Quando começou a correr, em julho de 2010, o bombeiro militar Flávio Loureiro não imaginava que dava início ali a um dos maiores movimentos de corredores de rua do Rio de Janeiro, talvez do Brasil. No fim daquele ano, Flávio resolveu criar numa rede social um grupo em que os corredores, novatos e experientes, pudessem trocar experiências e ideias sobre corridas. Hoje o "Viciados em Corridas de Rua" tem mais de 30 mil seguidores Brasil afora e não reúne menos de 100 participantes em um simples treino no fim de semana. No último de 2014, mais de 750 corredores marcaram presença.
"Não imaginava e não era minha intenção que o grupo crescesse tanto assim. A ideia era que o grupo servisse para trocas de experiências, opiniões sobre material esportivo, provas… No máximo para marcar uns treinos com os amigos, em especial os mais experientes. Hoje, a cada dia, 80 novos seguidores são adicionados ao grupo. Em dezembro fizemos um treino solidário na Lagoa Rodrigo de Freitas, e foram mais de 750 pessoas", conta Flávio, de 41 anos.
Atualmente o que mais se vê no grupo são postagens de corredores que venceram algum tipo de desafio. Os mais comuns, conta Flávio, são os de perda de peso por conta da corrida e aumento nas distâncias. Algumas dessas experiências foram motivadas pela própria história do criador do grupo, que está treinando para correr uma prova de 100 km na Patagônia.
"Praticamente todos os dias vemos postagens com histórias de pessoas que foram incentivados a correr por membros do grupo. É legal ver as fotos do antes e depois da corrida. Pessoas que chegaram a perder 30 kg, outras que nunca se imaginavam correndo e hoje comemoram ter completado uma maratona. Há também aqueles que vibram por ter conseguido correr 5 km seguidamente. A julgar pelos comentários que ouvimos, estes certamente terão motivação para chegar a uma maratona", diz Flávio, que antes de virar corredor pesava 98 km e hoje está com 75 kg.
O bombeiro militar considera-se um viciado em corridas de rua e fica feliz ao saber que inspira outras pessoas a correr. "Sou um viciado, apaixonado por corridas e não me vejo sem o esporte em minha vida. Fico muito feliz em apenas ver pessoas correndo pelas ruas. A corrida mudou a minha vida e a cada dia me torna uma pessoa melhor, mais focada e sempre com objetivos. A corrida me fortalece e hoje é o meu modo de vida. Há cinco anos não me imaginava correndo 5 km e foi assim a cada aumento na distância. Hoje custo a acreditar que estou treinando duro para uma prova de 100 km", revela o corredor.
Mas se Flávio serve de inspiração para outros tantos milhares de corredores, pode-se dizer que a recíproca é verdadeira. Ver as histórias de superação e as fotos da camisa do grupo em algumas das principais provas de corrida do mundo empurra o criador do grupo para mais um treino. "Vi postagens de corredores com a camisa do ‘Viciados' nas Maratonas de Nova York, de Paris e de Berlim. Onde quer que haja uma corrida de rua sempre aparece uma ‘armadura' do grupo. Na Corrida de São Silvestre havia dezenas de corredores com a nossa camisa. Isso faz com que um incentive o outro durante a prova e os aproxima fazendo com que surjam novas amizades", completa Flávio.