Especial admin 4 de outubro de 2010 (0) (196)

Veteranos dedicados e muito rápidos

O maratonista Kohei Senoguchi, 63 anos, começou a correr há 28. Segundo ele, seu início no mundo das corridas se deu para ser "saudável e combater o stress". Apesar de ser um corredor extremamente rápido na sua faixa, não liga para isso, pois quando indagado sobre quais são seus recordes pessoais mostrou desapego com o assunto. "Não me lembro, porque para mim importante é completar a corrida", respondeu com a perspicácia oriental.

Na última corrida que a reportagem acompanhou Senoguchi, ficou claro que ele é um ótimo corredor. Ele concluiu o Circuito Montanholi, no último mês de julho, com a marca de 1h48, tempo que não é para qualquer um, quando levamos em consideração a dificuldade do percurso daquela que é considerada a mais difícil meia maratona brasileira.  

Segundo o técnico de Senoguchi, Eduardo Luis Tavares, o foco de seu atleta são as maratonas. "Ele treina seis vezes por semana, tendo segunda como descanso; nas terças e quintas trabalha os intervalados longos (tiros 2.000 a 3.000 metros), nas quartas e sextas e domingo rodagem (de 12 a 16 km) e aos sábados longos (25 a 30 km)", revela. Kohei foi o 14º no Ranking Brasileiro de Maratonistas 2008 elaborado pela CR, pelo seu tempo de 3:21:25 em Porto Alegre.

Outro corredor rápido é Cícero Raimundo da Silva, que começou a correr há 13 anos depois "de ter um problema de saúde". Cícero é treinado pelo técnico Mario Mello. Aos 58 anos, o atleta, a depender do percurso, consegue nos 10 km o tempo de 36 a 38 minutos, e assim como Kohei, sente a perda de performance com o passar do tempo, mas que procura compensar com maior dedicação aos treinos.

Quando questionado se a carga de seu atleta veterano é muito diferente em relação aos mais jovens, Tavares é enfático: "Em relação ao Senoguchi não, pois se trata de um corredor geneticamente preparado para grandes cargas de treino, ou seja, se tivesse começado jovem, seria um atleta de ponta, com certeza".

COM A IDADE, MENOS VELOCIDADE. Disciplinado, o rápido corredor de ascendência oriental disse que sentiu declínio de performance ao longo do tempo. "Depois que completei 60 anos, é cada vez mais difícil manter o ritmo de competição, por isso estou treinando muito mais do que antes, respeitando a planilha do professor Tavares".

O técnico Miguel Sarkis, também de SP, dá ênfase na individualidade para os treinos de seus atletas veteranos. "A carga, em relação aos mais novos, fica diferenciada; não costumo utilizar com frequência cargas altas, acima dos 15 km, para este grupo etário, explica.

Opinião que é compartilhada por Tavares. "Ao trabalharmos com um veterano, temos que ter o cuidado com a carga e a intensidade, para não sobrecarregá-lo, principalmente nessa idade que a chance de osteoporose é grande. Para isso temos que sempre ter um retorno do próprio atleta para que possamos adequar da melhor forma possível a sua planilha, ou seja, se o atleta estiver com dores, ou dificuldades com o treino, estaremos alterando dentro de suas condições de momento".

"O treino é específico para a prova em que está focado a ter rendimento, em geral com treinos longos, de aclives, intervalados curtos e longos, ritmo, progressivos, e dependendo do objetivo, maior ou menor volume de quilometragem semanal. E dou mais atenção na recuperação, optando muitas vezes por um descanso total em vez de um descanso ativo e também não se pode descuidar do trabalho de fortalecimento e alongamentos", diz Mario Mello.

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