20 de setembro de 2024

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Especial admin 4 de outubro de 2010 (3) (255)

E o Oscar vai para… 10 grandes filmes sobre corrida e corredores da história do cinema

Corridas e corredores estão em cartaz em Hollywood desde as primeiras décadas do século passado, quando os grandes heróis das maratonas olímpicas eram cercados por glamour e figuravam entre os esportistas mais famosos do planeta. Desde então, praticamente todos os gêneros já celebraram o casamento entre pipoca e asfalto: Drama, Comédia, Ação, Musical, Animação… A união é pé-quente e resultou em muitos prêmios e indicações nos mais famosos festivais de cinema mundo afora, inclusive o Oscar (Carruagens de Fogo, por exemplo, ficou com quatro estatuetas em 1982, enquanto Forrest Gump levou seis em 1995).

Para falar a verdade, nós, aqui da Contra-Relógio, estamos mais interessados no cinema de maratona – obras que recorrem às corridas para desenvolver personagens singulares em suas tramas – do que em varar madrugadas sentados numa poltrona.

Com vocês, os vencedores do nosso próprio Oscar.

MELHOR TRILHA SONORA
ROCKY (Rocky, EUA, 1976)
Quem corre: Rocky Balboa (Silvester Stallone), um boxeador da Filadélfia.
Por que corre: Para ganhar condicionamento físico e espairecer
Onde corre: Principalmente pelas ruas da Filadélfia
Distância: 10 km
Melhor cena de corrida: Quando Rocky consegue completar seu rigoroso treino nas escadarias do Museu de Arte da Filadélfia

Ok, Rocky Balboa é um lutador, mas algumas das cenas mais lembradas de toda a série dos filmes trazem o protagonista correndo no embalo de canções que viraram ícones de superação esportiva – (ex. "Eye of the Tiger", do The Survivors). Isso acontece porque nas tramas os treinos de corrida do boxeador funcionam como uma espécie de indicador de sua forma física. Como no Rocky original, em que ele primeiro desiste, decepcionado, de seu treinamento nas escadarias do Museu de Arte da Filadélfia, para depois completá-lo, triunfante, ao som de "Gonna Fly Now". É a transformação do esportista comum em um campeão pela sua determinação. O local até hoje atrai milhares de fãs de Sylvester Stallone e seu mais famoso personagem para fotos. É também no topo da escadaria do museu que uma estátua em homenagem a Balboa é erguida no terceiro filme da série, que traz mais cenas clássicas de corrida – como os treinos na praia com Apollo "Doutrinador" Creed, o ex-rival que o ajuda a preparar-se para a luta em que tentará reaver seu cinturão. Os esforços nas cenas de ação eram tão intensos que levaram Stallone a parar de fumar durante a gravação de Rocky para ganhar fôlego.

MELHOR ATOR
DUSTIN HOFFMAN em MARATONA DA MORTE (Marathon Man, EUA, 1976)
Quem corre: Thomas Babbington Levy (Dustin Hoffman), estudante de pós-gradução em História da Universidade de Columbus
Por que corre: Na primeira metade do filme, para treinar para maratonas e esquecer o suicídio do pai. Depois, pela própria vida. 
Onde corre: Nova York (EUA)
Distância: Maratona
Melhor cena de corrida: São duas, na verdade. A de abertura, com closes da sombra de Babe enquanto ele corre e de seu surrado Adidas; e a em que os capangas do vilão nazista perseguem o protagonista, que foge descalço por avenidas e quebradas na madrugada nova-iorquina.

Para entrar na pele de Thomas Babbington Levy (Babe para os amigos), um corredor obsessivo que busca nas longas corridas diárias alívio para as lembranças retumbantes do suicídio do pai, Dustin Hoffman perdeu seis quilos e corria seis quilômetros por dia como preparação. Conta o produtor Robert Evans que o ator corria ao menos um quilômetro antes de gravar as cenas de ação: "Hoffman nunca precisava fingir que estava sem fôlego – ele realmente estava". O esforço foi recompensado com uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Ator em Drama e um filmaço policial de tramas surpreendentes. Em uma Nova York assolada pelas temperaturas escaldantes e caóticas manifestações populares – como uma greve de padeiros que deixa os moradores sem pão por semanas -, Babe concentra todos seus esforços em honrar a memória paterna com sua tese de doutorado e em treinos rigidamente cronometrados para conseguir completar uma maratona. Até que o irmão mais velho vem ao seu encontro – e traz em seu encalço toda sua teia de relações exclusas, que inclui a disputa por diamantes, confrontos com agentes secretos e até um veterano nazista inspirado em Joseph Mengele.

