20 de setembro de 2024

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Especial admin 4 de outubro de 2010 (0) (116)

Usain Bolt, o nome dos jogos

O norte-americano Michael Phelps estabeleceu feitos notáveis nos Jogos de 2008: ganhou oito medalhas de ouro – recorde em uma única edição olímpica – e alcançou 14 no total (ganhou também seis em Atenas) – recorde absoluto. Mas provavelmente o nome mais festejado entre os cerca de 10 mil atletas que foram à 29ª Olimpíada em Pequim é o jamaicano Usain Bolt. Não apenas por seu jeito brincalhão, mas pela facilidade em correr e por sua total autoridade em vencer as três provas que disputou, sempre com novos recordes mundiais. Bolt, de 22 anos, tem características físicas diversas daquelas apresentadas pelos velocistas em geral: 1,93 m e 76 kg.

Tem o corpo, o tronco principalmente e o pescoço livre daqueles feixes de músculos, que outros velocistas de primeira linha mostram. É este o caso, por exemplo, do norte-americano Shawn Crawford, que secundou Bolt nos 200 m. Mesmo Asafa Powell, antigo recorde mundial dos 100 m e seu compatriota também é mais troncudo.

Pois Bolt foi dos poucos que chegou à capital chinesa e não apenas confirmou seu favoritismo, como superou todos os limites: ganhou os 100 m com 9.69 e melhorou o recorde mundial que era dele mesmo, com 9.72. Nos 200 m, marcou 19.30, dois centésimos melhor que a marca anterior do norte-americano Michael Johnson. E no 4×100 m, Bolt, ao lado de Asafa, Nesta Carter e Michael Frater, ganhou ouro com 37.10, derrubando também o recorde norte-americano anterior, que era 37.40.

Sobre as insinuações de possível uso de doping, Bolt devolveu: "Já passei por inúmeros testes antidoping, e faço quantos exames quiserem." Sobre as reclamações de alguns adversários e até do presidente do Comitê Olímpico Internacional, quanto à forma como corre e comemora, o jamaicano respondeu que apenas gosta de se divertir: "Corro com alegria", afirmou.

A Jamaica, aliás, deu mais um show nas provas de velocidade. Se Usain Bolt brilhou no masculino, nos 100 m feminino o país ocupou os três lugares do pódio, com Shelly-Ann Fraser (ouro com 10.78), Sherone Simpson (prata com 10.98) e Kerron Stewart (bronze com a mesma marca). Nos 200 m, Verônica Campbell-Brown foi campeã (21.74) e Kerron Stewart ganhou bronze (22.00). Nos 400 m, Shericka Williams ganhou prata com 49.69.

O pequeno país do Caribe também obteve conquistas nas barreiras. Nos 400 m com barreiras feminino, Melaine Walker foi a campeã com 52.64 – recorde olímpico. No 4×400 m feminino, o quarteto ganhou bronze, com 3:20.40.

Tradicionalmente, os jamaicanos obtêm bons resultados nas corridas curtas, revezamentos, provas com barreiras e até nos saltos horizontais. Além dos atletas que competem pelo país, outros atletas ali nascidos emigram e acabam competindo por outros países. Donovan Bailey, por exemplo, jamaicano naturalizado canadense, foi campeão olímpico dos 100 m em Atlanta 1996 e recordista mundial da prova.

Segundo o campeão olímpico dos 200 m em Montreal 1976 e hoje treinador-chefe da seleção de atletismo, Don Quarrie, atualmente o número de atletas que deixam a Jamaica para competir por outra nação diminuiu bastante. "Acho que alguma coisa está mudando, para melhor", disse Quarrie, em entrevista na China.

Enquanto a Jamaica dominou as pistas nas corridas curtas, os donos da maioria dos lugares no pódio vinham de uma nação bem distante: a Etiópia, no leste africano. Dois nomes, sobretudo, merecem destaque: Kenenisa Bekele e Tirunesh Dibaba. Bekele conquistou o bicampeonato olímpico nos 10.000 m 27.01.17 e ganhou seu primeiro título nos 5.000 m, com 12:57.82 – nos dois casos, com recordes olímpicos. Tirunesh Dibaba também ganhou ouro nas duas distâncias: os 5.000 m em 15:41.40 e os 10.000 m em 29:54.66 – recorde olímpico.

A Etiópia colocou outros atletas nestes pódios. Nos 10.000 m, Sileshi Sihine ganhou prata com 27:02.77. No feminino. Meseret Defar conseguiu bronze nos 5.000 m, com 15:44.12. E ainda teve a ganhadora da prata nas duas provas, Elvan Abeylegesse que compete pela Turquia, mas que nasceu em Adis Abeba, capital etíope. Elvan marcou 15:42.74 nos 5.000 m e 29:56.34 nos 10.000 m.

O Quênia é outro colecionador de medalhas em provas com distâncias a partir dos 800 m. Nesta distância, por sinal, o país conseguiu dupla vitória. No masculino, com Wilfred Bungei, com 1:44.65, e nos feminino, com Pamela Jelimo, com 1:54.87 – recorde mundial juvenil. Nos 1.500 m feminino, Nancy Jebet Lagat ganhou com 4:00.23, e nos 3.000 m com obstáculos masculino, Brimin Kipro Kipruto venceu com 8:10.34.

Outros atletas brilharam intensamente em suas provas. A começar pela russa Yelena Isinbayeva, que estabeleceu pela 23ª vez o recorde mundial do salto com vara feminina, ao ganhar ouro com 5,05 m. Outro nome importante foi o cubano Dayron Robles, que viu o drama de Liu Xiang, impedido pela dor de competir nos 110 m com barreiras. Aos 21 anos, Robles venceu com 12.93 e ficou a seis centésimos de seu recorde mundial. Xiang há muito tempo estava sem competir e os comentários eram que sua contusão seria grave. Mesmo assim, fizeram-no ir para a pista, chorar de dor e provocar comoção no Ninho de Pássaro.

Os Estados Unidos garantiram a melhor performance no atletismo, com 23 medalhas – 7 de ouro, 9 de prata e 7 de bronze. A Rússia ocupou o segundo lugar, com 18 medalhas: 6 de ouro, 5 de prata e 7 de bronze. No total, 36 países tiveram atletas medalhistas e 16 destas nações tiveram atletas campeões. E 60 países tiveram atletas entre os oito primeiros colocados.

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