20 de setembro de 2024

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Especial admin 29 de março de 2015 (0) (362)

O diamante negro

Há quem não ligue, não dê a mínima importância para ele. Mas a grande maioria confessa que não vive sem esse prazer. Nesta época do ano, com a Páscoa e a chegada do frio, em que o mercado e a publicidade expõem esse alimento como uma joia, o valor sobe, a oferta e a procura aumentam e todos os chocólatras, corredores ou não, ficam aguçados. A rifa da escola do filho, o "chocolate secreto" na firma, a doação de ovos para as crianças da comunidade. Para onde se olha se vê o docinho em forma de barra, ovo, coelho, cenoura. Mas cuidado. Embarcar nessa onda e abusar do consumo pode tirar você de forma ou deixá-lo em forma de bola.
Batemos um papo com a nutricionista Tânia Rodrigues, da RG Nutri, especialista em Fisiologia do Exercício e Nutrição Esportiva. Ela aponta algumas curiosidades, desmistifica algumas crenças e dá dicas para atravessar essa onda de cacau, leite e açúcar sem se afogar, e consumir sem culpa (na medida certa…), em qualquer época do ano.

O corredor que busca rendimento está sempre preocupado com o controle de calorias, afinal de contas sabe que peso extra significa tempo a mais em seus treinos e provas. Para quem não fica sem chocolate, as versões light e diet são uma boa opção, ou não? E por que?
A expressão diet é utilizada em alimentos para dietas especiais, como por exemplo para diabéticos. Alimentos diet são especialmente formulados, restringindo a quantidade de algum nutriente. Já a expressão light é utilizada quando o valor energético total ou algum nutriente do alimento for reduzido em pelo menos 25%.
No caso do chocolate, os principais ingredientes da sua versão convencional são gordura e açúcar. Na versão diet, o açúcar é retirado e então a gordura assume o papel de ingrediente principal e tem sua quantidade aumentada com o objetivo de conferir sabor. Isto faz com que aumente as calorias do produto, tornando a opção diet mais calórica que a normal.
Assim, para quem está preocupado com o controle de calorias, a alternativa diet do chocolate pode não ser a melhor escolha. O certo ainda é manter uma dieta balanceada e com calorias adequada as necessidades diárias, podendo incluir uma porção pequena de chocolate.

Algumas pesquisas apontam que o chocolate poderia ajudar no humor, pois estimula a produção de serotonina. Então, ele funcionaria como um "estimulante" ou "motivador" para um corredor que passa por um período de stress na vida pessoal, profissional e nos treinos que não encaixam e progridem?
O chocolate possui substâncias que interagem quimicamente com o cérebro, capazes de ativar a serotonina, neurotransmissor responsável pelo humor e sensações de bem-estar e saciedade. Além de conter polifenóis, o chocolate é a uma emulsão complexa que ativa os centros do bem estar no cérebro humano, provavelmente por possuir, em cada 100 g, 5 mg de metilxantina, 160 mg de teobromina, fitoquímicos com efeito estimulante semelhante ao da cafeína, e 600 mg de feniletilamina, um estimulante parecido coma dopamina e epinefrina produzidos pelo nosso organismo.
Não é um alimento que possa melhorar o desempenho no treino ou resolver um problema pessoal, mas pode causar bem estar. Logo, ele é um alimento que pode ser consumido nesse período de stress, porém sempre com moderação.

As versões com maiores porcentagens de cacau realmente são benéficas ao coração? Por que? Os antioxidantes presentes realmente previnem doenças cardiovasculares?
As versões com maiores porcentagens de cacau, denominadas meio amargo e amargo, possuem maiores quantidades de polifenóis e flavonódes, antioxidantes importantes que atuam no combate de radicais livres, originados não só de processos inflamatórios internos, mas também por fatores externos, como poluição, tabagismo, ingestão de bebidas alcoólicas, ou ainda por má alimentação. Esses antioxidantes são capazes de retardar ou impedir as reações oxidativas, que desgastam ou "enferrujam" as células, e também o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, alguns tipo de câncer e processos associados ao envelhecimento.
Muitos alimentos apresentam esta propriedade e devem ser incluídos na dieta, como frutas vermelhas, folhas verdes escuras, chás, castanhas e frutas cítricas. O cacau faz parte do grupo de alimentos saudáveis e como chocolate pode ser consumido com moderação.

Quem consegue ficar longe da tentação ou não aprecia a iguaria teria algum benefício na corrida? Ou, na verdade, tanto faz? O que importa mesmo é a qualidade geral da alimentação do corredor?
De fato, a alimentação do corredor deve suprir quantitativamente as suas necessidades nutricionais, maiores que as de pessoas que não praticam atividade física. A necessidade de proteína é aumentada, seja pelo uso como substrato energético, seja pela utilização no crescimento muscular. Também tem a função de reparar as microlesões musculares sofridas. Os carboidratos, por sua vez, têm como finalidade fornecer energia suficiente para a corrida e, quando ingeridos após o término, recuperar os estoques de energia consumidos.
Já o cacau, presente no chocolate, pode ser um aliado na alimentação destes indivíduos, pelo fato de ser rico em antioxidantes, responsáveis pelo combate aos radicais livres. Além disso, possui também flavonóides, que têm ação anti-inflamatória, auxiliando os atletas na recuperação de possíveis lesões. Sendo assim, pode-se consumir o chocolate após competições, na versão amargo ou meio amargo, por apresentarem maior teor de cacau.
Alimentos ricos em gordura, como é o chocolate, não são recomendados pré treino ou prova, uma vez que demoram mais para serem digeridos e podem causar distúrbios gástricos durante a corrida. Já em situações especiais, como corrida de aventura, ultra maratona ou trekking, muitos atletas consomem chocolate em barra ou barras de proteína com chocolate, com boa aceitação.

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