MELHOR ATOR COADJUVANTE
MICHAEL CERA
em JUNO (Juno, EUA, 2007)
Quem corre: Paulie Bleeker (Michael Cera), estudante do ensino médio da Dancing Elk High School
Por que corre: Talvez por esporte, talvez nem mesmo ele saiba
Onde corre: em Dancing Elk, uma cidade fictícia em Minnesota (EUA)
Distância: 400 metros rasos
Melhor cena de corrida: Bleeker correndo pelas arquibancadas do estádio da escola em direção à maternidade, logo após bater o recorde local dos 400 metros

Adolescente desligado, apaixonado por balas Tic-Tac sabor laranja e por sua colega de classe, Paulie Bleeker é a estrela dos Condores, a equipe de corrida de sua escola. Na noite em que encontra a amiga para supostamente assistirem "A Bruxa de Blair", ele é seduzido pela garota e perde a virgindade. A trama realmente começa quando, semanas depois, Juno MacGuff (a verdadeira protagonista) aparece grávida na porta da sua casa. As corridas de Bleeker e sua equipe passam, então, a ter uma função temporal no filme, indicando as passagens entre as estações e os estágios da gravidez de Juno. Indicado para o Oscar e o Globo de Ouro de melhor filme e vencedor do Oscar de melhor roteiro original, Juno foi um sucesso estrondoso, colocando Michael Cera sob os holofotes de Hollywood (foi eleito o melhor ator com menos de 30 anos pela Entertainment Weekly) e transformando o uniforme bordô dos Condores em um objeto cult entre os fãs, sendo vendido em sites da Internet. Mais do que merecido: com Paulie Bleeker, Cera construiu um dos personagens coadjuvantes mais bacanas dos últimos tempos.

MELHOR COMÉDIA
NOS TEMPOS DA BRILHANTINA (Grease, EUA, 1978)
Quem tenta correr: Danny Zuko (John Travolta), o líder da gangue dos T-Bird da Rydell High School
Por que tenta correr: Para impressionar o amor de sua vida
Onde tenta correr: na pista do colégio, na Califórnia (EUA)
Distância: qualquer uma que não requeira muito esforço
Melhor cena de corrida: As confusões de Danny durante os treinos da equipe do colégio

Cigarros, bebida, rachas de carro… O badboy Danny Zuko deixou todos os seus vícios em segundo plano e foi às pistas para provar seu valor à Sandy (Olívia Newton-John). O esforço durou menos do que resolução de ano novo, mas valeu algumas cenas hilárias do rockabilly tentando conciliar os treinos da equipe de atletismo da escola com seus hábitos nada saudáveis e o penteado turbinado à brilhantina. Se não conseguiu chamar a atenção da amada pelo desempenho, Danny alcançou o objetivo ao se enrolar com as barreiras na pista e ir ao chão (advinhe quem vai socorrê-lo?). Indicado para o Oscar de melhor canção original e em cinco categorias do Globo de Ouro, incluindo melhor filme de Musical e melhor ator para Travolta. Embora os personagens sejam amigos de colégio (e tenham, supostamente, em torno de 18 anos) a maioria dos atores já estava bem longe da adolescência quando participaram do filme – John Travolta, por exemplo, tinha 24 anos, e Olívia Newton-John, 29.

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
FILHOS DO PARAÍSO (Children of Heaven, Irã, 1997)
Quem corre: Ali (Amir Farrokh Hashemian) e Zahra Mandegar (Behare Seddiqi), estudantes do ensino fundamental
Por que correm: Para esconder dos pais um segredo
Onde correm: Pelas ruas de Teerã (Irã)
Distância: Revezamento
Melhor cena de corrida: A corrida final, em que Ali tenta resolver toda a encrenca em que se meteu.

Corridas de revezamento baseiam-se na determinação de cada um dos corredores em dar tudo de si e na cumplicidade entre eles para atingir o objetivo do grupo. Ambos os ingredientes estão presentes nas peripécias de Ali, de 9 anos, e sua pequena irmã Zahra quando o mais velho perde os sapatos da caçula. De uma família pobre que passa por dificuldades financeiras, os dois escondem dos pais o ocorrido e, para irem a escola, passam a revezar o único par de tênis infantil que restou na casa. Acelerando pelas estreitas ruas dos subúrbios de Teerã, aos trancos e barrancos, conseguem manter o segredo entre eles. Até que Ali convence seu professor de educação física a inscrevê-lo como representante da escola numa corrida de quatro quilômetros. Mas a vitória não interessa ao garoto. Ele quer, sim, é o prêmio destinado ao terceiro colocado: um par de tênis novos. Um dos melhores filmes iranianos da década de 90, a época de ouro do cinema local, Filhos do Paraíso foi indicado para o Oscar de Melhor filme estrangeiro em 1999. Na versão original, o epílogo informa que Ali viria a se tornar um corredor de grande sucesso internacional.

