Especial admin 4 de outubro de 2011 (0) (161)

Equipes sem cobrança, em BH

Estar em uma equipe é parte fundamental do treinamento para algumas pessoas, e em Minas Gerais não é diferente. Mas assim como existem as de assessorias esportivas ou de treinadores, e as de academia ou empresas, encontram-se em BH grupos reunidos informalmente, sem cobrança de taxas, mas com uniforme, local de encontro para os treinos e, principalmente, organizados para participação em provas e realização de viagens.

Alguns dos participantes dessas equipes até buscam desempenho, mas a maioria quer apenas manter a forma e se divertir. O que se vê na capital mineira, mas também em outras cidades do país, são casos de corredores que se unem por afinidade e acabam formando grupos alternativos aos de academias e de técnicos. Eles não cobram mensalidade, nem se utilizam de treinamentos elaborados por profissionais, se reúnem ao acaso e cada novo membro vai aos poucos incorporando novos integrantes à comunidade.

Alguns dos participantes acabam por fazer um acompanhamento complementar em academia e dessa forma vão passando os ensinamentos para os outros membros do grupo. Mas o que acontece com mais freqüência são trocas entre os colegas, em que cada um orienta o outro, com base em sua experiência e leitura de publicações e na internet.

Geralmente esses grupos alternativos, que não dispõem de grande estrutura, nem acompanhamento de profissionais, não têm como objetivo metas ambiciosas ou a busca por um treinamento muito rígido, de performance. Eles acabem sendo ótima opção para as pessoas que não se encaixam nesse perfil, que não gostam de ser cobradas, e por isso mesmo logo abandonam a prática esportiva. A identificação com outros corredores na mesma situação motiva a participação no grupo e ajuda nas novas amizades.

 

BALEIAS, DE BH PARA O MUNDO. Em Belo Horizonte o advogado Miguel Delgado criou a equipe Baleias como uma forma de brincadeira que acabou em um enorme grupo de amigos corredores. "Nossa equipe é informal porque todo mundo tem sua profissão e gosta de correr. Não há planos de sair da brincadeira porque essa é a parte alegre e de festa da vida. Se virar trabalho ou obrigação a chance de perder o encanto é enorme".

O nome do grupo veio no início de 2002. "Tive a ideia de colocar o nome de Baleias na camisa minha e de um primo. Pensei como uma forma de diminuir a encheção dos espectadores ao verem um sujeito gordo correndo. Se eu já me chamasse jocosamente de gordo nada sobraria para eles". Miguel tem 29 maratonas e três ultras no currículo, sem contar outras corridas de menor distância.

Hoje são mais de 70 corredores Baleias cadastrados por e-mail, fora os amigos e parentes que fazem o apoio e não participam dos eventos como corredores. É um grupo diferente com a mesma paixão pelo esporte, viagens e pelas amizades, e o bom humor dá um clima de descontração aos treinamentos. Mas apesar de toda a descontração, muitos integrantes já viajaram para o exterior por causa das corridas.

Só no ano passado foram mais de 10 países visitados por membros do grupo. "2010 foi o nosso Projeto América do Sul, quando eu e o amigo Wuneni Arantes corremos em todos os países da América do Sul, com exceção da Bolívia e Guiana. Fomos até no Suriname. Fizemos 12 maratonas, sendo 11 na América do Sul, que incluíram duas no Brasil (Rio e Foz) e mais a de Roma, que já estava marcada, paga e planejada, quando tivemos a ideia da América do Sul", conta Miguel.

No blog da equipe (baleias-corridaderua.blogspot.com) acessos de vários países e muitos comentários, tanto da turma de amigos como de admiradores que ainda não participam do grupo. Por não possuírem uma estrutura física ou local fixo de treinamento, o blog acaba como ponto de encontro em comum. E o que identifica o grupo é uma camisa alaranjada com o nome da equipe Baleias (como se pode ver na cobertura da Maratona de Assunção, nesta edição).

