POR ANTONIO COLUCCI | @anton10colucci e @resgatedoatletismobr
Descobri a Maratona de Ponta Grossa através do Marilson Gomes dos Santos. Nosso super corredor disse que iria para lá e fui pesquisar sobre a prova. Conversando com amigos loucos por maratona, descobri que eles tinham participado da primeira edição, que a prova era bem dura e que tinha acontecido um erro que aumentou em 3 km a distância final. Perfeito, uma maratona desafiante e casca grossa em Ponta Grossa.
Data ajustada, hotel reservado, o ótimo Íbis de Ponta Grossa, apoiador da prova, e para melhorar, fizemos, eu e o Tião Moreira, um programa do Resgate da História do Atletismo Brasileiro com o maior corredor de Ponta Grossa e campeão da primeira edição da prova, o Robertinho (Roberto Rodrigues Oliveira), que confirmou que a prova era dura e desafiadora.
A bela cidade de Ponta Grossa fica a pouco mais de 100 km da capital paranaense, Curitiba, e tem 358 mil habitantes e muitas subidas e descidas.
A prova ofereceu as distâncias de 5 km, 10 km, meia maratona e maratona, com kits com camiseta, número de peito e itens que poderiam ser comprados à parte, como camiseta de manga comprida, boné, caneca.
A entrega dos kits foi na ACIPG-Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa, um local bem localizado, com alguns expositores e venda de produtos para corrida e palestras, sendo a última com o supercampeão Marilson Gomes dos Santos, que contou sua trajetória e levou alguns de seus troféus.
A PROVA. A primeira largada foi para a turma da maratona, e eu estava lá, às 06:00 da manhã, com a temperatura marcando 7 graus. Mas não tinha o vento cortante, provavelmente por conta da chuva na noite anterior. Eu não gosto de correr no frio, fui de luva e gorro. A luva me acompanhou o percurso todo, já o gorro tirei e carreguei a partir do km 2.
Logo na largada, a turma saiu acelerando. Tinha um queniano, Justin Mose, que foi o campeão com 2h30. Nosso amigo Marquinhos, o Marcos Paixão, saiu na captura e terminou em 3º, e o campeão da 1ª edição, o Robertinho, foi o 5º colocado após pensar várias vezes em desistir, mas isso eu só descobri na resenha pós-prova aguardando a premiação.
Os primeiros km foram na escuridão, tentando enxergar os atletas que estavam mais à frente e acompanhando os cones. Passamos pela bela UEPG-Universidade Estadual de Ponta Grossa no amanhecer do dia e na saída encontramos os corredores das distâncias menores, primeiro a turma da meia maratona, e depois o pessoal dos 10 km, momento que deu para sentir o calor humano e ter companhia no percurso.
A hidratação estava perfeita, com staffs entregando água para todos. Em alguns postos, tinha até água aberta para facilitar. No km 18, tinha tapete de cronometragem logo após a água e no posto seguinte tinha também gel de carboidrato.
Entre os km 21 e 22 da maratona, a turma da meia maratona virou para finalizar a prova. E nós ficamos novamente solitários no percurso. Na grande parte dos cruzamentos, tinha algum staff ou algum policial com apito segurando o trânsito dos veículos. Eles orientavam se era para irmos na pista da direita ou da esquerda, e os cones estavam entre as pistas. Alguns foram derrubados pelos poucos motoristas mal-educados que apareceram, mas sempre perigosos. E infelizmente eles existem em qualquer lugar do planeta.
A partir do km 30, além da água, do isotônico e do gel em carboidrato, também tinha Coca-Cola para dar aquele gás aos corredores, não para os apressados que nem devem ter visto, mas eu aproveitei para desfrutar, conversar com os staffs e seguir o caminho.
Já contei quase toda a prova e nem falei do percurso desafiador.
