Entre os mais de 1200 corredores brasileiros presentes na Maratona de Chicago, disputada no dia 8 de outubro, tivemos a presença da atleta olímpica ADRIANA APARECIDA DA SILVA, bicampeã pan-americana (Guadalajara 2011 e Toronto 2015) e recordista brasileira de maratona. Ela foi a única brasileira a receber Six Star Medal na prova, medalha concedida a todos os corredores que finalizam o circuito das seis Marathon Majors, formada por Tóquio, Boston, Londres, Berlim, Chicago e Nova York.
Aos 42 anos, Adriana, que foi para Chicago sem cobrança de resultado, finalizou a prova em 2:53:11. Sua primeira Major foi feita em Berlim 2010, prova que ela também fez em 2014. Correu depois em Tóquio 2012, onde conseguiu a vaga para os Jogos Olímpicos de Londres 2012 e ainda quebrou na época os recordes Sul-Americano e brasileiro da maratona, com 2:29:17. A marca ainda é o atual recorde brasileiro. Depois fez Londres 2013, Boston 2014 e Nova York 2018.
Quando se deu conta, só faltava Chicago para completar as Majors. E por que então não perseguir esse sonho pessoal?
“Chicago foi uma sensação de desfrutar uma maratona com leveza. Era um desafio diferente do que conquistar a medalha pan-americana. Sem dúvida que a medalha pan-americana é o momento mais especial da minha carreira, mas a Six Star foi um momento de me divertir fazendo o que mais gosto, que é correr”, lembra a atleta, que estabeleceu uma meta compatível com seu momento atual. “Mesmo sendo uma corrida sem pretensão de tempo, eu sempre tenho como meta fazer meu melhor. Não o melhor comparado ao que já fiz na minha carreira. Isso não é minha realidade hoje, já que treino só 40 % do que fazia quando competia.”
Para a atleta, que já participou de um número incontável de maratonas ao redor do mundo ao longo de sua vitoriosa carreira, Chicago ficará marcada na sua história não apenas por cumprir a jornada das Six Majors. “Foi uma das melhores maratonas que participei até hoje. Adorei a cidade, o público que encheu as ruas para torcer. O percurso é ótimo, plano. Eu tinha a sensação de que estava descendo o tempo todo, talvez por estar tão feliz que senti a percurso fácil”, conta Adriana, que correu o tempo todo com companhia.
“Na largada, encontrei a Alice Yuri, que me perguntou para quanto eu. Então combinamos de correr no pace de 4:08 e uma fazer companhia para outra, mas sem se prender. Se alguma de nós estivesse se sentindo bem, ‘bora pra frente’! Mas fomos juntas até o final. E foi muito legal.”
Com o resultado de Chicago, a atleta se classificou automaticamente para participar da edição 2024 do Wanda Age Group World Championship, que será disputada junto com a Maratona de Sidney, no dia 15 de setembro, prova candidata à sétima Major. E ela já até recebeu a carta-convite. Será a quarta edição do Mundial (para corredores de 40 anos ou mais), que teve as duas primeiras edições realizadas em Londres (2021 e 2022) e a terceira agora em Chicago (2023).
“Tenho muita vontade de ir. Só preciso pensar numa forma de me preparar financeiramente para isso. Mas com certeza eu ficaria muito feliz de estar em Sidney.”
Além de continuar correndo, hoje a vida da atleta é dedicada a outras atividades e funções, como o Instituto Enfrente, que atende 50 crianças no CEU de Paraisópolis. “A corrida é parte do meu momento relax sem cobrança. Hoje não consigo nem quero treinar no limite. No Instituto, atendemos toda quarta e sexta-feira de manhã e à tarde, com atividades voltada ao atletismo. Estou muito feliz com esse projeto e o impacto positivo que estamos realizando nas crianças.”
Além disso, Adriana é hoje membro da Comissão de Atletas do COB, onde participa uma vez por semana de reuniões e eventos como fóruns e visitas a Brasília (Ministério do Esporte) e responsável pelo treinamento da atleta Andréia Hessel. “Acabei de realizar o Curso de Treinadores Nível I da World Athletics e agora estou apta a realizar o Nível II, no ano que vem. Estou cursando pós-graduação em Políticas Públicas e sou embaixadora da Asics, marca que me acompanha há 13 anos e que tenho muito orgulho de fazer parte. Com tanta coisa que faço hoje, realmente a corrida tem que ser parte do meu lazer.”