20 de setembro de 2024

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Especial admin 4 de outubro de 2010 (0) (95)

Corrida: um santo remédio!

Manter o corpo jovem, bonito, saudável, aliviar as tensões do dia-a-dia e elevar a auto-estima. Tudo isso a corrida pode fazer para você. Mas se pensa que parou por aí, saiba que os benefícios desse esporte vão além, pois quem corre ganha um aliado de peso contra muitos problemas de saúde. "A corrida dá maior disposição e melhora a condição física, e ainda auxilia na redução do colesterol, do percentual de gordura, da pressão arterial, aumenta a capacidade pulmonar, ajuda em casos de diabetes e dá mais regularidade ao sono", explica Alexandre Salício, diretor da Cronos Assessoria Esportiva.

Segundo Nabil Ghorayeb, cardiologista e médico do esporte do Hospital do Coração (HCor), a prática de exercícios físicos, de forma geral, e a corrida, em particular, trazem muitos benefícios para a saúde. Aliada a hábitos alimentares saudáveis, ela pode ajudar a diminuir os níveis do colesterol ruim e elevar a quantidade do colesterol bom, por exemplo.

"Uma das maiores vantagens da corrida é que ela estabiliza o endotélio, camada que envolve a parede interna dos vasos sanguíneos e protege contra o depósito de gordura em seu interior. Um enfraquecimento do endotélio pode levar à má circulação e provocar um enfarte. O exercício é capaz de melhorar as funções desse órgão e, portanto, colaborar para diminuir os riscos de enfarte", esclarece Ghorayeb. Além disso, a corrida também diminui os níveis de triglicerídeos – que em alto nível pode aumentar a ocorrência de doenças coronarianas.

"Em agosto de 2007, aos 28 anos, estava sofrendo com insônia e muitas dores de cabeça. Minha pressão era de 15 por 10, e, com 1,70 m de altura, pesava 81 quilos. Então eu resolvi ir ao médico, que deu o veredicto: ou você emagrece ou terá de tomar remédio para controlar a pressão". A história é de André Tadeu Ramos, de São Paulo, que precisou da sentença médica para retornar à atividade física, deixada de lado, em 2002, depois do seu casamento.

André conta que depois de um mês de caminhadas leves começou a correr. "Após a fase de adaptação, já passei a sentir os efeitos positivos. Meu sono se tornou outro, passei a dormir a noite inteira e, mesmo que às vezes dormisse menos, eu tinha uma sensação de estar refeito completamente no dia seguinte. Cinco meses depois eu tinha emagrecido cinco quilos e minha pressão começou a baixar", afirma. Há um ano praticando a corrida, André está 14 quilos mais magro e sua pressão arterial estabilizou em 10 por 7. E ele é enfático ao dizer que todo o seu trabalho é acompanhado de perto pelo médico. "Também quero deixar claro que não utilizei nenhum medicamento, foi tudo uma questão de mudar a alimentação e praticar exercício físico", explica.

SAÚDE É O QUE INTERESSA. Alexandre Salício comenta que a corrida possibilita, no caso do colesterol, uma melhor dilatação dos vasos sanguíneos, aumentando o diâmetro desses vasos. Com isso, o fluxo do sangue acaba sendo maior e a gordura excedente no sangue é utilizada como combustível para a atividade física. "Com a pressão arterial acontece uma coisa bem parecida, porque a corrida aumenta a capacidade circulatória e, com a maior vascularização, o esforço do coração para bombear o sangue é menor", diz. Correr também ajuda quem sofre com distúrbios de sono. Isso porque a atividade física permite um gasto calórico e um cansaço maior, assim o sono passa a ser mais tranqüilo. "Os níveis de estresse também diminuem, já que correr libera endorfina e adrenalina, trazendo bem-estar ao corredor", completa Salício.

De acordo com Ghorayeb, a corrida também colabora com a melhora de problemas respiratórios. "Esse esporte ajuda a fortalecer a musculatura do tórax, o que, conseqüentemente, permite uma respiração melhor, com mais facilidade. Mas é importante ter acompanhamento médico para evitar crises durante a prática da atividade, que são menos freqüentes com o passar do tempo", diz. E Salíicio completa: "o importante é lembrar que nada é em curto prazo na corrida; a evolução acontece de forma gradativa".

