Especial admin 4 de outubro de 2010 (0) (91)

Gripe suína: corra dela!

Para elucidar os nossos leitores, reunimos perguntas de vários técnicos de corrida e levamos para a experiente infectologista Tuba Milstein Kuschanoroff responder. Entrevistamos também uma das primeiras infectadas com o vírus H1N1 no Brasil, que contou a sua experiência e como foi a cura. Antes o comentário de alguns corredores.

Embora o clima pareça de "pânico", o corredor Claudio Antonio Caires Dourado, que reside em Osasco há 40 anos e treina seis dias por semana sob a orientação de Adriano Machado, está tranquilo. Segundo Claudio, sua rotina está normalíssima; continua treinando com o grupo de amigos e tem várias provas programadas, inclusive em Osasco. "Não estou com medo da gripe; estou rodeado de pessoas saudáveis enquanto treino e pratico meu esporte!" 

Claudio é engenheiro e tem um estabelecimento comercial no centro de Osasco. Ele observou: "Embora a mídia destaque bastante a pandemia, não vi mudanças; por aqui está tudo calmo." Outro corredor de Osasco que não se assusta é o bancário Rubens Luis Neves, veterano, com mais de 21 maratonas. Rubens só descansa um dia por semana e treina na equipe Bradesco Vida Previdência, um grupo de aproximandamente 30 corredores. "Minha esposa trabalha na área da saúde em Osasco, e por isso estamos atentos, já que a informação é a maior arma", salientou.

Rubens é um corredor regrado, se alimenta com equilíbrio e complementa com vitaminas quando necessário, tomando vacina contra gripe anualmente. "Por ser um corredor dedicado, acho que me desgasto mais nos treinos e provas, mas também sei que tenho uma recuperação mais rápida." Confiante, Rubens contou que, se for necessário, ele treinará até com máscara, mas acredita que a situação não chegará a esse ponto.

E a prevenção? Como devem ser os cuidados que um atleta deve tomar para não correr o risco da gripe suína? A essa pergunta respondeu um campeão no ParaPan do Rio de Janeiro, Odair Ferreira dos Santos, medalha de ouro nos 1.500, 5.000 e 10.000 metros, além de bronze nos 800 metros em Pequim.

Odair é deficiente visual e está muito bem informado em relação à gripe suína. "Estou com medo, é lógico, e por isso procuro me preservar.". Odair se previne e afirma que nessa época prefere não correr risco e evitando locais com muitas pessoas. "Quando estou treinando, treinos com pausa, no outono e inverno, quando é mais fácil ficar resfriado, eu procuro sempre deixar um agasalho próximo da beirada da pista para não correr o risco de desaquecimento."

DÚVIDAS ESCLARECIDAS. Para elucidar os nossos leitores, reunimos  perguntas de vários técnicos de corrida e levamos para a experiente infectologista Tuba Milstein Kuschanoroff responder.

Tuba Milstein ministra aulas de pós-graduação na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, já trabalhou em estudos de dezenas de epidemias, inclusive acompanhou toda evolução das gripes asiáticas nos anos de 1958 e 1967; a especialista também foi diretora técnica do Hospital Emílio Ribas. Vamos às dúvidas de alguns treinadores:

Quanto tempo demora a recuperação de uma infecção pela gripe suína? (Ricardo Soares de Lima)
O vírus H1N1 – gripe suína – em geral deixa o paciente doente de três a sete dias de incubação, mas dependendo da gravidade o tempo pode se estender por algumas semanas.

Um atleta leva quanto tempo para restabelecer suas condições normais e voltar aos treinamentos? (Luciano Sousa)
Após o isolamento obrigatório – o ideal é dar uma semana a dez dias a mais de descanso ao atleta, que deve retornar aos treinamentos paulatinamente e ir aumentando a intensidade de acordo com a recuperação. 

