20 de setembro de 2024

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Especial admin 4 de outubro de 2010 (0) (103)

Maratonas menos desgastantes

Na edição de maio a revista noticiou as falhas no abastecimento da Maratona de Santa Catarina, dia 19 de abril em Florianópolis. Na ocasião destacamos que este aspecto é sempre importante nas corridas de rua, mas em maratona ele é crucial, daí que deve ser tratado com grande carinho e atenção pelos organizadores.

Em Floripa simplesmente faltou água em vários postos, o que é inadmissível, já que disponibilizar água (fria) a cada 3 km é o mínimo exigido e recomendado pelas entidades que regem o atletismo. Esta recomendação, assim como oferecer esponjas encharcadas em água e bebidas isotônicas, é uma norma internacional, mas que deveria ser "adaptada" para países tropicais, como o nosso, em que a necessidade de abastecimento é muito maior.

Lá fora, no hemisfério norte, as maratonas costumam acontecer apenas nas épocas de clima favorável (primavera e outono, ou de março a maio, e de setembro a novembro), o que significa correr com temperaturas entre 10 e 20 graus, consideradas as ideais para melhor se enfrentar os 42 km ou distâncias superiores.

Mas aqui a realidade é bem diferente, ainda mais que nossas maratonas insistem em não fazer largadas às 6 ou no máximo às 7 horas, o que significa que aqueles que completam em mais de 4 horas, ou seja, mais da metade, estarão chegando por volta do meio-dia, com os termômetros por vezes até superando os 30 graus, com exceção geralmente apenas de Porto Alegre, sempre fria em fins de maio.

Esta situação explica em grande parte a procura dos brasileiros por maratonas no exterior (sem contar o turismo, obviamente) e o inexpressivo crescimento do número de participantes em nossas provas de 42 km, ao contrário do que se verifica em percursos menores.

NO CALOR, MAIS IMPORTANTE AINDA. Dessa forma, o abastecimento ganha ainda maior relevância nas maratonas brasileiras, que deve, por isso mesmo, extrapolar o que é recomendado oficialmente, daí que decidimos apresentar nossa proposta para um abastecimento perfeito, de forma a atrair ainda mais gente para o prazer de enfrentar o desafio dos 42 km.

Para começar, consideramos algo sem sentido as tais esponjas, uma vez que os corredores brasileiros estão acostumados a se resfriar jogando o resto da água do copo na cabeça, quando não todo o líquido. Também não há necessidade e nem é lógico intervalar os postos a cada 3 km, porque no começo a necessidade de hidratação é pequena e só acontece para valer após 5 ou mais quilômetros.

Um erro comum é instalar os postos coincidentemente com as marcas de km, dificultando para o corredor pegar seu tempo de passagem, e por isso sugerimos que se evite tal coincidência, além de se buscar não instalá-los ao sol (evitando o aquecimento da água), assim como em curvas.

Um aspecto que por vezes leva ao desabastecimento, apesar da grande quantidade de água posicionada, é a montagem de postos com muitas pessoas entregando os copos, e espaçados no sentido do percurso, de maneira que acontece naturalmente um desperdício. Isto porque, quando se está correndo o que nos é oferecido geralmente é aceito, e dessa forma pode-se pegar vários copos em seqüência, sem necessidade.

Por essa razão, a sugestão da revista é para postos "enxutos", com pouco staffs (a partir do 3º ou 4º posto) e concentrados. Assim montados, pode-se fazer o cálculo de 3 copos por corredor, que com certeza será mais do que suficiente para até o último participante.

Em relação ao fornecimento de sachês de carboidrato em gel, caso seja possível, é imprescindível que isso aconteça de 100 a 200 metros antes do posto de água, para que logo após ingerido já se tenha água para ajudar na "descida" do gel e para que ele funcione plenamente.

Também é recomendável que o fornecimento do isotônico (Gatorade ou similar) seja antes, para que o sal presente nesse líquido seja diluído pela água em seguida. Nas provas que não fornecerem isotônico nem gel (que são similares em termos de fornecimento de energia), sugere-se a ingestão de sal, recebido na forma de sachês da organização, ou levados pelo próprio corredor. Naturalmente, o sal antes da água.

O ideal é a maratona oferecer várias opções de abastecimento no percurso, para que o participante possa escolher, pois nem todos se dão bem ou estão acostumados com as recomendações aqui sugeridas.

Um comentário final, ao lembrar do excelente abastecimento durante os 89 ou 87 km da Comrades (a cada milha, 1.600 m!!!), é sobre a opção de se fornecer Coca-Cola (um pouco diluída pelo gelo e quase sem gás) no terço final de uma maratona. Só quem já bebeu sabe como é reconfortante…

Veja a sugestão da CR

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