"Nós não temos lugar comum de treino, não temos treinador, não temos mensalidade. A primeira camisa é sempre um presente de quem chama o amigo para entrar no grupo. Não se compra camisa Baleias, as pessoas só chegam por identidade, apreço, carinho e atenção", diz Delgado.

Dani Kato e o marido Vinicius Bietkoski moram em Curitiba e correm com o grupo Baleias de Belo Horizonte. Além da corrida e da profissão, ela também mantém um blog – correndoemagrecendo.blogspot.com – em que relata suas participações em corridas. A psicóloga tem 34 anos e começou a correr no ano de 2010 porque cansou "de ser o cabide e a fotógrafa do marido", que já era corredor. Dani já completou diversas corridas e em novembro de 2011 pretende estrear na sonhada distância de 42 km. A estréia será em Curitiba e terá presença em massa da equipe Baleias.

Este ano eles vão à capital mineira para participar da Volta da Pampulha, considerada o principal evento regional da equipe da qual fazem parte. Para Dani "a ajuda profissional no inicio é importante para passar dicas e orientações", mas atualmente treina sozinha ou com amigos.

 

EQUIPE VIRTUAL. Alguns movimentos em redes sociais funcionam como base para a formação de novos grupos, e corredores amadores de todas as idades participam dos treinos e dos tópicos postados.

Este é o caso da comunidade virtual Corredores de BH, que conta com mais de 2 mil membros e, vez ou outra, organiza treinos pelas ruas de Belo Horizonte. É um exemplo de uma boa iniciativa e quem vem dando certo. Em alguns eventos realizados pelo grupo, até carro de apoio os membros tiveram à disposição. Tudo sem custo algum, visando apenas o lazer e a amizade.

Durante certo tempo chegaram a organizar regularmente uma corrida por toda a extensão da Avenida do Contorno, com 12 km de muita subida e descida. A Avenida do Contorno circunda a região central e é uma das principais vias da capital mineira. Algumas vezes o treino da comunidade virtual chegou a ter mais de 20 participantes, não apenas na Avenida do Contorno, já que muitos treinos também foram realizados na região da Lagoa da Pampulha e em outros locais na cidade.

Gualter Almeida Caja mora em Belo Horizonte e participa da comunidade Corredores de BH, assim como da equipe Media Run, e conta como se iniciou no esporte: "Comecei incentivado por um amigo de Brasilia, e aí fui conhecendo outros corredores, que foram me dando várias dicas, e ao poucos fui recebido pelos amigos, compartilhando a alegria de cada vitória pessoal, de cada desafio vencido".

Gualter explica que o Media Run é um grupo de corrida alternativo que surgiu com amigos que inicialmente foram para as provas com o intuito de fotografar os eventos. "É gratuito para correr conosco, basta ser uma pessoa amiga e adquirir a camisa da equipe, da mesma cor dos Baleias. Será sempre bem vindo aos laranjas", acrescenta.

 

SÓ MULHERES. Iniciativa interessante em Minas Gerais é a de corredoras da cidade de Viçosa, que conta também com outras da capital. São 18 participantes – todas mulheres – entre parentes, amigas e colegas de trabalho e de academia que, após correrem diversos eventos em grupo, resolveram participar da Meia-Maratona da Disney, nos Estados Unidos, no começo do próximo ano.

As próprias corredoras organizaram toda a viagem, desde a parte aérea e hospedagem, até as inscrições para as corridas da Disney. A passagem de ano e os demais passeios realizados pelo grupo também foram todos acertados pelas integrantes. Entre elas, Elaine Dumont, de 59 anos, que vai encarar pela primeira vez uma meia-maratona e junto com a filha Angélica.

O grupo viaja em dezembro para aproveitar a passagem de ano em Orlando e já fica para o evento, objetivo principal das corredoras, que treinam desde o início do ano para participar da Disney com tranquilidade. Elaine acredita que ""será uma boa oportunidade a todas, por permitir que cada uma faça a sua prova e corra a distância que achar conveniente, pois além da meia tem também uma prova de 5 km e a maratona".

 

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