Blog do Corredor Tô Correndo Tomaz Lourenço 4 de dezembro de 2023 (0) (1099)

Em último e em primeiro lugar nos 21K de Bonito, com 32 graus e falta de água no percurso

POR TOMAZ LOURENÇO

Em meus mais de 30 anos de corrida, foi minha segunda prova começando ao entardecer e chegando à noite, ambas de 21 km e nas duas passando mal. A primeira foi a Mini da Gazeta, na capital paulista, nos anos 90, quando corri mais rápido do que podia (completei em 1h30, eu acho…) e fiquei mareado por um bom tempo depois.

A outra foi neste sábado (02/12), nos 21K de Bonito, com largada às 17 h, sob sol e 32 graus, por estrada asfaltada em percurso de 10,5 km de ida e outro de volta. Apesar do calor, corri direitinho, no começo com muita gente, mas que voltou na marca dos 2,5 e 5 km, respectivamente das provas de 5 e 10 km. Água gelada em copos ajudava a enfrentar a alta temperatura e assim foi até o retorno da meia-maratona.

Então começou o sofrimento. Nos primeiros postos de volta, nada encontrei, assim como os 20 corredores que vinham atrás e imagino vários do que estavam à minha frente. Uma total falta de respeito com os corredores e uma demonstração de desorganização, pois ficou patente o não dimensionamento da água necessária nesses pontos. Até o final ainda consegui uma garrafinha em dois únicos postos, mas o mal já estava feito.

Se não bastasse, corri uns 3 quilômetros no escuro (nem Lua tinha para ajudar), até entrar nos 5 km finais, com a estrada já iluminada. O cansaço e a irritação com a falta d´água, sem contar isotônico morno oferecido, me levaram a intercalar corrida com caminhada, para completar em 3h07, em último lugar do masculino e primeiro lugar na categoria 75 anos ou mais, em que eu era o único participante.

Dos mais de 500 que largaram na meia, boa parte retornou antes e alguns foram socorridos no terço final por ambulâncias. O percurso é agradável, com revoada de pássaros na mata que margeia a estrada, mas o calor não apenas joga contra a performance, como põe em risco a saúde dos corredores, ainda mais com a imperdoável falta de água verificada.

O objetivo do evento (corrida no sábado e ciclismo no domingo), promovido e organizado pela empresa H2O, é fortalecer o ecoturismo em Bonito, cidade que tem excelentes atrativos e que merece mesmo ser visitada, daí a ida de muitos corredores e ciclistas, notadamente do próprio estado e principalmente da capital. A H2O é igualmente a organizadora da Maratona de Campo Grande, cuja 3ª edição acontecerá dia 07/07/2024 (www.maratonadecampogrande.com.br).

Pouco menos de 1.500 corredores participaram nas 3 distâncias, completando 433 nos 21 km, 424 nos 10 km e 448 nos 5 km. Resultados completos em www.chronomax.com.br


Pelo que vi lá em Bonito, ficam aqui algumas sugestões para que a corrida seja ainda melhor no próximo ano:

1 – Transferir a prova para início de junho, quando o clima é mais ameno, com a vantagem extra de poder se tornar um excelente teste/treino para a maratona da capital, um mês depois.

2 – Manter no mesmo período, mas destacar que os 21 km terão tempo-limite de conclusão de 2h30, com cortes no percurso, para que os participantes não corram no escuro.  

3 – Avaliar a transformação dos “21K de Bonito” em “5-10-15K de Bonito”, o que com certeza atrairia maior número de participantes e, portanto, cumpriria com mais força o papel do evento como estimulador do turismo local.

Qualquer que seja a eventual alternativa adotada, o cuidado com o abastecimento deve ser redobrado, para que não se repita a falha absurda constatada este ano.



Tomaz Lourenço é jornalista, 76 anos; lançou a revista Contra-Relógio em outubro de 1993, sendo seu editor até a última edição em abril de 2021. Correu mais de 60 maratonas no Brasil e exterior, além de 2 Comrades; seu recorde nos 42 km foi ao estrear na distância, em Blumenau 1992, com 3h04. Contato: tomazloureno1947@gmail.com

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