Corri duas vezes na Argentina. Em 2009 a K42, em Vila Angostura, e em 2014 a Patagonia Run, em San Martin de los Andes, ambas na região da conhecida Bariloche, portanto, com neve no alto das montanhas, muita vegetação, lagos e rios gelados. Não foi uma boa experiência, o que me levou a não me interessar de vez pelas provas de trilha, que passaram a ser populares no Brasil nos últimos quinze anos.
O que me incomodou foi que eu era (e continuo sendo) um corredor de rua/estrada, mas chegando lá o que encarei predominantemente foram subidas e descidas fortes, então ou escalava ou despencava. Naturalmente que a musculatura reclamou e vieram as cãibras. Na primeira, onde iria fazer os 42 km, pouco depois dos 30, próximo à cidade, abandonei.
Na segunda, talvez lembrando dessa experiência, me inscrevi nos 21 km, o que pouco ajudou. Após muito sobe e desce e passagens por riozinhos, onde tive uma dolorida distensão, cheguei ao final da trilha, mas precisava superar uma porteira, para seguir até a cidade. As cãibras não permitiram ultrapassar esse obstáculo e tive que me arrastar pelo chão, por baixo do arame farpado, me sentindo meio idiota.
Eis então que surge um convite para participar do Patagonia Running Festival, em Torres del Paine, Chile, no feriado de 1º de maio. Mesmo sabendo da exuberância do lugar, não me animei muito, até que fui olhar a altimetria dos percursos e constatei que o dos 21 km é quase todo plano. Até os dos 50 e 42 km são interessantes, pela prevalência de descidas.
Se não bastasse esse fato positivo, a prova chilena se encaixa perfeitamente em meu treinamento para a Maratona de Porto Alegre, no começo de junho. Assim, lá estarei no dia 3 de maio, para correr por estrada de chão, com vistas maravilhosas e um frio “aceitável”, não muito diferente do que pegarei em PoA e, em outubro, na Maratona de Amsterdã, onde tentarei a qualificação para Boston 2027, na comemoração de meus 80 anos!
Começo de inverno
Muitos consideram maio como o melhor mês para visitar a Patagonia Chilena, porque se está saindo do outono e entrando no inverno. As temperaturas são ainda agradáveis durante o dia (de zero a 10 graus, geralmente), mas com o vento típico da região, em função dos enormes espaços entre as montanhas, que torna mais forte a sensação térmica. Além disso, sempre há possibilidade de chuva e alguma neve, daí a importância de se levar roupa apropriada, na linha “cebola”, ou seja, várias camadas, que se vai tirando ou colocando, conforme a temperatura.
Torres del Paine é uma cadeia de montanhas, com algumas beirando os 3 mil metros de altura. É um parque enorme e muito bem cuidado, sendo reconhecido como Reserva da Biofesra pela Unesco. Em maio, a neve não domina a paisagem, apenas nos topos das montanhas, o que permite belas caminhadas para se usufruir das paisagens exuberantes. A sensação é se estar em outro mundo, rodeado absolutamente pela natureza, o que inclui lagos azulados e geleiras.
Todos os detalhes sobre a prova estão no site https://patagoniarunningfestival.com/pt/ (e use o cupom Contra-Relógio CRPRF25 para ter 15% de desconto na inscrição). A hospedagem é bem restrita em Torres del Paine, com poucas opções, entre elas o hotel Rio Serrano (https://rioserrano.com/pt/) que me convidou para conhecer esse paraíso chileno. Portanto, os interessados precisam saber, já neste mês de fevereiro, sobre as limitadíssimas inscrições, e na sequência acertar onde ficar, assim como as passagens aéreas.
Tomaz Lourenço é jornalista, 78 anos; lançou a revista Contra-Relógio em outubro de 1993, sendo seu editor até a última edição, em abril de 2021. Correu mais de 60 maratonas no Brasil e exterior, além de 2 Comrades; seu recorde nos 42 km foi ao estrear na distância, em Blumenau 1992, com 3h04. Contato: tomazloureno1947@gmail.com
