20 de setembro de 2024

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Especial admin 4 de outubro de 2010 (0) (132)

Nascida para correr: Valdivina Evangelista Ribeiro

Ela também é conhecida como Modelo.
O apelido faz sentido: Valdivina Evangelista Ribeiro sabe fazer pose como ninguém na hora de subir ao pódio ou ao exibir suas centenas de medalhas para a foto. Mas ainda poderia ser modelo de determinação. Nascida em Cândido Sales, pequena cidade próxima a Vitória da Conquista, na Bahia, nossa heroína conta que gosta de esporte desde que se conhece por gente. "Adorava corrida de saco, que era feita no meio da rua", lembra. Vez ou outra ela ainda participava de pequenas competições em sua região. Mas aos 15 anos, deixou o interior baiano para trabalhar em São Paulo, como babá. A metrópole a assustou. "Nunca tinha visto tantos carros e prédios". Na bagagem, entre seus sonhos e a vontade de vencer, trouxe seu velho par de tênis.

Depois experimentou outras funções, como ajudante geral e copeira em grandes empresas. Só não trocou de esporte. Aos 20 anos, participou de sua primeira São Silvestre – era 1975, ano em que as mulheres estrearam na competição.

Já casada e com filha, reforçava o orçamento doméstico com pequenos prêmios que faturava. Quando se separou, após 11 anos de união, os recursos das provas passaram a ser ainda mais importantes. Para fechar suas contas, até hoje faz pequenos bicos como revendedora de bijuterias e relógios. Nunca teve o reconhecimento da família, que pouco se importa com suas vitórias e ainda critica seus gastos com inscrições para corridas. Mas Modelo dá de ombros. "Eu amo correr. Nada do que falam me atinge". Apoio, atualmente, só o da Six Assessoria Esportiva, equipe que dá suporte diário a seus treinos no Parque do Ibirapuera, distante mais de 20 km de sua casa. "Quando a situação financeira aperta, tenho até que pedir para o cobrador liberar a catraca no ônibus. O que eu não posso é deixar de treinar". 

E nem mesmo a paralisia em um de seus braços – seqüela de um grave acidente de carro ocorrido há nove anos -, que a obriga a correr com uma tala nas competições, é capaz de barrar suas vitórias. "Da cintura para cima, fiquei toda quebrada. Mas graças a Deus minhas pernas mantiveram-se intactas", agradece. Hoje Valdivina é figurinha fácil nos pódios das mais diversas provas e seu nome aparece em destaque em rankings, como o da Corpore.

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