POR TOMAZ LOURENÇO

O RANKING montado pela revista Contra-Relógio, a partir de 1995, sempre teve como objetivo dar o devido valor aos que se dedicam aos treinamentos para enfrentar os 42 km. Nesse sentido, foram estabelecidos tempos-limite, por faixa etária/sexo, para ingresso nas listagens, mas que são bastante acessíveis, bastando lembrar que representam entre 50 e 55 minutos a mais do que o exigido para inscrição em Boston.

A montagem anual do RANKING acontece conforme vamos recebendo os resultados das maratonas brasileiras com percurso aferido oficialmente, e que são depurados por faixa etária, descartando-se os que superam os tempos-limite. Depois, é feita manualmente a checagem dos nomes, para a escolha da melhor marca, no caso daqueles que se qualificam em mais de uma prova, assim seguindo até o final do ano, quando o RANKING é publicado aqui no site, com as listagens definitivas.

Nesse processo de filtragem, por vezes chama a atenção marcas muito fora do que seria razoável, mesmo para corredores competitivos e em grande forma. Com o uso do chip e pelos vários tapetes de controle no percurso, fica bastante difícil a burla, através de cortes no trajeto, como acontecia antigamente. Daí que a causa principal para esses resultados surpreendentes é mesmo pessoas correndo com número de outro, especialmente mais velhos, ou mesmo homens com número de mulheres.

Ao que tudo indica, a razão principal para essa burla seria se aproveitar das inscrições para o pessoal de mais de 60 anos, com desconto de 50%, usadas pelos mais jovens. Mas também, em bem menor escala, acontece o inverso, ou seja, corredores fazendo a prova para outros conseguirem qualificação para Boston ou outra maratona de difícil inscrição, assim como ingresso e boa classificação no RANKING CR.

Além do prejuízo para os organizadores, esse comportamento gera pouca confiabilidade nos resultados disponibilizados pelos eventos, mas que acabam passando sem grandes traumas. Com a montagem e publicação do RANKING, essas marcas absurdas ganham maior visibilidade, exigindo de nossa parte um cuidado extra, através da verificação das fotos dos concluintes “fora da curva”.

Em decorrência dessa apuração, constatamos dezenas de casos de pessoas jovens participando com números de idosos, o que nos obrigou a desclassificações nas categorias acima de 60 anos, notadamente. E isto se deu principalmente na Maratona do Rio, onde, por exemplo, 2 dos 3 corredores da faixa 75/79 anos que concluíram com marcas para o RANKING não correspondiam a essa idade nas fotos. Mas eles continuaram na listagem da prova e devem ter recebido os troféus de categoria, quando bastava a organização verificar as fotos dos números correspondentes. Depois que informamos sobre essa falha, os dois foram retirados.

DENÚNCIA E CHECAGEM

Deixando claro, descobrimos essas falcatruas meio sem querer, na medida em que o objetivo do RANKING, como falamos no inicio, é a valorização dos que se empenham para correr bem os 42 km e não a fiscalização dos tempos. De qualquer forma, como é impossível verificar os inúmeros desses casos de falsidade, aqueles que desejarem nos comunicar sobre eles podem remeter a informação pelo email tomazloureno1947@gmail.com, que checaremos e faremos a devida eliminação.

É fundamental que eventuais falhas no RANKING publicado no site CR, e atualizado periodicamente, nos sejam indicadas, para que sejam corrigidas, naturalmente depois de avaliarmos o problema denunciado. Por outro lado, pode acontecer das desclassificações realizadas não serem corretas, e por essa razão pedimos aos prejudicados que entrem em contato, sempre pelo email acima.

LÍDERES ATUAIS DO RANKING

Os campeões das faixas etárias, considerando as 7 primeiras maratonas oficiais brasileiras, estão abaixo. Os definitivos apenas em dezembro, após as últimas provas de novembro (Jurerê, Brasília, Curitiba e Sorocaba).

18/34 anos

Amanda Aparecida Oliveira – 02:46:40 – Rio de Janeiro
Gilmar Silvestre Lopes – 02:17:22 – Porto Alegre

35/39 anos

Fernanda Fonseca Dutra – 02:56:47 – Porto Alegre
Wellington Bezerra da Silva – 02:18:42 – Porto Alegre

40/44 anos

Eulália Santos – 03:01:21 – Rio de Janeiro
Jeferson Dias – 02:34:00 – Porto Alegre

45/49 anos

Marlei Eunice Willers – 02:40:59 – Porto Alegre
Eliezer de Jesus Santos – 02:28:10 – Rio de Janeiro

50/54 anos

Ana Paula Monteiro da Costa – 03:15:45 – Rio de Janeiro
Manoel Alves da Silva – 02:33:32 – Porto Alegre

55/59 anos

Lizandra Oliveira Pungirum – 03:16:00 – São Paulo
Edivaldo Bueno do Prado – 02:53:44 – Rio de Janeiro

60/64 anos

Raimunda Acélia Alves – 03:31:04 – Rio de Janeiro
Edvaldo Pereira de Souza – 02:54:54 – Porto Alegre

65/69 anos

Ana Maria Barretto Martins – 03:51:01 – Rio de Janeiro
Pedro Luiz de Oliveira – 03:01:17 – São Paulo

70/74 anos

Sueli Maria Lemes de Almeida – 05:02:26 – Porto Alegre
Washington de Oliveira Terra – 03:25:40 – Porto Alegre

75/79 anos

Maria Eugênia Coelho Cerqueira – 05:41:29 – Rio de Janeiro
Rudmar Bastos Gonçalves – 04:04:22 – Rio de Janeiro

Tomaz Lourenço é jornalista, 76 anos; lançou a revista Contra-Relógio em outubro de 1993, sendo seu editor até a última edição em abril de 2021. Correu mais de 60 maratonas no Brasil e exterior, além de 2 Comrades; seu recorde nos 42 km foi ao estrear na distância, em Blumenau 1992, com 3h04.