Neste ano, mais uma vez, vão acontecer duas maratonas na capital gaúcha: dia 27/04 a
2ª New Balance 42K e dia 08/06 a 40ª Internacional. Fica claro que se trata de provas distintas, quanto à longevidade, mas em relação ao que oferecem em termos de organização e percurso são bastante semelhantes. O que as distingue é a temperatura reinante nos meses prévios de preparação e a prevista no grande dia.

Para a primeira, o corredor terá que realizar seu treinamento durante os meses quentes de janeiro, fevereiro e um pouco menos em março e abril, enquanto para a segunda no clima ameno de março e abril, e de frio em maio. Se não bastasse, os termômetros em Porto Alegre, em abril, costumam ficar entre 17 e 27 graus, enquanto em junho eles variam de 11 a 21, podendo ser menor ainda, como me aconteceu em 2016, quando lá corri, largando com 5 graus e chegando com 10.
Com certeza tal temperatura foi de fundamental ajuda para que eu conseguisse, com folga, a tão almejada qualificação para Boston, apesar de não haver dúvida que o mais importante é o treinamento que se faz para a maratona. De qualquer forma, tinha tentado o índice para a centenária prova norte-americana em três ocasiões (Punta del Este, Santiago e Chicago), sem sucesso, quando fui para PoA e completei em 4h03, portanto bem abaixo de 4h25, que na época era o tempo de qualificação para Boston (70/74 anos).
Na verdade, a participação na Internacional de PoA fará parte da preparação para a de Amsterdã, dia 19/10, quando mais uma vez vou buscar a qualificação para Boston (2027), agora para a faixa 80 anos, cujo índice é sub 4h50, mas que na realidade será pouco acima de 4h40. Para a edição deste ano, o corte extra foi de 6:51, ou seja, eu precisaria fazer abaixo de 4:43:09. E um fator fundamental será a sempre necessária redução de peso, que no meu caso significará perder por volta de 10 kg até outubro.
ENTRAR NO RANKING

Mas tenho também uma meta específica no dia 8 de junho, que é completar dentro do tempo-limite de minha faixa etária (75/79 anos) no Ranking Brasileiro de Maratonistas, do site CR, por cuja montagem sou o responsável. Para tanto, preciso finalizar em menos de 5h25, o que me dará estímulo para a nova fase de treinamento, visando Amsterdã, com mudança no planejamento, isto é, com foco em ganho de velocidade (sem perder a resistência…) e dessa forma talvez, quem sabe, conseguir lá na Holanda o famoso BQ (Boston Qualify). Se não tiver êxito, volto a Porto Alegre em 2026, para nova tentativa, como fiz em 2016.
Aliás, depois de muitos anos sempre liderando entre as maratonas que mais classificavam para o Ranking CR (e para Boston), pelo benefício do clima e percurso, a Internacional teve seu índice reduzido em 2024, em função do calor, por ter acontecido no final de setembro. Já na da NB, os corredores tiveram ajuda do tempo, com temperatura que não chegou a 25 graus, fazendo com que 76% dos concluintes se ranqueassem, o percentual mais alto entre todas as nossas provas e bem acima da média nacional, que foi de 57%.
Maratonistas experientes sabem que os principais fatores a prejudicar ou colaborar para seus resultados finais (além do treinamento…) são o clima no dia, seguido da altimetria e do abastecimento no percurso, nessa ordem de importância. Não por acaso, milhares de brasileiros vão todo ano ao exterior em busca de maratonas com baixas temperaturas, em função de termos poucas por aqui com essa importante característica, como a de PoA em junho.
E o outro motivo para participar desta prova é obviamente a comemoração pelos 40 anos da mais antiga maratona brasileira, criada pelo Clube de Corredores de Porto Alegre – Corpa, mas que com o passar dos anos foi sendo assumida pelo diretor Paulo Silva e sua família, até hoje. Muitos clubes existiam, nos anos 80 e 90, como Corja (Rio de Janeiro), Corpore (São Paulo), Cobra (Brasília), Corpus (Campinas), Corre (Recife), Corblu (Blumenau) e Acord (Divinópolis), entre outros, a maioria já inoperante, apesar de aparecerem como organizadores em alguns eventos. Essas entidades, assim como prefeituras, eram as principais promotoras de corridas, mas com o surgimento de empresas especializadas (Yescom, Spiridon, Iguana, Mountain Do etc) perderam sua função.
Já a NB 42K, organizada pela Run Sports, foi lançada no ano passado como parte da promoção de um empreendimento imobiliário, não sendo possível prever se continuará acontecendo quando esse novo bairro (Golden Lake) da capital gaúcha estiver funcionando.

Tomaz Lourenço é jornalista, 78 anos; lançou a revista Contra-Relógio em outubro de 1993, sendo seu editor até a última edição, em abril de 2021. Correu mais de 60 maratonas no Brasil e exterior, além de 2 Comrades; seu recorde nos 42 km foi ao estrear na distância, em Blumenau 1992, com 3h04. Contato: tomazloureno1947@gmail.com