O professor de história José Luiz de Sousa, de 45 anos, começou a correr há um ano e meio. "Meu maior problema era o peso, 97 quilos, e a pressão, que estava muito elevada. Hoje estou com 80 quilos, minha pressão arterial normalizou, estou super produtivo e consigo correr 11 km em 60 minutos. Sei que não é um tempo olímpico, mas para mim vale muito".

DIABETES E HIPERTENSÃO. Para ele, os maiores adversários são o diabetes e a hipertensão, devido ao seu histórico familiar. "Não tenho diabetes, mas meu pai quase teve as pernas amputadas por complicações com a doença. Isso foi um grande motivador para iniciar meus treinamentos. Meu organismo reagiu positivamente em todos os sentidos". José confessa que seu defeito é não gostar de ir ao consultório médico. "Há dois anos tive insônia e procurei um médico, mas ele diagnosticou pressão arterial alta e me encheu de remédios. Isso me assustou, detesto remédios e drogas. Ainda não fui ao médico, mas pretendo voltar logo para ver se me livro do remédio para hipertensão, pois minha pressão estabilizou em 12 por 8, mas esse é o único remédio que não deixei de tomar", diz José.

O analista programador Fábio Namiuti, de 37 anos, também encontrou na corrida a resposta para melhorar a saúde. "Em 2002, pesando quase 110 quilos e fumando dois maços de cigarro por dia, fui ao médico por causa de uma inflamação na gengiva. Quando ele mediu minha pressão arterial, o susto: 18 por 12. Não tinha nenhum sintoma, porque hipertensão é um mal silencioso, mas estava prestes a explodir", afirma Fábio. Ele ainda diz: "foi muita sorte não descobrir isso através de um infarto ou um AVC".

Após deixar de fumar, Namiuti começou a correr. E as primeiras passadas não foram fáceis. "Depois de me adaptar à caminhadas leves, tomei gosto pela coisa e, mesmo achando um absurdo (já que era sedentário há 13 anos), resolvi arriscar uma corridinha de 200 metros. Cheguei ao final da reta com os pulmões para fora, como se tivesse um saco de cimento em cada um deles. Mas não desanimei. Tentei outras vezes e foi ficando menos difícil a cada tentativa", relembra.

Hoje ele participa de inúmeras provas de rua, como a São Silvestre e a Meia-Maratona do Rio. Segundo Namiuti, a corrida proporciona viagens, passeios em família e diversão, além de fazer novos amigos em cada prova e nas comunidades sobre o esporte. "E, melhor que tudo, recuperei a minha saúde e a minha auto-estima, que andavam em baixa. O meu primeiro exame, seis anos atrás, deu números absurdos, como 242 de colesterol e 512 de triglicerídeos. Consegui baixar esses níveis para 193 e 90, respectivamente, só na base da corrida. Minha pressão hoje está em 10 por 6 e só tem melhorado, assim como os meus tempos nas corridas. Vendo gente saudável e cheia de gás, correndo aos 60, 70, 80 anos ou mais, encontrei o que quero continuar fazendo pelo resto da minha vida", finaliza.

CORRENDO PARA VIVER MELHOR. Você já percebeu que a corrida é um santo remédio para muitos problemas de saúde. Mas, se ainda é um iniciante e está pensando em sair para correr agora mesmo, lembre-se que antes de calçar o tênis é muito importante dar uma passadinha no consultório médico.

"Em princípio, todo mundo está apto a praticar atividade física e correr. Mas é fundamental saber que os exames preliminares devem ser realizados para avaliar as condições físicas de cada um. Quem tem problemas articulares, como artrite e problemas no joelho e na coluna, dependendo do nível da doença, também pode correr, mas só quem pode dizer em que condições é o seu médico", aconselha Salício.

Para Ghorayeb, quem decide como e quanto você vai correr é o seu corpo. A avaliação médica e os exames necessários dependem da idade do atleta. Confira as dicas do médico para não perder tempo com os exames médicos:

– Para quem tem menos de 30 anos, e pretende praticar uma intensidade moderada (100 metros/minuto ou 6 quilômetros/hora), basta fazer uma avaliação clínica e um eletrocardiograma.

– Quem tem de 30 a 60 anos e quer correr por lazer precisa fazer também um hemograma, uma avaliação das funções renal e hepática e um exame ergométrico ou ergoespirométrico (que mede o consumo de oxigênio durante o esforço físico). Se a sua intenção é competir, é bom fazer um ecocardiograma.

– Se você já chegou à casa dos 60 anos deve fazer a bateria completa dos exames. Isso ajuda a identificar problemas que exijam uma adaptação nos treinos.

