Especial zDestaque Centro Josiany Salache 10 de janeiro de 2025 (0) (895)

Entrevista com Johnatas Cruz, 4º colocado e melhor brasileiro na São Silvestre 2024

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POR JOSIANY SALACHE | @josianysalache @corridanaredepodcast

Pelo segundo ano consecutivo, o atleta mineiro Johnatas de Oliveira Cruz foi o melhor brasileiro na Corrida Internacional de São Silvestre. Desta vez, com direito ao pódio, na 4ª colocação, com o tempo de 45:32 – pouco mais de um minuto atrás do queniano Wilson Too, campeão da prova.

Natural de São Pedro dos Ferros, cidade localizada na Zona da Mata Mineira, Johnatas descobriu seu dom para a corrida durante seu trabalho como gari pelas ruas de São Paulo e, hoje, consegue se dedicar exclusivamente ao atletismo de alto rendimento, como atleta profissional, representando o Praia Clube.


Em entrevista coletiva, logo após cruzar a linha de chegada, Johnatas destacou a força mental necessária para a conquista do feito na prova. “Quando estamos confiantes um dia antes, é sinal de que vai acontecer. Fizemos uma prova mais mental, porque não é fácil. Fui buscando pouco a pouco. Para um corredor de alto rendimento, às vezes a gente treina muito o físico, mas temos que treinar principalmente a cabeça”, destacou.

Já sobre a sua preparação, diferente da maioria dos atletas, Johnatas optou por ficar fora de algumas maratonas importantes, fazendo uma preparação específica com foco para a São Silvestre, incluindo uma temporada de treinos no Quênia.

Nessa entrevista concedida para o site Contra-Relógio, o atleta comenta sobre seu desempenho na São Silvestre, sua rotina de treinos e expectativas para o ano de 2025.

CONTRA-RELÓGIO: Como analisa o seu desempenho na São Silvestre?

Saiu exatamente como planejado, excelente desempenho. Planejamos sair os 3 primeiros km a 2’55 de média, até pra resguardar energia pro final. Na metade da prova, entre os 5 e os 10 km, conseguimos segurar o ritmo de 3′ minutos por km, que foi a parte mais difícil, pela altimetria da subida. E no final da prova, que é a Brigadeiro, consegui manter o ritmo, porque tinha energia reserva do início da prova.

CR: Você citou, ao longo de suas entrevistas, a importância do mental para um atleta de alto rendimento. Como avalia isso na SS?

É necessário que todos os atletas de alto rendimento tenham a mente tranquila pra aprimorar nos treinos e influenciar nas competições. Foi o que eu fiz na São Silvestre, trabalhei de cabeça tranquila, sem cobrança de resultado, para fazer somente aquilo que treino.

CR: A questão de os africanos correrem em grupo é um fator que você também destacou em suas entrevistas. Comente.

Correr em grupo muda muita coisa, sozinho irei longe, em grupo irei mais longe ainda. Por isso que os africanos correm em grupo até a parte final de qualquer prova, seja ela de 5 km, 10 km, 21 km ou 42 km. Os resultados deles falam por si só.

CR: Como você acredita que podemos “quebrar” a hegemonia dos africanos na SS?

Deixando a vaidade de lado e nos ajudarmos durante a prova. Se possível, fazer alguns trabalhos juntos de preparação para a prova específica!

CR: Como é a sua rotina de treinos?

Treino 13x na semana, duas vezes por dia, em cargas divididas de velocidade, ritmo e regenerativos, com volume médio entre 180 km a 210 km semanais.

CR: Tem alguma dieta especial? Usa suplementos para melhorar o seu desempenho?

Como o mais natural possível, sendo arroz, feijão, frango, macarrão, farinha e batata doce. Tenho um parceiro que é Z2 Performance, que fornece toda linha de suplementação, tanto endurece como recovery, e suplementação especial para maratonas, que é a cereja do bolo.

CR: Como e quando você começou a disputar provas de corrida de rua?

Comecei em 2017 na corrida de aniversário de São Paulo (25/01), mas, antes de começar a correr, sempre sonhei em ser jogador de futebol. Na infância, fiz peneiras no Corinthians, Santo André, São Caetano, entre outros, tudo isso nos anos de 2007 pra 2010. Trabalhei como frentista no posto de gasolina de 2007 a 2012.

Nesse mesmo ano de 2012, fiquei sabendo que, na coleta de lixo, a concessionária dava oportunidade pra quem quisesse correr a São Silvestre (eles fazem até hoje). É uma corrida só pra funcionários e os 10 primeiros ganham inscrição pra correr a mesma. Entrei na coleta de lixo, em 2012, mas tive que fazer duas cirurgias de hérnia inguinal e umbilical. Esse período acabou retardando minha entrada na corrida de rua, que aconteceu só em 2017. Trabalhei 10 anos na coleta de lixo, com saída em 2022, pra me dedicar somente ao atletismo. De lá pra cá, gostei tanto que faço isso até hoje, mas agora no alto rendimento.

CR: Quais os seus planos para 2025? 

Em 2025, estou focado pra fazer entre 2 ou 3 maratonas, e também melhorar meu tempo na São Silvestre.

CR: Como vê o esporte (atletismo) no Brasil?

De modo geral o Atletismo, está bom, mas dá pra melhorar, acredito que chegaremos a ótimo quem sabe excelente!

CR: Deixe uma mensagem para os seus fãs corredores e seguidores.

Acredite sempre nos seus sonhos, treine bastante com disciplina e inteligência pra não se machucar e ter uma carreira a longo prazo. Antes do atleta, existe um ser humano.

Treine feliz, com muita diversão. Isso deixará sua cabeça mais leve, para o aprendizado diário. E se apegue muito em Deus, aí sim seus planos serão bem-sucedidos.

CR: Agradecimentos.

 Os meus resultados são frutos de muita dedicação do meu tempo a Deus, e meus parceiros que fazem eu ir mais longe, Asics Brasil, Exército, Praia Clube/Exército/Futel, Olimpo, Eloi Fisiosport, Z2 Performance, e já deixando em aberto pra quem quiser fazer parte desse time e ajudar o Jonatas Cruz, seja bem-vindo. Faremos uma parceria de grandes conquistas. Sou muito grato a cada um dos meus parceiros, que Deus os abençoe sempre!

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Josiany Salache é jornalista apaixonada por esportes, corredora de rua e Host do Podcast Corrida Na Rede @corridanaredepodcast

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