MELHOR ATRIZ
FRANKA POTENTE em CORRA LOLA, CORRA (Run Lola Run, Alemanha, 1998)
Quem corre: Lola (Franka Potente), uma garota punk de cabelos laranja.
Por que corre: Para salvar a pele do namorado que perdeu dinheiro de um gângster
Onde corre: pelas ruas de Berlim (Alemanha)
Distância: 5.000 metros
Melhor cena de corrida: O filme todo, praticamente.

Nenhum outro personagem do cinema conseguiu manter o ritmo de corrida imposto por Lola durante todo este clássico do cinema alemão. A performance da punk alaranjada nos 20 minutos que tem para impedir o amado de se meter em mais uma enrascada é digna de recorde mundial em provas de fundo. Tudo começa quando seu namorado, Manni, perde no metrô 100 mil marcos alemães do gângster para quem trabalha. Ele liga para Lola e dá o ultimato: se ela não aparecer com a quantia em 20 minutos, ele irá praticar um assalto. A epopéia insana pelas ruas de Berlim repete-se por três vezes, já que nas primeiras tentativas algo sai errado, impedindo a protagonista de cumprir sua missão – mas o intuito de salvar o amor de sua vida é tamanho em Lola que até voltar no tempo se torna possível. Vencedor da escolha do público no Sundance Festival na categoria Cinema Mundial, foi descrito pelo crítico do New York Yimes, Peter Rainer, como "tão rápido quanto uma bala perdida".

MELHOR FILME
CARRUAGENS DE FOGO (Chariots of Fire, Reino Unido, 1981)
Quem corre: A equipe de atletismo olímpica britânica, liderada por Harold Abrahams (Bem Cross) e Eric Liddell (Ian Charleson)
Por que corre: Para derrotar a favorita equipe americana, pela fé ou por eles mesmos
Onde corre: Na Escócia, na Inglaterra e na França, durante os Jogos Olímpicos de Paris, em 1924
Distância: 100, 200 e 400 metros rasos
Melhor cena de corrida: Difícil escolher tamanha é a fartura de momentos clássicos, mas a seqüência de abertura, com os atletas correndo na praia ao som da música-tema, é especialmente inspiradora.

Fotografia, roteiro, direção, trilha sonora: tudo encaixa formidavelmente no grande épico dos filmes de corrida e corredores. Carruagens de Fogo retrata a história da equipe britânica de atletismo na Olimpíada de 1924, em Paris, a partir das experiências pessoais de suas maiores estrelas: Harold Abrahams e Eric Liddell, que impuseram derrotas surpreendentes aos favoritos atletas americanos nos 100 e 400 metros, respectivamente. Abrahams, judeu, vê na medalha de ouro o caminho mais rápido para ganhar respeito junto à discretamente preconceituosa elite inglesa. Liddell, cristão, encara seu dom como um presente divino e usa as corridas para pregar sua crença. Os figurantes que aparecem como corredores receberam o triplo do valor usual devido aos dias extremamente quentes e ensolarados das filmagens. Ganhou quatro Oscar, incluindo o de melhor filme, e o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. Baseado em fatos reais, o filme abusa da licença artística em um de seus momentos emblemáticos: não foi Abrahams, mas sim Lord Bughley (que no filme aparece como Lord Lindsay) o primeiro homem a circundar os 367 metros do pátio da Grande Corte, em Cambridge, durante os 43 segundos de duração das 12 baladas do relógio ao meio-dia. A decisão do diretor David Puttnam fez com que Bughley o proibisse de usar seu nome verdadeiro na obra.

MELHOR ANIMAÇÃO
OS INCRÍVEIS (The Incredibles, EUA, 2004)
Quem corre: Flecha Pêra, filho caçula e hiper-ativo do Sr. Incrível
Por que corre: ele é um super-herói mirim
Onde corre: na cidade fictícia de Metroville e na ilha de Nomanisan
Distância: 100 milhas rasas
Melhor cena de corrida: Quando, perseguido pelas naves dos capangas do Síndrome, o alucinado Flecha descobre que é rápido o bastante para correr até sobre as águas

