Especial admin 7 de maio de 2012 (1) (103)

Com a cabeça em Londres

No dia 26 de fevereiro Adriana Aparecida da Silva tornou-se a terceira brasileira sub 2h30 em maratona. Com os 2:29:17, atingiu o índice exigido pela CBAt (2:30:07) e classificou-se para a Olimpíada de Londres, em julho. Antes, somente Carmem de Oliveira por duas vezes (2:27:41 em Boston-1994 e 2:29:34 em Nagoya-1996) e Márcia Narloch (2:29:59 em Hamburgo-2003) tinham sido sub 2h30. Mas Adriana não tem tempo para descansar. No dia seguinte aos 42 km no Japão, já estava trotando, reduziu a carga de treinos somente por uma semana (mas sem parar totalmente) e tem um objetivo bem definido: ganhar velocidade nos próximos meses para tentar bater novamente o recorde pessoal, em Londres, e talvez chegar abaixo do melhor tempo de Carmem.

Campeã pan-americana em Guadalajara, no México, no ano passado, Adriana correrá provas de 10 km e meias-maratonas até o final deste mês para então em meados de maio e começo de junho dar início à preparação específica para a maratona olímpica. A Meia-Maratona de Lisboa (disputada no dia 25 de março, após o fechamento desta edição), os 10.000 m no Campeonato Brasileiro de Pista (28 de abril), a Tribuna 10 Km em Santos (20 de maio), os 10.000 m no Troféu Brasil de Atletismo (27 de junho) e os 21 km da Golden Four Asics Rio de Janeiro (1º de julho) estão entre as provas previstas para o período de preparação da maratonista. A programação inclui ainda dois estágios de treinamento em altitude, primeiro em Paipa, na Colômbia, e depois na Europa, provavelmente na Suíça.

Adriana sabe que tem muito a melhorar em comparação com os tempos feitos atualmente pela elite mundial, principalmente por quenianas, etíopes e russas. Em 2011, os 2:29:17 de Adriana não estariam entre os 150 mais rápidos, segundo ranking da IAAF. Agora em 2012, mesmo batendo seu recorde pessoal e sendo a terceira brasileira mais rápida da história, Adriana ficou na 9ª colocação na Maratona de Tóquio (as cinco primeiras foram as etíopes Atsede Habtamu, 2:25:28 e Yeshi Esayias, 2:26:00; as quenianas Helena Kirop, 2:26:02 e Eri Okubo, 2:26:08 e a russa Tatiana Arkhipova, 2:26:46). Além disso, ainda estamos no início da temporada de provas, mas até dia 15 de março, a marca de Adriana era apenas a 46ª mais veloz de 2012, segundo a IAAF.

A distância da brasileira para a média obtida atualmente de 2h23/2h24 está ainda bem distante neste momento, como constata a própria maratonista. "Tenho essa ciência que hoje 2h29 para um nível brasileiro foi muito bom, dentro do objetivo que eu queria alcançar. Fazia anos que uma brasileira não corria assim. Mas sei que a realidade da maratona feminina no mundo é outra, melhorando ano após ano, com várias atletas correndo abaixo de 2h20 e um grupo bem grande entre 2h23, 2h24. Pensar em correr junto com elas está fora da realidade hoje. Mas nos Jogos Olímpicos o nível será forte, elas estarão lá, o que vai me ajudar a melhorar ainda mais o meu tempo. Conseguindo correr 2h27, vou traçar outros objetivos, 2h26, 2h25, o que irá abrir portas para eu entrar em outras maratonas fortes pelo mundo", disse Adriana.

E a brasileira sabe bem onde pode melhorar. A meta traçada com seu treinador, Cláudio Castilho, era para fazer já 2h28 em Tóquio, porém, ela diz que a passagem do km 5 para o km 10, quando fechou a parcial em 18:02, acabou sendo determinante para não atingir o tempo previsto. Mesmo fazendo um split negativo e acelerando nos quilômetros finais na maratona japonesa (veja todas as parciais no quadro), ficou 18 segundos acima dos 2h28. "Após a prova, o Cláudio até brincou comigo. Enquanto todo mundo está te dando os parabéns, estou te dando uma bronca, porque você já podia correr 2h28", disse Adriana. "O objetivo é correr a Olimpíada para 2h27."

E qual foi a sensação de conseguir a vaga para Londres-2012? "Na verdade, demorou para cair a ficha. Porque eu estava tão focada nos treinos, concentrada no que queria fazer dentro da maratona… O Cláudio me alertava antes: ‘Não vamos falar em índice, vamos falar em correr abaixo de 2h30, que consequentemente será o índice'. Quando terminei, pensei: ‘Nossa, isso é índice para Jogos Olímpicos…' Foi uma sensação de missão cumprida, era tudo o que queria fazer em Tóquio. Estava muito frio, 2 graus na largada, difícil de aquecer. Fiquei muito contente não só com a quebra de marca, mas com o índice para a Olimpíada", afirmou Adriana.

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One Comment on “Com a cabeça em Londres

  1. O que disse no comentário anterior está no site da Cbat. Carmem perdeu seu recorde. Isto porque ‘acordaram’ sobre o percurso de descida de Boston depois das surpreendentes marcas do ano passado. Antes faziam vista grossa até que aconteceu de superarem o recorde mundial.
    A melhor marca anterior dela foi feita em Nagoya(2h29min34s, acho). Tem a Márcia Narloch com 2h29min59s.São só estas três marcas abaixo de 2h30min no país, além desta nova da Adriana.

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