BONS MOTIVOS PARA CORRER

Circulação: com o sangue circulando mais pelo corpo, a entrada de oxigênio é maior, o que melhora as funções dos órgãos.

Sono: é durante o sono que o corpo absorve todos
os benefícios do exercício físico, e esse momento será mais proveitoso com a prática regular da corrida.

Pressão: a pressão se mantém baixa e estabilizada por conta da maior elasticidade dos vasos sanguíneos, promovida pela corrida.

Colesterol: a corrida aumenta os níveis do colesterol
bom (HDL) e diminui os níveis do colesterol ruim (LDL).

Glicemia: as células do organismo se tornam mais
sensíveis à insulina, o que diminui as taxas de açúcar no sangue, além de diminuir os níveis de glicose.

Pulmões: a corrida melhora a capacidade pulmonar,
prevenindo problemas respiratórios.

Ossos: problemas como a osteoporose podem ser prevenidos com a corrida, já que esse exercício estimula a formação de massa óssea.

Rins: com o aumento da circulação, o rim passa a
funcionar melhor, filtrando o sangue e reduzindo a
quantidade de toxinas que passam pelo corpo.

PARA CORRER TRANQÜILO

Depois do médico, vale seguir algumas dicas gerais que vão ajudar na prática da corrida. Ter uma planilha de treino e colocar um objetivo, seja correr uma hora sem parar ou fazer dez quilômetros, vai lhe ajudar a encarar os treinos de forma mais fácil. Além disso, os especialistas ensinam algumas regrinhas para correr bem

– Monitorar a freqüência cardíaca durante os exercícios

– Antes de começar o treino, aquecer e alongar
(o que também deve ser feito ao final de cada corrida).

– Começar o treino com intensidade leve, com uma caminhada,
por exemplo, e depois introduzir pequenos trotes.

– Quem já tiver experiência em atividade física pode
começar o programa com um trote leve, de 15 a 20 minutos,
e em seguida partir para a corrida.

– Lembrar de duas variáveis importantes na corrida:
tempo (ou distância) e ritmo (ou intensidade): sempre aumentar apenas um de cada vez, nunca os dois ao mesmo tempo.

– Durante o primeiro mês de treinamento, o ideal é praticar a corrida três vezes por semana. Depois a freqüência pode aumentar, de acordo com sua adaptação.

– Não se esqueça de se alimentar bem e descansar.

FUJA DAS CONTUSÕES

Já que a corrida traz tantos benefícios para a saúde do seu corpo, é melhor dar uma mãozinha e seguir algumas regras para evitar o pior inimigo dos corredores, o impacto, e deixar seu treino mais seguro. O treinador de corrida Wanderlei de Oliveira, da assessoria esportiva Run for Life, dá as dicas:

Alterne o tipo de piso: É a melhor forma de descansar tendões, panturrilha e coluna do impacto provocado pela corrida no asfalto.

Tenha mais de um par de tênis: Nunca use o mesmo tênis por dois dias seguidos. Faça o revezamento entre eles.  Dê um tempo de, no mínimo, 48 horas para que ele se recupere.  Para isso, o ideal é ter pelo menos dois pares de tênis correspondentes à sua pisada, se você corre distâncias de até dez quilômetros, ou mais, para quem treina para distâncias maiores.

Não fuja dos alongamentos: Eles devem ser feitos antes e depois dos treinos. E não se esqueça que os membros superiores, como ombros e peitorais, também devem estar bem alongados.

Braços mais enérgicos nas subidas: Procure equilibrar o esforço movimentando os braços em um ângulo de 90 graus e sempre na lateral do corpo. Os braços devem estar paralelos ao tronco, com os cotovelos fechados.

Cuidado com as descidas: O corpo passa a pesar até quatro vezes mais nas descidas fortes, podendo machucar seriamente os joelhos. Diminua o ritmo, incline o corpo um pouco para trás e mantenha os braços parados e os cotovelos ligeiramente abertos para dar maior equilíbrio e sustentação ao corpo. Procure rolar o pé no chão, como se estivesse tentando absorver o impacto das passadas.

Respeite os dias de descanso: É importante para recuperar os músculos de um excesso do dia anterior e também prepará-los para um treino mais puxado do dia seguinte. Aproveite esses dias para fazer massagem ou até mesmo uma atividade recreativa na água.

De olho no ponteiro da balança: Se você está fora do peso, cuidado. O impacto das suas passadas será bem maior e aumentam as chances de lesões.

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