20 de setembro de 2024

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Tô Correndo Tomaz Lourenço 15 de agosto de 2024 (0) (808)

Em Floripa, neste domingo, para tentar entrar no Ranking Brasileiro de Maratonistas 2024

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POR TOMAZ LOURENÇO

Desde 1995 a revista Contra-Relógio (publicada entre outubro de 1993 e abril de 2021) elaborou anualmente o Ranking Brasileiro de Maratonistas, com o intuito de valorizar os corredores que se dedicam aos treinamentos para encarar os 42 km e de prestigiar as provas oficiais no país.

Foram sempre listagens por faixa etária, com tempos-limite para ingresso, o que significava na prática que apenas 1/3 dos concluintes em nossas maratonas, com percurso aferido, conseguiam entrar. A publicação do RANKING CR tinha também a função de estimular os corredores a buscarem melhorar suas marcas ou mesmo a fazer sua primeira prova na mítica distância.

Responsável pela montagem do RANKING desde seu início, por vezes deixei de ficar entre os melhores maratonistas no Brasil, por não conseguir treinar adequadamente para estar na listagem. Meu último ingresso havia sido em 2018, com 4h50 na SP City. Mas em 2022, então com 75 anos, para me animar nos treinos, coloquei na cabeça que era hora de novamente me ranquear e escolhi a Maratona do Rio para o desafio.

Treinei firme por vários meses e fui confiante para fechar os 42 km cariocas em menos de 5h10, tempo-limite de minha faixa etária. Talvez pela tensão do desafio, nada dormi na véspera, o que já tinha me acontecido na primeira maratona (Blumenau 1992) e na de Chicago 2015, onde acabei desistindo no km 30, quando tentava a qualificação para Boston 2017. Mas no ano seguinte, em Porto Alegre, consegui finalmente o índice, até com facilidade.

Fui para a largada no Aterro do Flamengo bem desanimado, pela noite em claro, tendo como meta correr a 7 min/km ou pouco mais, o que me garantiria fechar em torno de 5 horas. Quando passei a marca dos 20 km em 2h20, correndo no limite, vi que não conseguiria manter esse ritmo e optei por seguir na prova apenas para completar, em mais de 5h30.

Chateado com o resultado, me lembrei dos vários anos em que leitores da CR reclamavam dos exigentes tempos-limite do RANKING, em que apenas 1/3 dos maratonistas conseguia entrar. Considerando esse histórico e levando em conta meu caso, em que tinha efetivamente treinado, resolvi que deveria acrescentar mais 15 minutos na tabela.

Com a decisão, metade dos concluintes em nossas maratonas hoje consegue se ranquear, aproveitando as novas marcas exigidas, que ficaram em 1 hora a mais do que as necessárias para a difícil inscrição em Boston. O quadro mostra as três situações.

NOVA YORK E CURITIBA

Com a nova exigência de sub 5h25, me animei a voltar seriamente aos treinamentos em 2022, e defini que iria buscar o resultado em Curitiba no final de novembro, apesar de seu percurso pouco favorável, mas com largada de madrugada. Assim fiz, mas fui surpreendido com uma inscrição cortesia da New Balance para correr a de Nova York, no início de novembro.

Obviamente que aceitei e lá fui eu, pela terceira vez em NY, para fazer os 42 km sem me esgotar (como se isso fosse possível…), já que teria a prova na capital paranaense 3 semanas depois. Completei em 5h30, caminhando em parte do percurso da Big Apple, e em Curitiba consegui fechar em 5h15 e, portanto, me ranqueei!

AGORA FLORIPA       

Então, neste ano, estabeleci como meta novamente ingressar no RANKING CR e para tanto escolhi correr a Maratona de Floripa, aliás a única (das minhas 60) em que consegui um split negativo, ou seja, fazer a segunda metade mais rápida que a primeira. Isto em 2007, quando me preparava para a ultramaratona Comrades, na África do Sul, e os 42 km foram encarados como um treino de ritmo.

Por minha conta (como tem sido nos últimos anos), desde março estou treinando com esse objetivo, mas ao não me sentir muito confiante na empreitada, resolvi em junho pedir ajuda ao ex-editor assistente da revista, André Savazoni, que além de ser um rápido maratonista, com várias provas abaixo de 3 horas, acabou se tornando um treinador bem sucedido, orientando mais de uma centena de corredores em Florianópolis, onde mora, e em várias outras cidades no Brasil e no exterior. 

Agora é torcer para que os 42 km em Floripa, no domingo 25 de agosto, não sejam muito árduos e eu consiga completar abaixo de 5h25 e assim me tornar mais um selecionado para o Ranking Brasileiro de Maratonistas 2024. Se não conseguir, talvez vá pra Porto Alegre, dia 29 de setembro.

TEMPOS-LIMITE DE QUALIFICAÇÃO PARA O RANKING BRASILEIRO E PARA BOSTON

FEMININOMASCULINO
IDADEBOSTONCR 1CR 2BOSTONCR 1CR 2
18/343h304h104h253h003h403h55
35/393h354h154h303h053h454h00
40/443h404h204h353h103h504h05
45/493h504h254h403h203h554h10
50/543h554h354h503h254h054h20
55/594h054h455h003h354h154h30
60/644h204h555h103h504h254h40
65/694h355h105h254h054h404h55
70/744h505h255h404h204h555h10
75/795h055h405h554h355h105h25
80+5h206h006h154h505h305h45

Obs.: A qualificação em Boston exige na prática alguns minutos a menos, sendo que para a edição de 2024 chegou–se ao recorde de 5:29. Dessa forma, por exemplo, homens de 60/64 anos (idade no dia da prova) precisaram ter um resultado de até 3:44:31 para serem aceitos. CR 1 foram os tempos-limite do Ranking CR de 1995 a 2021. CR 2 são os atuais, válidos desde
2022.


Tomaz Lourenço é jornalista, 77 anos; lançou a revista Contra-Relógio em outubro de 1993, sendo seu editor até a última edição em abril de 2021. Correu mais de 60 maratonas no Brasil e exterior, além de 2 Comrades; seu recorde nos 42 km foi ao estrear na distância, em Blumenau 1992, com 3h04. Sua próxima maratona será dia 25/08 em Floripa, buscando a qualificação para o Ranking CR 2024. Contato: tomazloureno1947@gmail.com

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