Como receber um aluno que retorna aos treinamentos, após estar curado da gripe suína. Quais cuidados devo ter com esse aluno? (Sidney Togumi)
Não é necessário nenhum cuidado em especial. Apenas respeitar o tempo de sete a dez dias; se for uma pessoa da terceira idade, dê um pouco mais de descanso, se possível até um mês.

Gostaria de saber a diferença de gripe e resfriado. (Juliano Pereira da Silva)
O resfriado não é gripe, atinge apenas as vias aéreas superior, boca, nariz e olhos, e pode ser causado por uma grande variedade de rinovirus; há mais de cem tipos. Esses vírus atingem o nariz e a faringe, gerando corrimento nasal, purulento ou não, podendo evoluir para uma rinite ou sinusite. Já a gripe é uma doença sistêmica que atinge as mucosas do tubo respiratório superior, as vias aéreas inferiores, alvéolos, garganta, brônquios e pulmões. A ação da gripe mina a resistência do paciente, provocando febre alta e dores musculares e todo seu organismo fica afetado.

Qual é a forma de contágio mais provável do H1N1? (Sandro Figueiredo)
Por via aérea, através da mucosa do nariz, da boca e dos olhos.

Porque quanto tomo a vacina contra a gripe normal tenho a impressão de ficar resfriado em seguida?
(Rogério Mauricio Gomes)
Muita gente diz que teve gripe porque tomou a vacina, o que é um equívoco; na verdade você evitou a gripe para qual foi vacinado. O que aconteceu foi apenas uma reação provocada pelo vírus diluído que foi aplicado. Todas as vacinas são importantes, sejam para atletas ou não. 

Quando um atleta pode perceber que está com baixa resistência? (Mônica Peralta)
O leigo entende a baixa resistência na maioria das vezes como forte cansaço que acontece por uma série de necessidades calóricas e energéticas. Mas a percepção realmente se dá quando o atleta começa a suar frio; a sudorese faz com que ele possa ter uma hipotensão, diminuindo assim a oxigenação sanguínea, o que pode levar a uma variedade de distúrbios.

Em função de seu esforço continuado e exigência corporal próxima do limite físico, um atleta de alto rendimento é mais vulnerável que uma pessoa comum? (Adriano Bastos)
A resistência física está ligada à constituição genética humana da pessoa, independente de ser atleta ou não; em pessoas sem atividade física a baixa resistência pode estar ligada ao estresse e doenças existentes ou que estejam silenciosamente se desenvolvendo, como diabetes e hipertensão. O exagero e o esforço físico podem deixar o atleta mais suscetível, por isso se faz necessário sempre uma alimentação saudável, assim como a reposição de proteínas e sais minerais.

A baixa resistência pode estar ligada a imunodeficiência? (Wanderlei de Oliveira)
A baixa resistência física não significa necessariamente diminuição da imunidade; esta depende da quantidade e qualidade das células de auto defesa, que em estado normal produzem os anticorpos, protegendo todo o organismo.

A vacina contra a gripe influenza é importante para praticantes de esporte? (Hebert Del Rey)
A vacinação é indicada para todas as idades; antes era prioridade para os idosos. As vacinas em geral são importantes principalmente para aqueles atletas que se expõem com freqüência em regiões onde possa sofrer algum contágio.

Um praticante de atividade física está mais vulnerável ao contágio pela gripe do que uma pessoa sedentária? (Emerson Gonçalves Silva)
Estudos científicos indicam que a pessoa sedentária é mais vulnerável principalmente às doenças metabólicas, hipertensão, problemas cardíacos, que fazem com que o individuo fique fragilizado e doente. A falta de atividade física mínima é uma porta aberta para surgimento de doenças infecciosas.

Quais são as melhores formas de se evitar o contágio pela gripe H1N1? (Denivaldo Pereira Cunha)
Em época de epidemias, a primeira ação seria de evitar multidões e aglomerações, mantendo-se em pelo menos um metro de distância das pessoas que estiverem tossindo ou espirrando. Também deve-se evitar levar as mãos ao rosto e procurar lavá-las com maior freqüência.

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