O GPS chegou a mais de 800 metros de elevação, de sobe e desce, de longas subidas e descidas, desafiadoras, porém não intimidadoras. O sol até apareceu, mas não esquentou e o frio também não justificou a baixa temperatura.
O percurso com idas e voltas nas vias largas mantinha os corredores no campo de visão, tanto os que estavam na frente como os que vinham atrás, o que servia de estímulo, e acabávamos incentivando uns aos outros. Quem tinha mais força passava e apoiava os que estavam já sentindo e assim as placas dos km iam crescendo numericamente até chegar ao final.
No meu caminho tinham pessoas apoiando seus maratonistas, uma mãe e o filho sempre apareciam de carro em pontos estratégicos da prova, um ciclista também ia e vinha pelo percurso apoiando todos e acompanhando um amigo. Outros em um carro passavam apoiando na subida e depois paravam para gritar apoiando seus amigos e todos que vinham gastando a sola no asfalto, no sobe e desce da maratona mais casca grossa de Ponta Grossa.
Na reta final, uma turma esperava os maratonistas com muita animação ,e ao cruzar a linha de chegada, fomos recebidos pela alegria do locutor Lucas Felipe com seu chapelão e megafone.
Durante o percurso encontrei e corri com a Gisa Oliveira (confira aqui o depoimento), que estava nos 10 km, o Edu Rocha, que correu os 21 km, e o imparável Nilson lima, de Uberlândia, em sua maratona 333.
Após cruzar a linha de chegada, conversando com o Ivan, organizador da prova, descobri que teria uma medalha de TOP 50 para os 50 primeiros dos 42 km, e assim minha desafiadora maratona rendeu mais uma bela medalha. Eu fui para me desafiar, conhecer uma prova dura, uma cidade nova, e acabei sendo surpreendido com uma premiação especial.
Confesso que foi uma falha minha não ter atentado para esse detalhe no regulamento, e olha que eu sou um dos poucos que leem regulamentos, mas como não tinha pretensão de performance, passei batido nessa parte e só lá descobri que a premiação para os primeiros foi muito boa, e que nas categorias também foram entregues troféus para os 3 primeiros de cada faixa etária.
Uma prova que tem muito a crescer, nessa edição tinha mais staffs que maratonistas, foram 280 pessoas trabalhando no evento, a prova contou com apoio da prefeitura de Ponta Grossa, da Secretaria de Esportes, da Polícia Militar e do Departamento de Trânsito.
Os resultados estão no site da cronoserv.com.br.
Em 2024, a 3ª edição deve acontecer no dia 14 de julho, e o desafio está lançado.
Eu fiquei devendo de conhecer o Parque Vila Velha, por falta de tempo no sábado e falta de pernas no domingo, o que deve contribuir para a minha volta na próxima edição, dessa vez sabendo que as subidas são um ótimo aquecimento para as descidas e que tem premiação por faixa etária e medalha TOP 50.
Se você pretende um recorde pessoal, um índice para alguma prova ou uma foto glamourosa no instagram, não vá para Ponta Grossa, mas se você curte correr, gosta de prova desafiadora, de conhecer novos locais, desbravar o Brasil correndo, essa é uma ótima opção. Só não esqueça de treinar.
Para mais detalhes, me chame nas redes sociais.
Ponta Grossa foi a minha quinta maratona em 2023, que começou com a Maratona do Vinho em Bento Gonçalves, Maratona Internacional de São Paulo, Desafio do Gaúcho na Maratona de Porto Alegre, Desafio Cidade Maravilhosa na Maratona do Rio de Janeiro e, na próxima semana, estarei na Maratona de Blumenau.
Antonio Colucci, 48 anos, descobriu há 20 anos as provas de corrida de rua e desde então, está #semprecorrendo. Corre maratonas desde 2009 e em 2023 já correu 5.
Apresenta o programa Resgate da História do Atletismo Brasileiro com o fotógrafo lenda das corridas Tião Moreira.