Para cima e para baixo. De um lado, para o outro. Mexe aqui chacoalha acolá. Esses são os movimentos dos seus seios enquanto você está correndo. A conseqüência desse vai-e-vem? Se durante os treinos e provas você tomar os devidos cuidados, nenhuma. Do contrário, além da gravidade, eles irão sofrer com a ação do esporte e podem ficar "caidinhos".
O assunto é tão sério que foi objeto de estudo de uma pesquisa realizada pela Universidade de Portsmouth, na Inglaterra. A professora de biomecânica Joanna Scurr, autora do levantamento, avaliou a movimentação dos seios durante a corrida e seus efeitos. O resultado mostrou que a oscilação é grande e pode chegar a 21 centímetros, o que pode prejudicar sua saúde e atrapalhar seu desempenho. E isso vale para todos os tamanhos de seios.
Mas, mantenha a calma! Não precisa jogar fora a planilha de treinos nem se desfazer de todos os seus pares de tênis porque, felizmente, você pode evitar o problema. Segundo Edgar Navarro, mastologista e ginecologista do Hospital São Luiz, na capital paulista, se você começar a correr e usar os mecanismos de proteção adequados desde o começo não sofrerá esse efeito negativo.
"Mulheres acima dos 45 anos têm uma tendência natural à queda da mama, devido às alterações de temperatura nessa região, à perda de elastina, substituição gordurosa da mama e afrouxamento dos ligamentos internos; se já amamentaram, a tendência aumenta. Se não houver uma proteção contra o balanço provocado pela corrida, inevitavelmente o esporte agravará a queda mamária", explica.
O QUE VOCÊ PODE FAZER. Usar sutiãs comuns, que não conseguem sustentar adequadamente os seios durante o impacto da corrida, pode acarretar resultados preocupantes, como lesões na coluna, dores musculares e desconforto durante e depois do treinamento. De acordo com a pesquisa da inglesa Joanna Scurr, o uso de tops feitos especialmente para a prática de esportes pode reduzir em até 80% esses efeitos, desde que sejam escolhidos de acordo com o seu biotipo e os seus objetivos técnicos.
Então, além de usar um bom tênis, que ajuda a absorver o choque com o piso, fortalecer o peitoral com exercícios localizados e fazer alongamento, a dica é optar por tops justos ou sutiãs apropriados. "Embora totalmente antiestéticos, o ideal seria o uso do sutiã cirúrgico (para pós-operatórios de mama), que tem base e alças largas, feitas com tecidos de alta compressão, como poliamida e elastano. Na sua ausência, o modelo deve ter alças e laterais largos e ser, principalmente, bem ajustado. Essa é a principal dica para as corredoras", indica o mastologista Navarro.
A jornalista e coordenadora de marketing Julianna Antunes, que corre há 10 meses e participa de provas regularmente, conta que nunca sentiu incômodos durante a corrida. "Acredito que correr sem nada ou com o top muito largo, realmente pode levar os seios a caírem. Mas, se usar o top certo, o mito de que correr deixa os seios flácidos não passa de lenda."
Sobre a escolha dos tops, Julianna diz que já experimentou diversas marcas e modelos e revela que, para ela, "o top ideal é aquele que não permite que os seios balancem, mas que também não aperte muito". "Por exemplo, aqueles tops retos eu não uso de jeito nenhum. Sei que algumas mulheres preferem tops que apertam, mas eles dificultam a minha respiração, especialmente quando o treino está chegando ao fim, o cansaço vai batendo e a respiração fica mais ofegante", explica a jornalista.
Já a repórter da CR Nanna Pretto, que está amamentado, também experimentou alguns modelos de tops quando decidiu retornar à corrida. A solução, já que além do peso natural dos seios, existe um volume extra gerado pelo leite materno, foi usar dois tops, um por cima do outro. Assim o reforço está garantido. "Também procuro dar de mamar ao meu bebê antes de sair para correr, para deixar os seios bem vazios, assim pesa menos. Ou extraio com a bombinha de tirar leite. Dessa forma nem lembro que estou amamentando".
Em relação ao tamanho, segundo Edgar Navarro, quanto maior os seios, maior a ação de "chicote", que ocorre por conta do peso, da ação gravitacional e também do aumento da resistência do ar. "Dessa forma, num primeiro instante, a atleta que tem seios grandes pode ter um desempenho pior, mas com treinamento adequado e orientação profissional ela poderá compensar esse aspecto. Isso porque a corrida não depende somente desses fatores. Há outros quesitos muito importantes, como resistência, força muscular, capacidade cardiovascular e respiratória."
O mastologista ainda enfatiza os benefícios que a corrida oferece para os seios. "Como todo exercício executado de forma contínua e regular, correr é extremamente positivo para algumas doenças benignas da mama, tanto na prevenção como no tratamento. É o caso das alterações fibrocísticas benignas (antiga displasia mamária), além de, junto com a dieta e os fatores reprodutivos, auxiliar na prevenção do câncer de mama", conclui Navarro.
CORRENDO COM SILICONE. A personal trainer, Mariana Dib, que também apresenta o programa "Em Forma", da Rede Brasil, aderiu ao silicone em 2003, quando colocou próteses de 280 ml em cada seio. Ela conta que já corria antes da cirurgia e não sentiu nenhuma diferença ao voltar para as ruas de seios novos e maiores.
"Não procurei nenhum médico antes de correr, mas só voltei a praticar atividade física depois que o médico me liberou", lembra. Mariana diz que deixou a corrida de lado até que a prótese estivesse completamente cicatrizada e adaptada ao organismo. "Durante a corrida costumo usar um top que dá muita sustentação, que segura mesmo". "Eu acho que, se colocar silicone for uma coisa que a mulher tem muita vontade de fazer, vale a pena qualquer negócio. Hoje em dia, nem lembro mais que tenho prótese", comemora.
Para o cirurgião plástico Ivan Abadesso, titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, essa é exatamente a sensação da mulher que adere ao silicone, acrescentando que o implante não representa nenhum incômodo para as corredoras.
Sobre os cuidados, o médico afirma que quem tem silicone deve tomar as mesmas precauções de qualquer corredora que tenha as mamas maiores: "o uso de um top com boa compressão resolve tudo". Segundo ele, o implante de silicone só tem impacto no início, pois o tempo de repouso é de aproximadamente 30 a 45 dias para recomeçar os treinamentos. "Depois disso, não existe nenhum problema em relação ao exercício físico ou à corrida", finaliza.
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Sei que a prótese de silicone nos seios deve fazer manutençaõ a mais ou menor 10 anos. Para quem corre esse período é menor? Obrigada