Silvestre, porém ela usa continuamente este remédio e gostaria de largá-lo. Recentemente ela fez um teste em uma corrida noturna de 10 km, sem ter tomado o medicamento, mas se sentiu muito mal, com aperto no peito e falta de ar. Gostaria de saber se ela poderá um dia viver sem essa dependência e dando suas corridinhas.
Sérgio Luiz Azevedo Duenhas, Curitiba, PR

O Seretide é utilizado no tratamento das doenças obstrutivas reversíveis da vias respiratórias, como asma, tanto em adultos quanto crianças, através de mecanismos de ação que fogem ao escopo da pergunta. Creio que a atividade física vai lhe trazer inúmeros benefícios, mas não a ponto que ela largue o remédio, apenas a possibilidade de diminuir sua dose ou a frequência de uso. Consulte o pneumologista que atende sua esposa para as implicações de longo prazo da prática de corridas.

CONDROMALÁCIA
Mandei um e-mail que foi publicado a edição de agosto de 2009, sobre condromalácia patelar grau 2. Cumpri com as recomendações médicas, que eram fazer reforço muscular durante 30 dias e após este período voltar a correr na esteira. Fiz este treinamento, mas quando corri na rua a dor voltou. E agora? Tenho que fazer a cirurgia? É seguro? Vou poder voltar a correr?
Rafael Silva, Itabuna, BA

A recomendação é a mesma que agora, porém o reforço muscular não se limita a 30 dias, e sim deve fazer parte da sua rotina semanal de atividade física. A condromalácia patelar é uma condição que afeta o tecido de revestimento do osso da patela (a cartilagem), caracterizada pelo desgaste deste tecido, causada por diversos fatores e descrita através de diferentes graus de gravidade (1 a 4). Creio que você deva tentar algumas séries de tratamento fisioterápico, substituir as corridas temporariamente por outros tipos de exercícios aeróbicos, e se isto não aliviar os sintomas, a cirurgia é uma possibilidade a ser considerada. 

DORES NAS COSTAS
Meu marido corre 10 km, porém sente muitas dores nas costas. Fez tomografia e o diagnóstico foi discopatia degenerativa difusa leve e hemangiona no corpo vertebral L3 e T4. Ele pode continuar correndo?
Maria José de Souza, Bauru, SP

A discopatia degenerativa difusa sinalizada pela tomografia que seu marido realizou representa um desgaste de diversos discos intervertebrais das colunas lombar e torácica. Seu marido pode continuar correndo, desde que tome certos cuidados, como manutenção de baixo peso, limitação nos quilômetros rodados, treinamento de força concomitante (musculação), observação rígida dos dias de descanso e acompanhamento com médico do esporte. 

SUPLEMENTO MÁGICO
Gostaria de saber se o suplemento No-Xplode é indicado para a melhoria do desempenho de corredores? Caso positivo, como ele atua na musculatura do corredor e como deve ser ministrado? Deve-se tomar diariamente, durante os treinos ou somente no dia de provas? O produto eleva a pressão arterial (controlo a minha hipertensão com medicação)? Seria verdade que aumenta o fluxo sanguineo do corpo cavernoso do pênis, fazendo o mesmo efeito do Viagra? Existe alguma contra- indicação do produto?
Jonair Eugênio de Oliveira
Vila Velha, ES

O No-Xplode é um suplemento alimentar gerador de óxido nítrico, pertencente a uma nova categoria de suplementos construtores de músculos (hemodilatadores), que atua no organismo como molécula sinalizadora responsável pelo aumento do fluxo sanguíneo (hemodilatação), transporte de oxigênio, equilíbrio da glicemia, velocidade de contração muscular, produção de energia e crescimento do músculo, ou pelo menos é o que o fabricante determina como suas funções. Existem nutricionistas que recomendam a utilização por corredores para melhora do rendimento muscular e da recuperação pós treinos/competições, porém as doses de utilização devem ser prescritas por este profissional. A liberação médica é mandatória no seu caso devido ao seu histórico de hipertensão, pois todos estes produtos contêm alguma contra-indicação. Seu efeito é análogo ao do Viagra, já que o aumento de fluxo sanguíneo ocorre no corpo todo. 

CALCIFICAÇÃO DO TENDÃO
Participando da última São Silvestre, senti forte dor na sola do pé, mais exatamente no calcanhar, o que me forçou a reduzir o ritmo da corrida no intuito de concluí-la. Após exame médico e radiografia, constatou-se ser "calcificação do tendão de Aquiles". Pergunto: Isto me impossibilita de continuar correndo? Qual o tratamento adequado?
Paulo Henrique Sagaz, Lages, SC

O problema não vai lhe impossibilitar de continuar correndo, mas pode atrapalhá-lo ao longo de sua carreira esportiva. A calcificação é um acúmulo de tecido ósseo em locais que não deveria existir osso, no seu caso é no tendão de Aquiles, e representa um sinal de degeneração daquela estrutura. Os tratamentos conservadores, ou seja, não cirúrgicos, são baseados em medidas para amenizar a dor, com sessões de fisioterapia ou acupuntura. O uso do gelo também traz alívio dos sintomas, e o reforço muscular da panturrilha pode ajudar. A cirurgia é uma proposta a ser considerada, sobretudo se o tratamento conservador não resultar em melhora. Tente inicialmente a fisioterapia, e procure um ortopedista especialista em medicina do esporte para o acompanhamento do caso.