Especial Notícias Redação 10 de julho de 2012 (1) (146)

Nossos maratonistas em Londres

Quarteto Fantástico é uma equipe de heróis das histórias em quadrinhos criados por Stan Lee e Jack Kirby na década de 1960. Devem seus poderes especiais à exposição à radiação cósmica durante uma viagem espacial: Senhor Fantástico, Coisa, Tocha Humana e Garota Invisível. O Brasil também terá seu Quarteto Fantástico, ou melhor, Quarteto Olímpico, na maratona em Londres-2012. Seus poderes, entretanto, foram resultado de muito esforço, dedicação, concentração e treinamento. Marilson Gomes dos Santos, Paulo Roberto de Almeida Paula, Franck Caldeira e Adriana Aparecida da Silva serão os representantes nos 42 km. As disputas do atletismo em Londres-2012 ocorrem entre 3 e 12 de agosto. A maratona feminina será dia 5 e a masculina dia 12, data de encerramento dos Jogos Olímpicos.

Pré-classificado para a Olimpíada por ter ficado entre os 30 primeiros no ranking mundial da IAAF em 2011, Marilson ratificou a vaga ao terminar em sexto lugar na Maratona de Londres deste ano com 2:08:03, o segundo melhor tempo da carreira (seu recorde pessoal é 2:06:34 em Londres 2011). Será a segunda Olimpíada de Marilson, que esteve em Pequim-2008. O objetivo está definido: "Treinar para chegar na melhor forma possível em Londres. Ir para o tudo ou nada, 8 ou 80", afirmou o brasileiro, deixando claro que buscará nos Jogos Olímpicos o recorde sul-americano de Ronaldo da Costa, 2:06:05, desde Berlim-1998.

"Azarão" na disputa, Paulo Roberto obteve por três vezes o índice olímpico em seis meses: 2:13:15 em Amsterdã-2011; 2:11:51 em Barcelona-2012 e finalmente 2:10:23 em Pádova-2012. Com qualquer um dos três tempos, estaria na Olimpíada. "Foquei, concentrei, tive muita disciplina nos treinamentos, pensando que iria para a Olimpíada. Quando terminei Barcelona, vi que tinha condições de correr melhor. Conversei com meu treinador (Marco Antonio de Oliveira, o Marcão – veja entrevista com ele nesta edição) e chegamos num acordo para ir à Pádova", afirmou o corredor.

Na preparação, Paulo Roberto fez duas fases de treinamento na altitude. Para Barcelona, o volume máximo semanal chegou a 170 km, com tiros longos e rodagem. "Deu certo o trabalho. O que eu fiz é difícil, em menos de 28 dias correr duas maratonas. Isso não é bom, pode acarretar alguma lesão. Entre Barcelona e Pádova, por exemplo, treinei só um período por dia e não fiz rodagem, só manutenção, com tiros de 600 m, 400 m", explicou.

De acordo com Paulo Roberto, a preparação para chegar à maratona começou há três anos, focando as meias, melhorando seus tempos, mas sempre pensando em chegar nos 42 km. "Desde o começo, quando fiz 2h13, muita gente não acreditava em mim. A meia-maratona me ajudou muito. Fui baixando minhas marcas. Em menos de 1 ano, fiz 1:02:30 na Meia do Rio e 1:02:31 na Meia de São Paulo", disse o corredor, que mantém o discurso otimista para a Olimpíada. "Não quero ir lá fazer volume. Minha expectativa é treinar por três meses sem competição, como fiz para Barcelona. Meu apronto será a Meia das Cataratas, em Foz do Iguaçu. Quem quer focar em um objetivo, não pode ficar competindo todo dia porque não vai chegar a lugar algum. Em três meses, só competi na Meia de São Paulo. Não acredito em estatística. Quero fazer o meu melhor e tenho certeza que vou baixar dos 2:10:23 em Londres. A cada maratona que correr, entrarei para superar meu recorde."

 

GUINADA. Já Franck Caldeira garantiu a terceira e última vaga destinada ao Brasil com o recorde pessoal de 2:12:03 em Milão-2012. Será a segunda maratona do mineiro, após Pequim-2008. Ele credita a guinada na carreira à parceria com o técnico Ricardo D'Angelo, que levou Vanderlei Cordeiro da Silva à medalha de bronze em Atenas-2004. "Foi uma mudança brusca de treino, o D'Angelo incrementou algumas coisas que eu não tinha, de força, educativos, correção de biomecânica. Depois de velho, aprendendo; voltei à escola com ele. A parte mental também foi muito importante. Pegar um atleta já rodado é muito mais difícil do que um garotinho. Eu acreditei muito no trabalho dele e ele acreditou que eu poderia ser um cara diferente do passado. Deu certo. Você quer a maratona? Então vamos preparar a maratona para chegar no ápice até 2016. Trabalhar para chegarmos aos 2h08, 2h09 antes do Rio. E foi isso que está acontecendo. Dentro da programação, faremos algumas provas de 10 km e meias-maratonas, mas o foco sempre é a maratona."

Entre as mulheres, somente Adriana Aparecida da Silva estará na largada, graças aos 2:29:17 obtidos em Tóquio-2012. O que era previsto na teoria, comprovou-se na prática. O índice de 2:30:07 exigido pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) acabou sendo muito forte. Marily dos Santos e Cruz Nonata chegaram perto, mas não alcançaram a marca necessária. A meta de Adriana, ao lado do técnico Cláudio Castilho, é correr a melhor maratona da carreira na Olimpíada de Londres, aproximando ou superando os 2:27:41 de Carmem de Oliveira, melhor tempo de uma brasileira na história.

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