Uma das regras básicas para super-heróis é: mantenha sua identidade secreta. Os Incríveis não fogem à regra, e os pais do intrépido Flecha proíbem-no de demonstrar todo seu potencial nas corridas na escola. "Mais lento, mais lento", pedem ao caçula, afim de não levantar suspeitas sobre seus super-poderes. "Vocês vivem me dizendo para fazer o melhor. Mas quando realmente vou poder fazer o meu melhor?", replica o garoto com o casal Beto e Helena Pêra (Sr. Incrível e Mulher Elástica, respectivamente). Mal sabe Flecha que uma reviravolta na pacata vida da família o fará exercer todo seu potencial para resolver questões de vida ou morte em uma misteriosa ilha. O diretor do filme fazia o ator Spencer Fox (que representou a voz do Flecha) correr dentro do estúdio para dar maior realismo as cenas em que o super-herói mirim aparecia sem fôlego.

MELHORES EFEITOS ESPECIAIS
FORREST GUMP (Forrest Gump, EUA, 1994)
Quem corre: Forrest Gump (Tom Hanks – ou seu irmão caçula, Jim)
Por que corre: porque sente vontade
Onde corre: por todo os Estados Unidos.
Distância: ultra-maratona
Melhor cena de corrida: qualquer uma que comece com o bordão "Corra, Forrest, Corra"

"E então eu corri por três anos, dois meses, catorze dias e seis horas", conta Forrest Gump, em uma de suas muitas histórias, esta sobre sua travessia pelos Estados Unidos. A razão da empreitada? "Me bateu uma vontade de correr", explica Forrest, que barbudão, amealha centenas de "fiéis" durante a epopéia. Vencedor de seis Oscar, incluindo os de melhores filme, ator e efeitos especiais, Forrest Gump impressionou os críticos da Academia com as passagens em que o personagem de Tom Hanks, inserido em filmagens de fatos reais, contracena com grandes políticos do mundo todo, como os presidentes americanos John Kennedy e Richard Nixon e o líder comunista chinês Mao Tse-tung. Hanks, aliás, deve parte de seu Oscar ao irmão caçula, Jim, que dublou o astro de Hollywood em grande parte das seqüências de corrida.

MELHOR ROTEIRO  (INSPIRADO NA VIDA REAL)
PREFONTAINE (Prefontaine, EUA, 1997)
Quem corre: Steve Prefontaine (Jared Leto), rebelde fundista americano
Por que corre: ele nasceu para isso
Onde corre: nos Estados Unidos e em Munique (Alemanha)
Distância: qualquer prova de fundo
Melhor cena de corrida: Prefontaine quebrando o recorde americano dos 5.000 metros na seletiva olímpica americana para Munique-72

-"PRE! PRE! PRE! PRE! PRE!" Quanto mais forte a torcida gritava, mais rápido Steve Prefontaine corria. Rebelde e arrogante fora da pista, dentro dela Pre era só coração e pernas. A interação entre público e atleta sela os momentos mais emocionantes deste filme, realizado como se fosse um documentário, mesclando cenas de ação e depoimentos. Prefontaine recupera toda a trajetória de um dos mais carismáticos corredores de todos os tempos, da infância na pequenina Coos Bay à transformação do jovem atleta em um fenômeno de mídia, passando pela traumática experiência na Olimpíada de Munique em 1972 – quando não conquistou medalha alguma nos 5.000 metros e ainda acompanhou o drama da equipe israelense sob fogo dos terroristas palestinos. Ele sonhava com uma nova chance nos Jogos de Montreal, quatro anos mais tarde, mas um acidente automobilístico, em maio de 1975, pôs fim à sua vida e deu força à lenda.

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3 Comments on “E o Oscar vai para… 10 grandes filmes sobre corrida e corredores da história do cinema

  1. gostaria de saber a lista dos filme de corrida e maratona

  2. Todos são clássicos. Porém, quero citar aqui também o filme : Em busca de um milagre.
    Um garoto de apenas 14 anos que acreditando que se correr a Maratona de Chicago será um milagre e que assim, Deus salvará sua mãe da morte certa. Filme lindissimo, onde o seu amigo padre e ex-corredor, aparece como treinador do garoto. Aprendemos muito nesse filme não só sobre corrida e treinamento, como também alimentação e principalmente fé e determinação. Na minha opinião o melhor filme para todos os amantes de corrida. pois ele não fala de corrida somente um periodo do filme e sim o filme todo.

    um abraço a todos os editores dessa maravilhosa revista.

    MYLA VITACCHI

  3. Gostaria muito de conseguir um filme chamado ânsia de vencer, ele sempre passava no sbt, é um filme muito bom sobre atletismo, se puderem me ajudar onde encontrá-lo agradeço muito.

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