Dividimos os corredores em três "tipos", de acordo com o ritmo nas competições: A (até 4:30/km), B (de 4:31 a 5:30/km) e C (acima de 5:31/km). Naturalmente que não se trata de um critério "científico" ou coisa parecida, para começar porque envolve homens e mulheres. Também não se considera a idade dos corredores e, dessa forma, categorizar alguém de 70 anos que corra a 5 minutos por quilômetro como um corredor médio não está de acordo com o conceito geral. Igualmente existe o detalhe da distância, ou seja, um corredor faz um ritmo numa prova de 15 km mais rápido do que quando participa de uma maratona.
Apesar desses e outros senões, o que se procurou na pesquisa de três anos atrás e na de agora é informar o índice técnico das principais provas brasileiras, mas sem chegar à rotulação de quais seriam "as mais rápidas", com base nos resultados alcançados pelos participantes. Isto porque nem sempre as condições técnicas da corrida são as mais importantes para a definição das marcas. Um percurso plano ajuda, logicamente, mas a temperatura no dia pode ser um fator negativo. Igualmente um bom abastecimento durante a prova é fundamental.
Mas o que parece ser o principal fator na definição da qualidade dos resultados é mesmo o nível técnico dos participantes. Isto fica patente na comparação que apresentamos a seguir, em que competições de igual distância têm diferenças expressivas. Assim, na Meia de Santo André 29,0% dos corredores completaram em ritmo médio abaixo de 4:30/km, enquanto na Meia do Rio esse número ficou em apenas 9,4%. Aliás, as provas de TV revelam mesmo um grande número de corredores mais lentos, exatamente porque são eventos que atraem pessoas que não se preparam para a competição; estão lá mais pela festa.
Agora, refizemos a pesquisa, abordando as maratonas e meias e algumas outras provas importantes de distâncias intermediárias, como é o caso da São Silvestre, Volta da Pampulha, Corrida de Aracaju e Mini de Paraty. Na comparação dos dados de 2004/5 e 2007/8 não se nota, em geral, grandes alterações.
Em relação às maratonas, as de Florianópolis e Porto Alegre continuam sendo as com maior proporção de corredores rápidos, em parte pelo percurso e clima favoráveis, e pela presença de participantes bem treinados. Igualmente conta a premiação em dinheiro por faixa etária, que atrai corredores competitivos, o que explica os bons índices de Curitiba, apesar do percurso e eventualmente a temperatura não ajudarem. Neste sentido, a Maratona do Rio tem a menor proporção de A e a maior de C, exatamente pelo clima quente, agravado pelo horário de largada. O percurso é ótimo (e bonito), mas com 30 graus, como costuma acontecer, corredores mais lentos sofrem muito no terço final da prova.
Em termos de meia-maratona, destaque especial para a Meia de Santo André, com números impressionantes, já que teve 29,0% de corredores rápidos. Também ótimos índices nas meias Linha Verde, Campinas e Praia Grande. No extremo oposto aparecem a Meia do Rio e a da Corpore, a primeira pela presença de muita gente despreparada ou não devidamente treinada, como em todas as provas com TV, com o agravante do calor carioca.
Já os dados da Meia da Corpore, um pouco melhores do que há três anos, não refletem a excelente organização dessa prova, percurso favorável e largada bem cedo. O "problema" é o nível técnico dos participantes, mesmo com a absoluta maioria sendo integrante de equipes, com treinadores. Colabora para os índices baixos a significativa presença de mulheres e de pessoas não muito preocupadas com o resultado que vão fazer, mas apenas em estar conseguindo completar a distância. Por outro lado, a Corpore, que tem tido papel significativo na popularização das corridas de rua na cidade de São Paulo, procura valorizar as performances alcançadas pelos participantes em suas provas, com rankings específicos e largadas privilegiadas.