Comecei a correr nos anos 90 e participei de minha primeira maratona em Blumenau 1992, que completei em 3h04, desde então meu recorde pessoal na distância, aos 45 anos. Depois dela vieram umas 60 (nunca soube o número certo…), a maior parte no Brasil, a saber Porto Alegre, Rio Grande, Curitiba, Blumenau, São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Foz do Iguaçu, enquanto no exterior foram Santiago, Buenos Aires, Punta del Este, Nova York, Chicago, Boston, Paris, Berlim, Londres e Roterdã.

Os resultados costumavam ficar entre 3h30 e 4 horas, o que me deixava extremamente satisfeito e me estimularam até a buscar um desafio acima dos 42 km, que foi a Comrades na África do Sul, de 89 e 87 km, que completei aos 60 e 61 anos. Então, para comemorar meus 70 anos, decidi tentar índice para Boston, e depois de três tentativas fracassadas (Punta, Santiago e Chicago) consegui na capital gaúcha em 2016, até com facilidade.
Mas os anos foram chegando e pesando, tornando cada vez mais difícil até o ingresso no Ranking Brasileiro de Maratonistas, pelo qual sou o responsável aqui no site CR, assim como fui durante 25 anos na revista Contra-Relógio, que lancei em 1993. Diga-se de passagem, muitas vezes deixei de me ranquear, mesmo porque os tempos-limite eram um pouco puxados, sendo equivalentes entre 35 e 45 minutos acima do requerido para Boston.
Depois de ficar de fora do Ranking CR por alguns anos, achei que era hora de voltar a ele em 2022, quando entrei na faixa 75/79 anos. Treinei firme para me ranquear no Rio de Janeiro, mas nada saiu certo, e completei em mais de 5h30, longe, portanto, do sub 5h10 exigido. Foi quando achei que deveria tornar o ingresso no Ranking menos difícil, lembrando das inúmeras queixas de leitores da revista, e os tempos-limite foram acrescidos em 15 minutos.
Estimulado por essa mudança, me inscrevi na Maratona de Curitiba 2022, sendo surpreendido por uma cortesia para a de Nova York e lá fui eu fazer minha terceira na Big Apple, também completada em tempo alto. Mas descontei na capital paranaense e finalmente me ranqueei, com 5h13.

Aos 76 e 77 anos participei de poucas provas, já notando uma queda de velocidade, que se refletia em certo desânimo, ao ficar nas últimas posições e correndo sozinho a maior parte da distância. Mesmo assim, achei que conseguiria me ranquear em Floripa no ano passado, já que agora meu tempo-limite era sub 5h25. Acabei parando no km 30, pois vi que não teria sucesso na empreitada.

PROJETO BOSTON 2027
Como comento em outro post, considerei que era hora de abandonar as maratonas e passar a apenas treinar sem compromisso, o que se mostrou pouco estimulante. Por essa razão, resolvi voltar com tudo em 2025 e correr 28K em São Paulo em abril, 21K na Patagônia Chilena em maio, 42K em Porto Alegre em junho e 42K em Amsterdã em outubro, projeto abordado por reportagem no Esporte Espetacular da TV Globo.
Não fui bem nas duas primeiras, mas tinha esperança na terceira, até porque tinha reduzido meu peso e praticamente zerado o consumo de vinho e cerveja. Novamente fui “surpreendido” pela minha baixa velocidade em PoA e no km 10, já isolado entre os derradeiros participantes, constatei que não conseguiria sequer entrar no Ranking. Então, no km 18, absolutamente desanimado, abandonei a maratona.
Cheguei à conclusão que o peso da idade estava sendo o grande vilão e contra ele não há o que fazer. Naturalmente que alguns corredores encaram essa fase com desenvoltura, mas geralmente são pessoas com histórico de grandes resultados, o que não vale para a maioria dos “normais”, como eu. Não por acaso, aliás, são pouquíssimos os participantes acima de 75 anos nas maratonas.
Assim, o sonho de correr Boston aos 80 anos (com índice) foi definitivamente abortado e os 42 km de Amsterdã foram transformados em 21 km, para que não tenha que sentir, mais uma vez, que a distância pela qual me apaixonei há 30 anos não está mais acessível. Porém, os treinos sim e vou continuar com eles, porque me dão muito prazer, além de saúde física e mental.
Boas maratonas a todos!



